O Congresso da Argentina concedeu na madrugada desta sexta-feira(28) a primeira vitória legislativa ao presidente ultraliberal Javier Milei , ao aprovar seu pacote de reforma econômica, embora reduzido em relação à versão original, após muitas mudanças durante meses de debate.
“O gabinete da Presidência da República Argentina comemora a aprovação da Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos”, publicou em sua conta oficial no X.
A Câmara dos Deputados começou a analisar ao meio-dia de quinta-feira (mesmo horário em Brasília) as modificações que o Senado na chamada “Lei Bases” e a aprovou por 148 votos a 107 com as alterações.
Com essa lei, Milei obterá poderes legislativos delegados por um ano, incentivos para grandes investimentos por 30 anos, uma flexibilização da legislação trabalhista e autorização para privatizar diversas empresas públicas, entre outros pontos.
“Vamos dar ao governo do presidente Milei as ferramentas para que possa reformar o Estado de uma vez por todas”, afirmou o chefe do bloco governista, Gabriel Bornoroni, em seu discurso de encerramento.
O pacote alcançou sua aprovação definitiva após um tortuoso trâmite que o devolveu à Câmara dos Deputados como instância revisora das mudanças.
“O governo nacional obteve a aprovação da primeira lei para o país livre e próspero que os argentinos elegeram”, diz o comunicado presidencial.
‘Sucesso’
No campo político, a aprovação “significa um sucesso total para o governo”, disse à AFP o cientista político e economista Pablo Tigani.
Mas, economicamente, “será um retorno à política dos anos 1990 com desregulamentações, privatizações e abertura incondicional da economia que provocará um duro golpe na indústria e nas pequenas e médias empresas nacionais, com uma transferência de renda fenomenal para os setores mais concentrados da economia”, avaliou.
“Este é um traje feito sob medida para os setores de poder concentrados na Argentina”, disse em seu discurso o deputado peronista Hugo Yasky, que considerou que a lei permite que o capital estrangeiro “venha e fique com o petróleo e o lítio em troca de nada” e transformará o país em um “paraíso fiscal”.
Nesse sentido, Tigani alertou que “as leis não significam muito quando a situação econômica e social é explosiva” para um presidente com “problemas de governabilidade” e que está “em xeque na situação social”.
A Argentina, com sua economia em recessão e uma inflação anual de 280% em maio, sofreu um colapso de 5,1% no Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano e tem mais de metade da sua população na pobreza.
O cenário também representa novos desafios políticos, segundo o analista Carlos Germano, da consultoria Germano y Asociados.
“Conseguir [aprovar] a primeira lei é de extrema importância política, mas o governo tem agora um novo desafio porque a oposição vai começar a gerar outra política totalmente diferente daquela destes seis meses”, afirmou.
Isso obrigará Milei “a priorizar a gestão, ser muito mais presidente e parar de promover o personagem que lhe permitiu chegar até aqui”, completou.
O deputado Oscar Agost Carreño, integrante de um bloco de oposição que apoiou a iniciativa oficial, afirmou no debate: “Vamos dar as ferramentas ao governo porque acreditamos que ele tem que resolver o que não conseguiu até hoje. Agora as desculpas acabaram.”
Uma lei negociada
Originalmente, a “Lei Bases”, que Milei lançou como sustentação de seu plano de governo, continha mais de 600 artigos com reformas de liberalização e desregulação da economia, mas, após o fracasso em fevereiro, o projeto foi reduzido a 238 artigos que também foram modificados no Senado.
Para conseguir a aprovação, o governo retirou da lista de empresas a serem privatizadas a companhia aérea Aerolíneas Argentinas, o Correo Argentino e a Radio y Televisión Argentina (RTA) que controla a TV Pública e a Radio Nacional.
O governo também sacrificou uma reforma do sistema previdenciário que envolveu a eliminação de uma moratória que beneficia aqueles que, ao atingirem a idade de aposentadoria, não conseguem comprovar 30 anos de contribuição em um país onde quase metade dos trabalhadores atua no mercado informal.
O entorno do Congresso foi cercado para evitar protestos e incidentes, como os ocorridos durante o debate no Senado há duas semanas. Porém, desta vez não houve grandes manifestações em frente ao local.
O Executivo deve promulgar a lei para que ela entre em vigor, mas também pode vetá-la total ou parcialmente.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.