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Curvas e arquitetura orgânica: tradições que vão além da estética

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Pedro Reis
Curvas e arquitetura orgânica: tradições que vão além da estética

A utilização de curvas e a arquitetura orgânica não são novidades no mundo do design e da construção. Desde os arcos romanos até as obras de mestres como Antoni Gaudí, Frank Lloyd Wright e Oscar Niemeyer, as formas arredondadas e a integração harmoniosa com a natureza sempre tiveram um lugar de destaque. Na contemporaneidade, essa tendência ressurge com força, moldando novos projetos que buscam oferecer, além da estética, experiências sensoriais completas, promovendo acolhimento, fluidez e bem-estar.

Apesar de suas vantagens, a incorporação de formas curvas em projetos modernos apresenta desafios. Duda Almeida , sócia-proprietária do escritório Reis Arquitetura, ressalta que essas formas são irregulares e mais complexas de construir. “Além da dificuldade de construção, é necessário desenvolver materiais que suportem essa geometria, como madeiras dobráveis e vidros curvos” , explica. No entanto, tecnologias como a impressão 3D e o Building Information Modeling (BIM) têm facilitado esse processo.

Além de proporcionar uma sensação de acolhimento, as formas curvas oferecem outros benefícios práticos. “Do ponto de vista ergonômico, ao se evitar quinas e cantos, se promove um ambiente com menos riscos para o corpo humano” , observa Duda Almeida. Elementos curvos são também mais fáceis de compor, pois não dependem de fixações específicas, tornando o mobiliário mais versátil e adaptável.

Projetos emblemáticos ao redor do mundo, como o Metropol Parasol em Sevilha, as obras de Santiago Calatrava e Zaha Hadid, e as próprias criações de Niemeyer, demonstram o impacto das formas arredondadas na arquitetura. Em Brasília, o Museu da República é exemplo claro de como as curvas podem transformar e humanizar espaços públicos.

Metropol Parasol | Foto: reprodução/Instagram
Museu Nacional da República | Foto: JP Rodrigues/GPS | Brasília

Após a pandemia, a busca por espaços que promovam bem-estar e saúde mental aumentou significativamente. “O uso correto de superfícies curvas e elementos fluidos se tornou constante nos projetos contemporâneos alinhados com a preocupação com a qualidade de vida” , explica Duda. Ela destaca que a combinação de elementos curvos com boa iluminação natural, ventilação adequada e paisagismo contribui significativamente para a saúde mental dos usuários.

Além das formas, a tendência atual em arquitetura orgânica está fortemente alinhada com conceitos de sustentabilidade e eficiência energética, utilizando materiais naturais e tecnologias avançadas. “A arquitetura deve respeitar ao máximo a natureza e trazer dela toda inspiração e complementação necessária a um projeto ecologicamente equilibrado” , afirma Duda Almeida. A impressão 3D, por exemplo, tem sido uma ferramenta revolucionária para criar estruturas complexas de maneira eficiente e sustentável.

Um estudo realizado pelo psicólogo Oshin Vartanian, da Universidade de Toronto , em parceria com designers europeus, demonstrou que as formas curvilíneas são geralmente mais apreciadas pelas pessoas do que as linhas retas. “Elas geram essa sensação de acolhimento e aconchego” , afirma a arquiteta Andréia Spessatto, sócia do escritório Sá | Spessatto Arquitetura.

A arquitetura orgânica, caracterizada pela suavidade e fluidez das suas formas, preza pela integração entre o ambiente construído e a paisagem natural. Náira Sá, também sócia do escritório, explica que essa abordagem vai além da estética. “Esse estilo transcende a mera ornamentação e traz um diferencial para o ambiente, complementando o espaço, valorizando o fluxo e a conectividade para quem visita” , diz ela.

No projeto da Sala das Lobas para a Mostra Artefacto Goiânia 2024, as arquitetas Andréia Spessatto e Náira Sá exemplificam essa tendência. O lounge de 90 metros quadrados apresenta um estofado circular, pufes arredondados e um painel curvo em madeira, criando um ambiente harmonioso e convidativo. “Cada elemento foi pensado para transmitir esse sentimento de conforto. Nós gostamos de propor um equilíbrio entre o reto e o curvo em todos os nossos projetos” , detalha Andréia.

Sala das Lobas | Foto: Edgar Cesar

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Fonte: Nacional

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