Discutir os direitos das crianças e dos adolescentes em Mato Grosso no pós-pandemia é um dos objetivos da XI Conferência Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, que ocorre em Cuiabá, entre os dias 28 e 30 de agosto, no Hotel Fazenda Mato Grosso. O evento, realizado pela Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania (Setasc), junto com o Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedca), teve a abertura oficial na noite desta segunda-feira (28.08).
A secretária da Setasc, Grasi Bugalho, falou sobre o desafio para a realização da Conferência. “Para nós é uma alegria estar aqui hoje. A Setasc é a secretaria que tem a responsabilidade de auxiliar os conselhos na realização das atividades administrativas e foi realmente um desafio realizar essa Conferência. Esse evento ocorre a cada três anos, mas não houve anteriormente por causa da pandemia, e esse é um dos temas principais de discussão”, disse.
A titular da Setasc lembrou que, dentre as atribuições da assistência social e cidadania, está a questão da luta pelo atendimento, principalmente em relação à violação dos direitos. “Nós temos em todos os municípios os Creas e Cras como centros de referência da assistência que têm que estar sempre preparados para atender as crianças e os adolescentes, para garantir que seus direitos não sejam violados. E representando a assistência social, em nome da nossa primeira-dama Virginia Mendes e do nosso governador Mauro Mendes, eu sei que muito já foi feito”.
Entre as ações realizadas pelo Governo de Mato Grosso na área social, a secretária citou alguns programas, como o SER Família Criança que já está em funcionamento em Poconé, atendendo mais de 500 crianças. “Nós temos a missão de entregar mais cinco SER Família Criança no estado de Mato Grosso, e vamos cumprir. Temos ainda o cartão de transferência de renda do SER Família Criança, destinado para aquelas mães em situação de extrema pobreza, que recebem um auxílio de R$ 220 para aquisição de alimentos ou para roupa e material escolar. É algo novo, mas que sabemos que dá resultado, porque dá autonomia às famílias para atender as crianças dentro de suas maiores necessidades”, ressaltou.
O secretário-chefe da Casa Civil, Fábio Garcia, que também participou do evento, destacou que a conferência é de extrema relevância e o assunto tratado é um dos mais importantes para a construção do futuro do país.
“Nós vivemos uma sociedade ainda cheia de conflitos e de grandes problemas, e que talvez nós não sejamos capazes de resolver todos esses problemas, a não ser que a gente faça uma grande aposta de poder construir e formar, através de nossas crianças e adolescentes, verdadeiros cidadãos. Portanto, construir o futuro desse país é apostar na formação de nossas crianças e adolescentes. É uma tarefa transversal, porque participam todas as políticas públicas de um estado e de um país. Temos avançado e feito um esforço gigantesco para que possamos oferecer às crianças e aos adolescentes, e em todas as nossas secretarias, políticas públicas de qualidade. Mas, sabemos que ainda temos muito a fazer para que o atendimento seja o mais completo, e dessa forma a gente possa abraçar, da melhor forma possível, todas as crianças e adolescentes do estado de Mato Grosso”, completou.
Iberê Ferreira da Silva, presidente do Cedca, explicou que o objetivo da XI Conferência Estadual da Criança e do Adolescente é realizar debates e a formulação das propostas, dentro dos eixos norteadores. “Isso é importante para que possamos, então, promover ampla mobilização social, e assim avaliar os reflexos da pandemia da Covid-19 na vida das crianças, dos adolescentes e suas famílias, construindo propostas de ações e políticas públicas que garantam seus direitos no contexto da pós-pandemia. O Cedca/MT salienta que a conferência é um espaço em que crianças e adolescentes possam falar e se manifestar sem discriminação”, disse.
Na ocasião, foram empossados os membros do Comitê Estadual de Enfrentamento à Violência e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes (Cevesca). O Decreto nº 12, publicado em fevereiro deste ano pelo Governo do Estado, reconstitui o Cevesca. O Comitê tem como objetivo monitorar, acompanhar e propor políticas públicas que assegurem os direitos humanos de crianças e adolescentes vulneráveis à violência e exploração sexual, por meio de mecanismos que garantam a sua proteção integral.
Durante o evento de abertura da Conferência Estadual, foi realizada a palestra magna com o tema “Situação dos direitos humanos de crianças e adolescentes em tempos de pandemia da Covid-19: violações e vulnerabilidades, ações necessárias para reparação e garantia de políticas de proteção integral, com respeito à diversidade”, que contou com as falas da secretária da Setasc, Grasi Bugalho; da vice-presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, desembargadora Maria Erotides Kneip; do procurador titular da Procuradoria de Justiça Especializada na Defesa da Criança e do Adolescente, Paulo Prado; do presidente do Cedca, Iberê Ferreira da Silva; e da defensora pública, Cleide Nascimento.
