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Em entrevista ao GPS|Brasília, Paulo Niemeyer diz que o PPCub “é a ponta do iceberg”

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Em entrevista ao GPS|Brasília, Paulo Niemeyer diz que o PPCub “é a ponta do iceberg”
Jorge Eduardo Antunes

Em entrevista ao GPS|Brasília, Paulo Niemeyer diz que o PPCub “é a ponta do iceberg”

O Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub) deveria garantir qualidade de vida aos brasilienses, preservação do projeto urbanístico de Lúcio Costa. Mas, em vez disso, o que se viu foi um festival de regras absurdas, que podem destruir, em poucos anos, o legado de Brasília.

Em entrevista ao GPS|Brasília , o arquiteto Paulo Niemeyer, bisneto de Oscar Niemeyer , um dos ícones da construção da capital, fez duras criticas ao plano. “ A gente tem que deixar muito claro que o PPCub é a ponta do iceberg. Tem o PDOT, o PDTU, todos os planos de de zoneamento. Qualquer um desses que passe com uma cláusula ou uma vírgula errada pode ser a morte da Brasília que a gente conhece, bela, linda e confraternizada”.

Como você viu o processo do PPCub, desde como foi apresentado pela Seduh até a aprovação pela Câmara Legislativa?

Eu vi com tristeza, mas com uma sensação de que é possível fazer um debate claro e trazer a pauta de Brasília para a discussão da população. Acho isso fundamental. É o momento de um debate muito sério com todos, pois Brasília é uam cidade fantástica, com suas escalas, e tem importância vital para o Brasil e a soberania nacional. A gente está levando esta discussão ao Senado, por meio da senadora Leila Barros, entendendo ainda a questão ambiental, com o problema das águas de Brasília, que servem ao Brasil. A gente conseguiu uma vitória ao criar um grupo com mais de 500 pessoas da sociedade civil e agregar uma turma séria e conectada com o que queremos da Brasília do futuro.

O PPCub não está ferindo de morte o trabalho do seu bisavô, Oscar Niemeyer, e de Lúcio Costa?

Sou arquiteto e urbanista e tive a honra de ter trabalhado com o Oscar (Niemeyer) por vários anos. Vi, participei e apoiei meu bisavô em tudo o que fez. Fui co-autor de vários projetos e uma das pautas que tínhamos no escritório era Brasília. Oscar falava que Brasília foi feita para 500 mil, no máximo 1 milhão de pessoas. Ou seja, 2 milhões já é um absurdo, 3 milhões é uma loucura. Brasília não tem que crescer. Ela foi planejada e projetada para ser assim. Qualquer coisa que você faça além disso é descaracterizar Brasília. A cidade não tem de ser de prédios e arranha-céus, porque é o que a diferencia de outras cidades. Qualquer coisa que tire área verde ou o vazio da arquitetura, que pode ser até o espaço entre prédios, acaba com a vitalidade do espaço público nas áreas remanescentes.

Muitos afirmam, ainda, que o PPCub não trata de questões fundamentais para a conservação da cidade, mas sim para uma expansão de Brasília…

Eu estive, hoje, passeando pela Asa Sul e vi a questão dos aparelhos de ar-condicionado nas fachadas. Uma coisa horrível, verdadeiras verrugas no prédio. Isso é uma temeridade. É uma campanha que tem que ser feita, com o incentivo do governo, com a sociedade, com a comunidade, com o pessoal do prédio e com o síndico, que tinha que se manifestar e ver qual é a solução. Para tudo tem solução e no caso de Brasília, isso é o foco. A gente tem que ter solução para Brasília, que é organizar o que ela já tem, melhorar as coisas e proteger as quadras. Como nas 700, quadras que são as históricas, onde tudo começou. Foi onde Oscar morou, onde meu pai morou, onde todos moraram. Eu já sou da quarta geração de Brasília. Mas é como se eu tivesse nascido aqui. Eu fui gerado em Brasília na década de 60 e nasci em Paris, no exílio com o Oscar e meu pai. A polícia entrou na casa do meu pai, na quadra 700. Então tenho essa história com Brasília e para mim sempre me emociono. Eu choro com e por Brasília.

A gente percebe que há uma forte influência de setores da construção civil neste processo de expansão de Brasília. Como você vê isso?

Meu pai está vivo. Ele veio para Brasília de São Paulo e largou tudo lá. Meu avô era empresário na construção civil em São Paulo. Não tenho nada contra a construção civil, sou arquiteto. Construo, faço projetos de condomínios, faço projetos de prédios. Só que Brasília não é desse jeito. Tem outro tipo de projeto, outro modelo de pensamento, e que não é na área que não pode construir. Não tem jeito. Não é uma opção. É uma condição que a gente tem que adotar. Meu pai vem de São Paulo, vem morar em Brasília, trabalha com o Oscar. O (Atos) Bulcão é padrinho de casamento do meu pai. Minha mãe é neta de Oscar. Viveu, cresceu, estudou no Elefante Branco, aqui em Brasília. Moramos na quadra 700. Então, para mim, Brasília é minha história, minha cidade e minha vida. Eu brinco que sou filho de Brasília. Essa é a minha luta e estou disposto. Estou propondo no nosso grupo e nos grupos técnicos e de debate que participo. Há muita proposta, muita ideia, muita solução e tenho certeza que a gente tem que pegá-las e replicar.

