“Meu pai sempre falava: ‘filha, você é quem constrói seu sonho, não deixe as pessoas tirarem seu sonho’. Ser mãe solo, negra, numa sociedade que escolhe as pessoas, é um desafio, então me formar é a realização de um sonho. Quero colocar em prática o projeto de levar o turismo rural para os assentamentos da região de Cáceres”, disse Kele Cristina dos Reis, de 51 anos. A estudante é uma dos 34 formandos do curso técnico de Guia de Turismo, da Escola Técnica Estadual de Cáceres Professor Adriano Silva.
A cerimônia de formatura aconteceu na noite desta sexta-feira (11.08). Além do turismo, também receberam o grau profissionais da área técnica em Administração.
Os alunos fazem parte das duas primeiras turmas formadas pela Escola Técnica de Cáceres. Durante um ano, os estudantes passaram pelo processo de formação com aulas teóricas, práticas, visitas técnicas e aulas de campo. Toda a organização da escola é mantida pela Secretaria de Estado de Ciência Tecnologia e Inovação (Seciteci), por meio da Superintendência de Educação Profissional e Superior.
Formada em Pedagogia, Kele já se interessava pela possibilidade de se especializar na área do turismo. Para a pedagoga, o fato de Cáceres ser um dos principais polos do turismo mato-grossense a impulsionou para buscar o curso. “Foi maravilhoso, as dinâmicas em sala de aula, nas aulas de campo, visitas técnicas, foram muitas descobertas. A cidade de Cáceres é um polo turístico e está precisando de profissionais nessa área”, completou.
As alunas Paloma Aires e Kele Cristina juntas antes do início da Cerimônia. Foto: Marcos Salesse/Seciteci
Continuidade dos estudos
A oferta de cursos técnicos garantiu para a estudante Paloma Aires, de 20 anos, a possibilidade de continuar buscando conhecimento logo após concluir o Ensino Médio. Formada no curso Técnico em Administração, Paloma vê a finalização do curso como a realização de um sonho.
“Minha família está muito feliz, tivemos a oportunidade de ter mais uma pessoa formada, sou a segunda da minha família a conseguir concluir um curso. Daqui estou saindo mil vezes melhor do que entrei”, disse Paloma.
O curso também possibilitou à jovem o ingresso em uma vaga de estágio, onde conseguiu colocar em prática os conhecimentos adquiridos durante as aulas. Assim como Kele, a agora técnica em administração precisou superar obstáculos para concluir a formação.
“Foi um grande desafio para mim porque tinha acabado de sair do Ensino Médio. Eu trabalhava o dia todo e estudava a noite, mas apesar dos desafios fica um sentimento bom de estar concluindo. É nunca desistir do que você quer”, declarou.
Durante a cerimônia de formatura, a diretora da Escola Técnica Estadual de Cáceres, Zulema Netto Figueiredo, reforçou o compromisso do Governo do Estado em garantir a formação de novos profissionais.
“É uma alegria muito grande poder colaborar com a formação de novos profissionais. Foram dias de muito estudo e troca de conhecimento e agora eles estão prontos para nos ajudar a tornar Mato Grosso um estado ainda melhor”, disse a diretora.
Sobre as Escolas Técnicas
Além de Cáceres, outros nove municípios de Mato Grosso já possuem Escolas Técnicas Estaduais em funcionamento, dentre eles Barra do Garças, Sinop, Alta Floresta, Cuiabá, Poxoréu, Rondonópolis, Tangará da Serra, Lucas do Rio Verde e Diamantino. A escolha da oferta dos cursos acompanha as demandas de qualificação dos municípios.
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A comunidade da Escola Estadual Professora Neide Enara Sima, em Nova Monte Verde (a 944 km de Cuiabá), criou o projeto “Adote uma Nascente – Águas do Futuro” para recuperação das fontes de água de rios e córregos do município.
Criado neste ano, o projeto surgiu de forma interdisciplinar nas matérias eletivas de Ciências Humanas e Ciências da Natureza com o objetivo de identificar e caracterizar as principais fontes causadoras de impactos ambientais nas nascentes urbanas e rurais do município, em um raio de 10 quilômetros ao redor da escola.
“A escola foi além da identificação das áreas degradadas e da criação de um banco de dados. Com o envolvimento de 60 alunos do ensino fundamental e médio, iniciamos a recuperação da vegetação ciliar em 100% das áreas aderentes ao projeto e já temos mais de 100 mudas de árvores plantadas crescendo de forma vistosa. Ano que vem vamos dobrar essa quantidade”, explicou a coordenadora do projeto, professora Patrícia Inácio Passos.
A professora comentou também que a promoção da consciência ambiental, iniciada por 60 estudantes do projeto, agora atinge os demais 488 alunos da escola. “Nosso objetivo para 2025 é engajar 100% das turmas do ensino médio, além de estender o projeto às salas anexas que ficam fora do perímetro urbano”, completou.
Para iniciar a recuperação ambiental das fontes de água, o projeto baseou-se nas orientações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e no apoio da gestão escolar, da coordenação pedagógica e dos demais professores.
“Me sinto em uma experiência diferente vendo na prática que estamos ajudando a natureza a se recuperar. Estamos deixando um impacto positivo e um bom exemplo. Demonstramos que pequenas atitudes, como a de plantar uma muda de árvore, podem ajudar o meio ambiente a se equilibrar”, disse a estudante Rafaela Rubi Moreira Marcon, de 17 anos.
Já a aluna Lorena Colnaghi Bazani, de 18 anos, avaliou que o projeto a fez “entender melhor como a preservação das nascentes afeta tudo ao nosso redor”.
“Participar do projeto foi uma experiência transformadora. Senti-me privilegiada em fazer parte de uma iniciativa tão importante para o futuro da nossa cidade e do planeta. Plantar cada árvore foi um ato de esperança e um compromisso com a sustentabilidade”, comentou também a estudante Rafaela Rubi Moreira Marcon, de 18 anos.
De acordo com o diretor da escola, professor Valdinei de Oliveira Prado, as iniciativas têm sua importância por promover o protagonismo juvenil na resolução de problemas do meio ambiente, principalmente no contexto da degradação ambiental de nascentes.
“Estamos realizando uma aprendizagem diferenciada que vai estimular as potencialidades dos nossos jovens e crianças, além de contribuir no contexto socioambiental em que vivem”, concluiu.