Ao todo, o evento teve 473 inscrições entre delegados e observadores, sendo que destes 113 eram crianças e adolescentes de 99 municípios de Mato Grosso.
Também estiveram presentes na solenidade de abertura da XI Conferência Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente a defensora-geral de MT, Luziane Castro; o superintendente da Polícia Rodoviária Federal em Mato Grosso (PRF/MT), Arthur Nogueira; a representante da Unicef/Brasil, Ida Oliveira; a criança Samyra Victoria Anunciação do Rosário, 11 anos, de Poconé; e o adolescente, representante do Comitê de Participação de Adolescentes (CPA/MT) e do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Inácio Junior da Silva Moraes.
Programação
A programação segue durante esta terça-feira (29) com a realização de mesas redondas para a explanação de eixos voltados ao tema principal. São eles: Promoção e garantia dos direitos humanos e adolescentes no contexto pandêmico e pós-pandemia; Enfrentamento das violações e vulnerabilidades resultantes da pandemia de Covid-19; Ampliação e consolidação da participação de crianças e adolescentes nos espaços de discussão e deliberação de políticas públicas de promoção, proteção e defesa dos seus direitos, durante após a pandemia; Participação da sociedade na deliberação, execução, gestão e controle social de políticas públicas de promoção, proteção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes considerando o cenário pandêmico; Garantia de recursos para as políticas públicas voltadas para crianças e adolescentes durante e após a pandemia de Covid-19. No período da tarde serão consolidadas as propostas discutidas nas mesas redondas dos eixos.
No dia 30 (quarta-feira), haverá a plenária final para a validação e aprovação das propostas realizadas nos eixos discutidos no dia anterior. Também haverá a eleição dos delegados para a Conferência Nacional e o encerramento.
A edição 2024 dos “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” chegou à Sede das Promotorias de Justiça da Capital promovendo a conscientização sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres por meio da 1ª Mostra Fotográfica das Vítimas de Feminicídio em Cuiabá. Com apoio do Ministério Público, a exposição itinerante da Prefeitura Municipal de Cuiabá é realizada pela Secretaria Municipal da Mulher e ficará em cartaz no local até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Dos 11 réus autores dos feminicídios cometidos contra as vítimas retratadas na exposição fotográfica, cinco já foram submetidos a julgamento. Somadas, as penas aplicadas totalizam 107 anos de prisão. Entre os seis réus que ainda não foram julgados, somente Gilson Castelan de Souza, autor do feminicídio cometido contra Silbene Duroure da Guia, está foragido.
A mãe de uma das vítimas, Antônia Maria da Guia, que é avó de quatro netos e bisavó de uma menina de 9 anos, participou da solenidade de abertura da exposição fotográfica realizada nesta quinta-feira, 21 de novembro. Emocionada, a auxiliar judiciária clamou por justiça e lembrou do relacionamento conturbado da filha. “Foram cinco anos de relacionamento entre idas e vindas. Ela esperava que ele mudasse, mas isso não aconteceu. Então eu peço para as mulheres que, em qualquer sinal de violência, denunciem, busquem ajuda, não fiquem caladas. Precisamos parar com essa tragédia. Nenhuma mulher merece morrer”, disse.
De acordo com a procuradora de Justiça Elisamara Sigles Vodonós Portela, o estado de Mato Grosso registrou, em 2024, a morte de 40 mulheres, e cerca de 70 crianças entraram na estatística de órfãos do feminicídio. “Esta exposição é para apresentar quem são essas vítimas, quem são essas mulheres, mães, avós, filhas e o resultado do que aconteceu com esses assassinos. O Ministério Público tem se empenhado para a completa aplicação da Lei Maria da Penha. Hoje, com a alteração significativa no Código Penal, a punição mais severa na legislação brasileira é para o crime de feminicídio, e nós esperamos que isso possa causar impacto na redução desses números”.
A primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro, reforçou a importância da visibilidade ao tema, destacando que a prevenção começa com debate, informação e ações que promovam segurança, justiça e igualdade. “Infelizmente, as marcas do feminicídio continuam a assombrar nossa sociedade. Vidas preciosas foram interrompidas pela brutalidade e pela misoginia. Quanto mais falamos, mais aprendemos, menos tememos e mais avançamos no fortalecimento da rede de enfrentamento à violência”, disse.
Para a secretária-adjunta da Mulher de Cuiabá, Elis Prates, ações de conscientização são essenciais: “É um momento de fortalecimento na luta pelo fim da violência contra a mulher, porque só assim conseguimos mudar essa realidade por uma sociedade mais justa, mais igualitária, para que todas possam fazer uso dos seus direitos como cidadãs brasileiras”, pontuou.