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Desistência de Biden: 10 pontos importantes que levaram ao fim da campanha à reeleição

Publicado

em

Kent Nishimura
Joe Biden deixa Las Vegas em 17 de julho de 2024

Neste domingo (21), o presidente norte-americano Joe Biden anunciou a desistência da sua candidatura à reeleição . A decisão do democrata não surpreendeu o mundo político, uma vez que a pressão para que ele abandonasse a disputa era crescente – inclusive entre aliados.

Confira 10 questões que influenciaram a decisão de Biden:

Envelhecimento

Joe Biden cometeu uma série de gafes ao longo de sua carreira política, inclusive quando ainda era vice de Barack Obama. No entanto, a frequência desses episódios aumentou nos últimos anos, o que gerou preocupações acerca de sua idade e da sua capacidade de governar os Estados Unidos.

Biden foi o presidente mais velho a assumir a presidência em 2021, quando tinha 78 anos. Hoje, ele tem 81. Ele foi “liberado” por um médico da Casa Branca para participar da disputa, os sinais de seu envelhecimento se tornaram mais evidentes: a voz mais suave, os lapsos de memória e uma aparente maior dificuldade para andar, que seu médico atribui parcialmente à artrite.

Mesmo com as críticas, Biden defendeu até o último segundo a sua vontade de disputar a eleição contra Donald Trump.

Disputa acirrada

Os resultados das pesquisas também contribuíram para a desistência do democrata. Os dados apontavam para uma possível derrota em 2024, com Biden ficando a cerca de 4 pontos atrás de Trump.

Espaço para Kamala

No seu anúncio de desistência, Biden publicou no X uma foto ao lado da vice-presidente Kamala Harris, afirmando que ela tem seu “total apoio e endosso para que seja a candidata do nosso partido este ano”.

Em 2020, Biden se apresentava como o candidato com maiores chances para derrotar Trump. Kamala Harris, sua vice, era vista como sua possível sucessora – no entanto, sua popularidade nunca deslanchou ao longo do mandato.

Mas Biden aparentemente recusou assumir oficialmente o compromisso de não buscar a reeleição. No fim de 2021, o primeiro ano de seu mandato, jornais americanos como o The Washington Post já publicavam reportagens afirmando que Biden dizia a aliados que pretendia concorrer novamente à presidência em 2024.

A decisão do mandatário contrariava as expectativas do partido, que viam em seu governo uma chance de “lançar” Harris para a vida política. Na época, analistas afirmaram que a fala do presidente “congelava” as pretensões de campanha para Kamala.

Candidatura à reeleição

Em 25 de abril de 2023, Joe Biden anunciou sua candidatura à reeleição – com Kamala novamente como candidata a vice.

Um mês depois, uma pesquisa feita pelos canais NPR/PBS News apontou que 60% dos americanos entrevistados se preocupavam com a capacidade de Biden de ser presidente.

Em junho, iniciaram-se a s primárias democrátas, que é quando o candidato busca o apoio do partido para se tornar candidato oficial. Resistentes, os aliados de Biden apostaram na tática de apontar Trump como uma ameaça à democracia.

Já os republicanos optaram por atacar a imagem de Biden, questionando sua capacidade de governar.

Falhas de memória

Em 8 de fevereiro de 2024, a publicação de um relatório governamental elaborados pelo conselheiro especial Robert Hur seria mais um combustível para a campanha dos republicanos.

Entre diversos pontos, o documento apontava que Biden apresentava “faculdades mentais comprometidas”, “memória falha” e “limitações significativas” na capacidade do presidente de gerir o país.

Hur havia sido selecionado pelo procurador-geral Merrick Garland para liderar uma investigação sobre como o governo Biden lidava com documentos oficiais.

Hur não encontrou nenhum indício de comportamento inadequado nesse sentido, mas seu relatório abalou ainda mais a campanha de Biden.

No mesmo dia, Biden somou mais uma gafe ao seu histórico: enquanto se defendia das alegações de Hur, ele confundiu o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, com o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador.

Campanha republicana

A principal tática republicana tem sido desgastar a imagem de Biden para os eleitores. Para isso, selecionam os momentos das gafes do mandatário para viralizar na internet.

Em março de 2024, uma pesquisa da Associated Press mostra novamente que 6 em cada 10 americanos têm dúvidas sobre as capacidades mentais do presidente.

Uma pesquisa do New York Times/Siena College sugere que 73% dos eleitores registrados acreditam que Biden é “velho demais para ser um presidente eficaz”.