Inchar Brasília, e especialmente o Plano Piloto, não parece a você uma má ideia? Vemos que falta desenvolvimento em áreas muito próximas do coração da capital e os anos passam e nunca há solução. O que você acredita ser uma solução para não esgotar a área central e desenvolver as cidades do quadrilátero?

Brasília tem que se estender. Para isso, a mobilidade urbana é fundamental. E, hoje, ela está mal resolvida. Ela não pode ficar no grupo de interesse. Tem de haver a tarifa zero, por exemplo, como a gente fez no Rio de Janeiro, e várias cidades estão adotando. A tarifa tem de ser subsidiada. Precisamos criar rodoviárias de transição para poder atender os transportes públicos locais. Aí os cidadãos passam pela transição e trocam por outro sistema que venha para o Plano Piloto. E você faz a integração das Regiões administrativas (RAs). Com isso, pode fazer com que as RAs fiquem tão modernas, bonitas e perfeitas quanto é a própria Brasília, maravilhosa, como tem que ser, com plano, com solução, porque tem tudo isso aí. Vários técnicos já discutiram tudo isso.

O PPCub também falha gravemente em pontos ambientais, não é?

Proteger manancial não é nenhuma opinião. Não tem como fazer um PPCub que não tenha proteção de manancial, de área verde. Brasília tem que começar a ser discutida a partir da área sustentável, a partir da área verde, a partir do vazio. Aí sim, essa é a área que não pode mexer, essa é o manancial que não pode mexer. Tem de cadastrar todas as nascentes, que têm que ser públicas. Você não pode pegar e matar uma nascente que abastece o Amazonas e o Maranhão. Você não pode pegar e ela ser privada. Acho que tem de fazer ao contrário. Você não pode pegar uma quadra, fazer o estudo dela e ver o que tem que mudar. Não, tem que pegar as áreas verdes, as áreas de mananciais, as áreas da serrinha e pegar toda a equipe que nós formamos aí, com o grupo que nós criamos, e discutir em busca dessa solução, a partir do meio ambiente para a escala gregária.

Fala-se bastante em privatização e em ocupação dos espaços públicos…

É um crime terem privatizado a rodoviária. Eu estive aqui em 1998 com meu bisavô, na última viagem do Oscar a Brasília. Estamos, inclusive, fazendo um filme sobre isso, com o apoio de vários empresários e do governo federal. Eu registrei a última viagem do Niemeyer, que foi para defender a escala gregária de Brasília. A praça para quem não tinha, e vários tecnocratas foram contra. Não permitiram que o Oscar terminasse o Plano Piloto que ele sonhou para Brasília! E hoje o PPCub vem dizendo o que pode fazer? Não é possível. Não dá.

O ideal, então, é que o PPCub, do jeito que está, voltasse para a discussão com a sociedade civil, pelo menos, porque ela participou muito pouco dele?

Eu acho que é isso. Não há outra opção. A gente tem que deixar muito claro que o PPCub é a ponta do iceberg. Tem o PDOT, o PDTU, todos os planos de de zoneamento. Qualquer um desses que passe com uma cláusula ou uma vírgula errada pode ser a morte de Brasília, no sentido que a gente conhece, bela, linda e confraternizada. Não é um ‘não construa em Brasília’. Há muita coisa a fazer, como passagens subterrâneas e várias questões de mobilidade e de caminhabilidade. Agora, não é construir, por exemplo, como eu vi na 208, uma garagem em área verde. Ali um prédio pegou e fez uma garagem privativa, e da forma mais absurda. De repente, você tem uma escala linda, na 208, uma das primeiras quadras de Brasília e aí você constrói um galpão no meio dela. Isso é surreal, um contrassenso, uma clara e evidente prova de onde vai se chegar com essa Brasília do futuro prevista no PPCub.

Os arquitetos e urbanistas têm dito que a gente está fazendo vários urbanicídios com a cidade. Você concorda com esse termo?

Concordo. O que é ser urbano? É a construção, a paisagem urbana, a paisagem ambiental. O plano urbano é tudo que é uma cidade. E o vazio faz parte. Você pode ter um planejamento urbano ruim, mas pode gostar e falar que, no pior momento dela, é a paisagem urbana que você quer. Aí não é urbanicídio. Eu concordo com o termo urbanicídio quando você tem um plano, como no caso de Brasília, que foi totalmente projetada desde a concepção, pensada e planejada urbanisticamente. Ela tem diretrizes e vertentes de como ia se desenvolver e qual era o plano de acontecer aquilo. Claro, com uma ou outra variação ou nuance. Agora, não é mudar a escala. Urbanicídio é quando você deteriora ou quase invalida o planejamento que para ela foi feito. Urbanicídio é quando se faz um arremedo de planejamento urbano, puxadinhos ou faz o que quer que seja que não está dentro de um planejamento macro e regional.

