Há 55 anos, os Beatles, filhos favoritos de Liverpool, escreveram a música Revolution. Agora, 11 guerreiros de Manchester, cidade um pouco mais ao norte, lutam para decifrar uma verdadeira revolução tática: o “Dinizismo”, criação de Fernando Diniz que ameaça acabar com o monopólio europeu na Copa do Mundo de Clubes da FIFA™.
O inovador técnico de 49 anos conversou com a FIFA sobre o sistema, seus pupilos André, Martinelli, Ganso, Jhon Arias e Germán Cano, o Manchester City e a crença de que o Fluminense pode se tornar o primeiro clube em 11 anos a impedir que a taça vá para o Velho Continente.
FIFA: Você pensava em tática ou em ser técnico quando era criança, ou só se focava em ser jogador?
Fernando Diniz: Quando era criança, eu só pensava em ser jogador, em imitar os meus ídolos. Na época — era a geração de 82 —, eram Zico, Sócrates, Falcão, Júnior, Toninho Cerezo, Leandro… Esses jogadores. Depois, o Romário se tornou um grande ídolo para mim, talvez o maior porque eu era só um menino, só tinha oito anos quando tínhamos a geração de 82. O Romário foi um jogador que teve um grande impacto sobre mim. Ainda hoje é o meu ídolo, um grande ídolo.
Mas você estudava outros grandes técnicos pioneiros?
Nunca estudei outros técnicos. A minha grande paixão e o meu objetivo quando estudo são os jogadores. Promover algo taticamente que faça os jogadores sentirem prazer quando jogam futebol, que chegue às arquibancadas e que a torcida goste. Sempre me foquei em fazer o melhor para os jogadores.
Como você descreve o Dinizismo?
Acredito que ele seja extremamente baseado no apoio, nos jogadores ajudando uns aos outros, construindo jogadas e marcando na mesma medida. É um estilo que exige muita coragem.
O Fluminense tem 121 anos. Como foi ganhar o maior título da história do clube no Maracanã no mês passado?
Era um grande desafio, foi difícil, mas foi uma honra enorme para todo mundo. Um prazer imenso realizar o desejo enorme da nossa torcida, e o nosso próprio desejo enorme. Foi um sonho que realizamos com muito trabalho duro de muitas pessoas, não só da comissão técnica e dos jogadores. Existia um profundo envolvimento do clube em geral e um grande apoio dos torcedores, que fizeram uma diferença enorme para essa conquista.
O que você pensa do Manchester City?
Na média, é com certeza o melhor time do mundo nos últimos cinco anos. Quando não ganhava a Liga dos Campeões [da UEFA] ou o Campeonato Inglês, ficava perto de ganhar. Vem sendo a equipe de maior regularidade e eu a considero a equipe mais bem treinada. Não tenho palavras para o técnico deles [Pep Guardiola]: um gênio, excepcional com as equipes que monta. E eles têm uma boa parte dos melhores jogadores do mundo também. Então, para nós vai ser um desafio enorme jogar contra eles e uma grande honra.
O André e o Martinelli foram muito bem contra o Al Ahly. O que você pensa sobre eles?
Penso que são jogadores muito talentosos, com um futuro brilhante pela frente. O André conseguiu se firmar um pouco mais rápido por causa do seu perfil psicológico e das características do seu futebol. O Martinelli foi conquistando o seu lugar gradativamente e hoje tem um desempenho em um nível muito alto.
Ganso e Jhon Arias também brilharam na semifinal…
É uma dupla que realmente gosta de jogar junto. Desde que chegaram, eles foram partes fundamentais da equipe, principalmente em termos de criatividade. Os dois estão sem dúvida no melhor momento de suas carreiras — o Arias definitivamente está, enquanto o Ganso já teve outras grandes fases. Mas acho que, no geral, é o melhor momento da carreira do Ganso também, não só por causa da criatividade e da genialidade dele, mas por causa do seu trabalho em equipe e da sua marcação. Acho que é uma fase notável na carreira do Ganso.
O que você pensa sobre o Germán Cano?
É difícil de explicar. Ele tem um talento raro para marcar gols, uma coisa que os melhores centroavantes da história do futebol mundial tinham. Joguei com muitos bons jogadores que sabiam marcar gols. Ele está no topo dos artilheiros com quem joguei, a quem treinei ou que vi jogar. Outra característica dele — a química que temos entre nós — é que ele dá muito de si mesmo para ajudar a equipe defensivamente. Isso o torna cada vez mais completo, além de um artilheiro.
Você acredita que o Fluminense vai erguer o troféu no Estádio da Cidade Esportiva Rei Abdullah?
Sempre acredito nas coisas na minha vida. Estou aqui porque acreditei. Existe uma diferença enorme entre acreditar e ganhar, mas ao longo da minha carreira, em todos os times que treinei, sempre acreditei que era possível ganhar o jogo seguinte. É claro que nós sabemos do tamanho do Manchester City — como eu disse, o melhor time do mundo nos últimos cinco anos, na minha opinião —, mas sonhamos e acreditamos, e vamos trabalhar muito duro para vencer. A minha mensagem para os torcedores é esta: nós acreditamos. Vamos fazer de tudo para tornar esse sonho uma realidade.
Fonte: Esportes