Antes de revelar ao mundo os seus hipnotizantes pincéis de cores, a borboleta tece o seu destino às escondidas, em segredo. Enquanto por fora um casulo silencioso sugere algo adormecido ou inativo, dentro, uma transformação estrondosa acontece. Assim como o pequeno e fascinante animal, o artista plástico brasiliense Daniel Jacaré também viveu uma jornada de transformação e autodescoberta para, enfim, alcançar a mais bela fase da sua metamorfose: o seu “borboletear”, como ele mesmo denomina.
Formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de Brasília em 2009, Daniel se aventurava nos traços muito antes disso virar profissão ou ilustrar paredes e molduras. Na época da escola, parecia concentrado em tomar notas durante as aulas, enquanto o lápis percorria o caderno com afinco, quando, na realidade, estava dedicado em criar mais uma caricatura de professor. Por mais que o resultado surpreendesse e divertisse os colegas e os próprios docentes, tudo não passava de uma distração prazerosa.
“Meu estilo de desenho sempre foi muito expressivo e carregado e, quando criança, eu entendia isso como sujo, feio e errado. Achava que os colegas que tinham traços delicados desenhavam muito melhor e que essa era a forma correta de desenhar”, conta o artista. Esse pensamento foi chacoalhado pela primeira vez quando sua professora de artes o convidou para participar de uma exposição com outros colegas. “Na mesma hora, assustei e não entendi a proposta. Falei que o que eu fazia era apenas uma brincadeira, que havia outros alunos que desenhavam muito melhor. Ela disse que eu realmente não veria desenhos como os meus ali, pois o que eu fazia era original, algo somente meu”, recorda.
Quando a faculdade bateu à porta, mesmo de flerte com cursos como Biologia e Engenharia Civil, o desenho arrematou o coração de Daniel e o levou para a FAU. Logo que graduou, fundou com um sócio o Quintal, escritório que inicialmente desenvolvia projetos de arquitetura e design, mas hoje atua na área de prototipagem digital, impressão 3D, entre outros.
Já alçando voos como arquiteto, mas ainda encasulado como artista, Daniel só foi revisitar aquele momento com a antiga professora quando também começou a dar aulas, em 2013, na Universidade Católica de Brasília, após se especializar em Artes Visuais, no ano anterior. Por lá, lecionou durante nove anos nos cursos de Arquitetura e Urbanismo e Design Visual, além de participar do grupo de Desenhos Urbanos, em que saía de sala com os alunos para explorar espaços urbanos de Brasília por meio de desenhos ao ar livre. “Foi com essa experiência que amadureci a ideia de que não existe traço feio: o feio é não ter traço”, reflete.
Sim, é arte!
Um empurrãozinho do amigo e sócio Thiago foi o pontapé no processo da autodescoberta artística de Daniel. Antes de uma viagem à Europa, em 2014, o colega lhe atribuiu uma missão. “Ele me deu um caderninho de notas e disse: ‘você vai desenhar a sua viagem!’”, lembra. Apesar de hesitar de primeira, topou. A tarefa virou hábito e o hábito virou regra. “Sempre que viajo levo meus cadernos. São meus álbuns fotográficos, minhas memórias, meus diários. Não escrevo nada, só desenho”.
De volta a Brasília, a prática começou a ser utilizada também nas aulas, preenchendo as páginas em branco com croquis de paisagens típicas da capital. Anos depois, em 2017, quando foi morar sozinho, decidiu fazer de uma parede desocupada do novo apartamento uma folha do caderno. No mesmo estilo e traço que colecionava no “álbum”, desenhou uma composição com dois clássicos da arquitetura brasiliense: um bloco de Superquadra e a Torre de TV.
