A Delegacia Especializada de Estelionato e Outras Fraudes de Cuiabá recuperou, entre janeiro e maio deste ano, R$ 1.094 milhão de vítimas que foram lesadas em diversos golpes aplicados por estelionatários contra moradores da capital. Os valores já foram devolvidos às vítimas.
Dos golpes mais praticados por criminosos estão o do falso boleto da concessionária de energia ou de plano de saúde, falso intermediário de vendas em plataformas de marketplace e o do falso parente, com abordagens pelo aplicativo Whatsapp.
A delegada titular da Deef, Eliane Moraes, pontua que os golpistas se utilizam cada vez de artifícios para criar abordagens e ludibriar e induzir as vítimas a erro e, por isso, as pessoas devem ter cuidados antes de fazer qualquer transferência de valor.
O golpe do intermediário de vendas é bastante aplicado na compra de veículo. A delegacia alerta que a pessoa interessada em comprar um veículo anunciado em redes sociais deve sempre checar a credibilidade do anunciante e se, de fato, existe o produto e se quem anuncia é o proprietário.
Outro alerta dado pelo delegado Jean Paulo Nascimento, adjunto da Estelionatos de Cuiabá, é sobre as providências que devem ser tomadas imediatamente quando há suspeita de fraude em relação a pagamentos via Pix. Em 2021, o Banco Central do Brasil criou o Mecanismo Especial de Devolução para tornar o Pix mais seguro e facilitar, principalmente, que vítimas de golpes financeiros recebam seu dinheiro de volta.
“O MED é um conjunto de regras que permite que a instituição financeira de onde o Pix foi feito peça o bloqueio imediato do valor na conta de destino, caso haja a suspeita de fraude. E o primeiro passo para tentar reaver o dinheiro é a vítima entrar em contato com seu banco por telefone ou app e acionar o MED, antes mesmo de fazer o boletim de ocorrência”, explicou o delegado, acrescentando ainda que as vítimas devem registrar a ocorrência para que os golpistas sem identificados e as chances de recuperação dos valores sejam efetivadas.
O delegado ressalta ainda que o cidadão deve ficar atento a boletos relativos a compras não realizadas ou que estejam com o destinatário diferente daquele usual, principalmente em nomes de instituições bancárias ou empresas. “No momento de pagar um boleto, conferir se o banco que aparece na tela de pagamento é o mesmo que está no boleto, veja o valor, data de vencimento, nome do beneficiado e demais dados. Se desconfiar dos dados, entre em contato com a empresa ou instituição emissora do boleto”, acrescenta Jean Paulo.
No golpe do falso boleto os criminosos descobrem, por meio de pesquisas na internet, informações sobre as pessoas e fraudam os dados das vítimas, alterando os códigos de barras dos boletos, mas deixando como se fossem os originais. “Dessa forma, a vítima acredita que está pagando um boleto verdadeiro, mas no código de barras ou Pix constam informações que direcionam o valor para a conta dos golpistas”, esclarece.
O adjunto da Delegacia de Estelionatos acrescenta ainda que a partir de vazamentos de dados, os golpistas conseguem acesso aos hábitos de consumo e informações pessoais e passam a ter informações sobre as contas mensais das vítimas, por exemplo, e de onde são.
Prevenção e orientação
Uma pesquisa realizada em 2023, pela empresa Silverguard, fintech especializada em segurança digital e proteção de dados, apontou que quatro, entre cada 10 brasileiros, já sofreram tentativa de golpes com uso do Pix e destes, 22% caíram nos golpes.
A pesquisa destacou ainda que os golpistas buscam canais de fácil acesso para encontrar vítimas e de cada 10 golpes, sete foram iniciados pelas redes sociais do Whatsapp, Facebook e Instagram.
Conforme o mais recente Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 208 golpes são registrados por hora no país. O estudo publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública considera que a porta de entrada para as atividades criminais continua sendo física, pois dependem, preponderantemente, do acesso a aparelhos celulares ou dispositivos móveis que cada vez mais fazem parte da vida dos indivíduos.