Existe ainda uma crítica de que o PPCub concentrou-se em adensar Brasília e deixou de lado o desenvolvimento das cidades do DF. O que você pensa disso?

Eu defendo a tese de que Brasília não é só o Plano Piloto, mas também as RAs, o quadradinho como um todo. Então esse planejamento urbano tem que ser macro e regional. E isso envolve, por exemplo, a mobilidade urbana. Eu vi meu bisavô trabalhando na prancheta, com 102 anos. Eu e ele desenhando em cima do Eixo Monumental. O Oscar era contra os carros e estava querendo apresentar para Brasília a proposta de um VLT que viesse da W3 e à rodoviária, conectando até o Congresso e o Alvorada. Nós estávamos começando a desenhar isso, identificando onde poderiam ser os bolsões de estacionamento e que pudesse haver uma valorização do caminhar do pedestre e como isso podia ser. O Oscar dizia que a melhor cidade do mundo, depois do Rio de Janeiro, era Paris, que você podia passear, ver as lojas, ver as quadras, e isso tem em Brasília. Só está mal resolvido. Era o que o Oscar dizia: Brasília está mal resolvida. E o Oscar, com 102 anos, estava discutindo isso. A questão do VLT já é importante. O metrô também. Essas são questões que tem de se resolver.

Para terminar: como você vê a preservação da obra do seu bisavô e o futuro de Brasília?

Arquitetos que vêm do exterior dão um bom exemplo. Alguns dizem que estiveram em Brasília e não conseguiram fotografar este ou aquele monumento porque estava roxo no dia. Ou apagado. Você não consegue, por exemplo, ver o projeto original do Niemeyer, como ele pensou, que é arquitetura branca, caiada, horizontalidade no horizonte, na paisagem, e que você vê através da arquitetura de Niemeyer. Isso é uma característica muito importante de Brasília. As pessoas precisam entender que se isso que está sendo discutido for permitido, pode ser que daqui a 10 anos você abra sua janela e na frente veja a cozinha do vizinho, o que é uma temeridade. Isso é o grave.

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Fonte: Nacional

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Pedro Paulo quer políticas para advogados com deficiência

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Uma das propostas da Chapa 2 – “Nova OAB” para fortalecer a inclusão dentro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) é a criação de uma Comissão de Inclusão e Acessibilidade. De acordo com o candidato à presidência Pedro Paulo, o projeto visa garantir que advogados e advogadas que enfrentam dificuldades por conta de alguma deficiência encontrem portas abertas e todo suporte necessário dentro da entidade.

A ideia da implantação da comissão surgiu após sugestão da advogada Franciele Rahmeier, diagnosticada com transtorno do espectro autista. A jurista, que é candidata à secretária-geral da subseção de Primavera do Leste, declarou seu apoio a Pedro Paulo. Para ele, a Seccional mato-grossense precisa estar sempre aberta a ouvir, debater e criar medidas que garantam equidade também dentro da advocacia.

“Inclusão é conscientização. É ouvir, colocar-se no lugar do outro e permitir que cada um possa contribuir da melhor forma, com as suas experiências. Essa proposta vai auxiliar outros advogados e advogadas, que enfrentam as mesmas dificuldades da Drª Franciele, e assegurar a participação nas discussões sobre o tema em diversas esferas da política. Agradeço a ela por nos abrir os olhos para essa questão”, argumenta Pedro Paulo.

A advogada recebeu o diagnóstico há pouco mais de um ano, mas relata que desde antes tem enfrentado muitas dificuldades. Segundo ela, a principal é o julgamento preconceituoso que, muitas vezes, classifica essas pessoas como incapazes. Ainda conforme Franciele, dentro da própria OAB há esses obstáculos, principalmente quando se procura amparo para o desenvolvimento tranquilo da profissão.

“A gente precisa incluir para igualar essas classes. Tem muita gente que pergunta ‘cadê a OAB?’. A OAB, infelizmente, parece que tem medo de dar a cara a tapa em relação aos direitos que são nossos. O Pedro Paulo deu atenção a essa proposta não com teor político, mas com teor de acolhimento, no sentido de propor a mudança dessa realidade que temos hoje. Estávamos esquecidos e agora estamos sendo ouvidos”, afirma Franciele Rahmeier.

A chapa liderada por Pedro Paulo tem como vice-presidente a Drª Luciana Castrequini, como secretário-geral o Drº Daniel Paulo Maia Teixeira, a secretária-adjunta Drª Adriana Cardoso Sales de Oliveira e como tesoureiro o Drº Rodolpho Augusto Souza Vasconcellos Dias. O grupo, formado ainda por conselheiros titulares e suplentes, reúne membros da Capital e também de subseções do interior.

 

Fonte: ELEIÇÕES OAB MT

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