Desempenho nos debates

No debate de 27 de junho de 2024, Biden foi motivo de chacota entre os republicanos pelo seu desempenho, considerado “desastroso”. Isso levou ao aumento dos questionamentos sobre sua candidatura.

Ao longo do debate, Biden tem momentos em que divaga, fala com pouca clareza e mostra uma voz claramente rouca. No meio do debate, a campanha de Biden dizia aos jornalistas que o presidente estava “lutando contra um resfriado”.

Após o episódio, Biden diz que também estava com jet lag (desconforto após mudança brusca de fuso horário) e admite que sua performance deixou a desejar. “Estraguei tudo”, diz em 3 de julho a uma rádio negra americana.

Mesmo após o debate, Biden insistiu na candidatura. Com isso, algumas publicações fizeram editoriais defendendo sua desistência.

“Biden deveria ser lembrado por suas conquistas e sua decência, não por seu declínio”, escreve a revista britânica The Economist.

Em um artigo na revista The Nation, o comentarista Gregg Gonçalves afirma que o país deveria ser capaz de “falar sobre a condição do presidente sem cair em especulações prejudiciais ou em estereótipos perniciosos”.

Michelle Obama

Michelle Obama, esposa de Barack Obama, já manifestou seu desinteresse para concorrer às eleições nos Estados Unidos. No entanto, seu nome é relevante para a disputa, segundo uma pesquisa do instituto Ipsos.

A pesquisa analisou diversos cenários para substituição de Biden como candidato democrata. O resultado apontou que somente a ex-primeira-dama seria capaz de vencer Donald Trump.

No entanto, membros importantes do partido democrata dizem que o único nome seriamente considerado para substituir Biden é o de Kamala Harris.

Mais confusão

Em meio à pressão por desistência, Biden confunde durante um discurso o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, com o do russo Vladimir Putin em 11 de julho de 2024.

“Estou tão focado em vencer Putin (na guerra da Ucrânia) que usei o nome dele”, disse Biden, se corrigindo imediatamente.

Atentado contra Trump

Outro episódio marcante da campanha eleitoral de 2024 foi o atentado contra Trump em 13 de julho de 2024, durante um comício na Pensilvânia.

O ataque ofuscou momentaneamente os pedidos para desistência de Biden. No entanto, não demorou para que analistas apontassem como o episódio poderia fortalecer a campanha do republicano.

Covid e abandono de doadores

Mesmo após o ataque contra Trump, a desistência de Biden logo voltou às manchetes, com o anúncio de que o presidente de 81 anos está com covid-19, em 17 de julho. A notícia aumentou ainda mais a preocupação acerca de sua saúde.

Um dia após o anúncio da covid, grandes apoiadores financeiros abandonaram a campanha democrata. Segundo o The New York Times, o montante para o mês de julho poderia ser metade do valor arrecadado no mês anterior para a campanha.

Grandes doadores abandonam a campanha de Biden, com o apoio financeiro em julho caindo para cerca de metade do montante do mês anterior se ele continuar na corrida, segundo o jornal The New York Times.

Desistência

Biden anunciou que desistirá da sua campanha à reeleição neste domingo (21). Segundo o mandatário, “é do melhor interesse do meu partido e do país”.

Biden deixou o seu apoio à Kamala Harris, sua vice, na corrida presidencial.

Em uma carta postada em sua conta nas redes sociais, Biden disse que foi a maior honra de sua vida servir como presidente. “E embora minha intenção tenha sido buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu desista e me concentre exclusivamente em cumprir os deveres como Presidente pelo restante do meu mandato”.

Ele informou que se dirigiria à nação sobre o assunto na próxima semana. O presidente Biden agradeceu à sua vice-presidente, Kamala Harris, dizendo que ela foi uma “parceira extraordinária”.

“E permitam-me expressar minha sincera gratidão ao povo americano pela fé e confiança que depositaram em mim”, acrescentou em sua declaração. “Acredito hoje e sempre acreditei: que não há nada que a América não possa fazer – quando fazemos juntos. Só precisamos lembrar que somos os Estados Unidos da América.”

Veja os cotados para substituir Biden na campanha democrata

Kamala Harris, vice-presidente dos EUA Reprodução: Flickr
O governador da Califórnia, Gavin Newsom Reprodução: Flickr
J. B. Pritzker, governador de Illinois Reprodução: Flickr
Gretchen Whitmer, governadora do Michigan Reprodução: Instagram
Elizabeth Warren, senadora por Massachussets Divulgação

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Fonte: Internacional

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