Atriz nascida e criada no subúrbio do Rio comemora a conquista profissional no Globoplay
A atriz Agatha Mendes, 39 anos, atuou na primeira temporada de Arcanjo Renegado como Joice, a esposa do vilão Augusto Savassi (Ademir Emboava) e também participou da nova produção de sucesso do Afroreggae Audiovisual “O Jogo que Mudou a História” como uma repórter. A atriz coleciona em seu currículo além de espetáculos e curta- metragens, mais de 50 campanhas publicitárias.
“É uma experiência profundamente significativa para mim, especialmente como uma cria do subúrbio, sou nascida e criada em Brás de Pina e arredores. Quando comecei minha carreira de atriz, um dos maiores receios da minha família era a falta de espaço para quem vinha do subúrbio e não tinha muitas condições de investir nessa profissão. Naquela época, os cursos famosos eram distantes e muito caros, e eu não tinha nenhuma referência ou indicação no meio. Era algo que parecia ser impossível de alcançar. Ouvi muitas coisas desmotivadoras de muita gente, em várias situações. Sentia que vivendo ali, eu era invisível. Tudo que acontecia no Rio nos anos 90 e 2000 era na zona sul e eu comecei a frequentar mais essa área, e havia um padrão que eu não me encaixava. Tentei de muitas maneiras me encaixar em outras realidades.
As verdadeiras oportunidades começaram a surgir apenas depois do ano de 2012, eu tinha pelos 28 anos, quando finalmente tive mais condições de investir na minha carreira, após trabalhar em muitas outras áreas. A primeira chance com o Afroreggae veio através do diretor de elenco Raoni Seixas. Foi aí que comecei a conhecer mais sobre o trabalho incrível que o Afroreggae realiza. Na segunda oportunidade, tive o privilégio de conhecer José Júnior, fundador do Afroreggae, que compartilhou comigo sua paixão por criar espaço para artistas do subúrbio. Ele me disse o quanto gosta de dar essas oportunidades, e lembro de conversar com ele sobre ser de Brás de Pina.
Essas experiências abrem um mundo de possibilidades e oportunidades para artistas do subúrbio que, como eu, têm poucas condições de investimento. Lembro-me de quando comecei e me sinto imensamente feliz por ver o espaço que o Afroreggae cria para o pessoal da periferia. É inspirador e emocionante saber que, hoje, há mais chances para que talentos do subúrbio possam brilhar em grandes produções. Isso não só valoriza nossa origem, mas também incentiva muitos outros a seguirem seus sonhos, apesar das dificuldades. Sou muito grata a eles por isso” detalha a atriz.