Para auxiliar a população em como proceder em casos de fraudes por meio eletrônico e evitar possíveis situações de estelionato, a Polícia Civil de Mato Grosso criou um canal exclusivo de orientação rápida e objetiva.
O projeto reúne a atuação das unidades especializadas no combate a golpes, especialmente em ambiente virtual – Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá, Delegacia Especializada de Estelionato de Várzea Grande e Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos, e tem como ideia central divulgar as informações de maneira fácil para que as vítimas tenham acesso rápido e saibam como proceder em casos de golpes ou fraudes eletrônicas.
Com as informações disponíveis, a vítima já pode adiantar os procedimentos conseguindo, por exemplo, recuperar suas contas em redes sociais, denunciar perfis falsos criados em seu nome e evitar que valores transferidos sejam difundidos para outras contas bancárias.
O diretor Metropolitano, Wagner Bassi Junior, destacou que, com o projeto, a Polícia Civil busca investir rotineiramente no trabalho de conscientização e esclarecimento à população, para que as vítimas de golpes possam agir de maneira rápida e efetiva. “Criamos um canal único em que a vítima pode encontrar orientações de como agir em casos de fraude eletrônica e de maneira fácil, em que por meio do QR Code ela possa acessar diretamente a informação que ela precisa”, explicou Bassi.
A Polícia Civil de Mato Grosso, por meio da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI), deflagrou nesta quinta-feira (21.11) a Operação Jogo de Ilusão, com o objetivo de combater crimes graves de pornografia infantojuvenil, previstos no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), praticados por meio da internet.
Na operação, são cumpridos três mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá, na cidade de Caldas Novas (GO). As ordens judiciais têm o objetivo de apreender dispositivos informáticos utilizados na prática dos crimes e coletar mais elementos para o completo esclarecimento dos fatos.
A ação representa um marco no enfrentamento de crimes cibernéticos e na proteção de vítimas em situação de vulnerabilidade.
As investigações conduzidas pela DRCI iniciaram em abril deste ano, após a denúncia de interação suspeita em uma rede social, tendo como vítimas dois adolescentes, em Cuiabá.
Durante as apurações, foi identificado que um perfil falso foi criado na rede social Instagram e era utilizado para ganhar a confiança de menores de idade.
As interações com as vítimas iniciavam por meio de uma plataforma de jogos e posteriormente seguiam para o Instagram, por onde eram solicitadas as imagens e vídeos com cenas de nudez de menores de idade. A abordagem criminosa causou danos graves à dignidade e à integridade das vítimas.
Por meio de uma investigação técnica detalhada, foi possível identificar os autores dos crimes, um maior e um menor de idade, moradores da cidade de Caldas Novas (GO), sendo representado judicialmente pelas ordens de busca e apreensão domiciliar e pessoal dos investigados.
A delegada responsável pelas investigações, Juliana Palhares, reforça a importância operação e da conscientização social sobre os riscos do ambiente virtual, especialmente para crianças e adolescentes.
“Pais e responsáveis devem estar atentos às interações online de seus filhos, promovendo diálogo aberto e monitoramento constante. Acreditamos que com a deflagração da operação outras vítimas sejam identificadas. A denúncia de comportamentos suspeitos é uma ferramenta crucial para evitar que outras vítimas sejam atingidas”, afirma a delegada.
Diligências operacionais e apoio integrado
As diligências foram realizadas pela equipe da DRCI com o apoio do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer) e da Polícia Civil do Estado de Goiás, por meio da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e da Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais (DPAI), sediadas em Caldas Novas (GO). Essa integração entre estados foi fundamental para garantir o êxito da operação e a efetividade das medidas judiciais
A Operação Jogo de Ilusão demonstra o compromisso da Polícia Civil em proteger os direitos das crianças e adolescentes, responsabilizando os autores desses crimes e prevenindo futuras violações. A colaboração entre forças de segurança de diferentes estados reforça o impacto e a abrangência das ações no combate à exploração sexual infantil.
Denúncias podem ser feitas pelos canais oficiais da polícia, com garantia de sigilo e proteção às vítimas.