O despretensioso mural ganhou repercussão a partir das visitas de amigos, que registravam e compartilhavam o desenho nas redes sociais. Os elogios e mensagens de “eu também quero!” ou “quanto é?” se intensificaram até furar a bolha do círculo de colegas e familiares. Não demorou muito para que o arquiteto entendesse que o hobby, até então, tinha grande potencial para evoluir. De forma orgânica, assim aconteceu, e chegou no momento em que aquilo que Daniel fazia com prazer já poderia lhe sustentar profissionalmente. Era hora de romper o casulo.
“Reconhecer-me como artista foi o processo mais importante da minha vida até agora. Quando identifiquei que o meu traço era único e que o que eu fazia era arte, eu ‘borboletei’. Deixei de dar aulas e me dediquei a estudar muito mais e a expandir a técnica. Hoje, vivo de arte, estou seguro, e é isso o que eu quero”, expõe.
Desde então, o artista já se aventurou em aquarela, pintura acrílica, giz pastel, carvão, serigrafia e desenhos digitais. Como era de se esperar, os pedidos de croquis da monumental e moderna Brasília comandam a demanda do ateliê. “Como brasiliense e arquiteto, tenho uma identificação muito forte com a cidade, então, sinto-me super confortável em representá-la. Está na raiz”, destaca.
Com sua arte já presente em muitos lares, espaços culturais, eventos, restaurantes, bares e empreendimentos pela capital, Daniel deseja potencializar ainda mais a sua expressão artística. “Brasília vai sempre estar no meu coração, mas quero me sentir apto para representar tudo que tem relação humana com espaço urbano e habitável. Quero voar para o mundo”, revela.
Uma das propostas da Chapa 2 – “Nova OAB” para fortalecer a inclusão dentro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) é a criação de uma Comissão de Inclusão e Acessibilidade. De acordo com o candidato à presidência Pedro Paulo, o projeto visa garantir que advogados e advogadas que enfrentam dificuldades por conta de alguma deficiência encontrem portas abertas e todo suporte necessário dentro da entidade.
A ideia da implantação da comissão surgiu após sugestão da advogada Franciele Rahmeier, diagnosticada com transtorno do espectro autista. A jurista, que é candidata à secretária-geral da subseção de Primavera do Leste, declarou seu apoio a Pedro Paulo. Para ele, a Seccional mato-grossense precisa estar sempre aberta a ouvir, debater e criar medidas que garantam equidade também dentro da advocacia.
“Inclusão é conscientização. É ouvir, colocar-se no lugar do outro e permitir que cada um possa contribuir da melhor forma, com as suas experiências. Essa proposta vai auxiliar outros advogados e advogadas, que enfrentam as mesmas dificuldades da Drª Franciele, e assegurar a participação nas discussões sobre o tema em diversas esferas da política. Agradeço a ela por nos abrir os olhos para essa questão”, argumenta Pedro Paulo.
A advogada recebeu o diagnóstico há pouco mais de um ano, mas relata que desde antes tem enfrentado muitas dificuldades. Segundo ela, a principal é o julgamento preconceituoso que, muitas vezes, classifica essas pessoas como incapazes. Ainda conforme Franciele, dentro da própria OAB há esses obstáculos, principalmente quando se procura amparo para o desenvolvimento tranquilo da profissão.
“A gente precisa incluir para igualar essas classes. Tem muita gente que pergunta ‘cadê a OAB?’. A OAB, infelizmente, parece que tem medo de dar a cara a tapa em relação aos direitos que são nossos. O Pedro Paulo deu atenção a essa proposta não com teor político, mas com teor de acolhimento, no sentido de propor a mudança dessa realidade que temos hoje. Estávamos esquecidos e agora estamos sendo ouvidos”, afirma Franciele Rahmeier.
A chapa liderada por Pedro Paulo tem como vice-presidente a Drª Luciana Castrequini, como secretário-geral o Drº Daniel Paulo Maia Teixeira, a secretária-adjunta Drª Adriana Cardoso Sales de Oliveira e como tesoureiro o Drº Rodolpho Augusto Souza Vasconcellos Dias. O grupo, formado ainda por conselheiros titulares e suplentes, reúne membros da Capital e também de subseções do interior.