Na última quarta-feira (03), as deputadas Sâmia Bonfim (PSOL) e Mônica Seixas (PSOL), e a vereadora Luana Alves (PSOL) abriram uma representação no Ministério Público Federal (MPF) contra o Grupo de Assistência à Dependência Química Nova Aurora, ou mais conhecido como Comunidade Nova Esperança.
A prerrogativa é de que a instituição possuí irregularidades nas atividades ao qual se propõe. A Comunidade Nova Esperança prevê assistência “psicossocial e à saúde a portadores de distúrbios psíquicos, deficiência mental e dependência química e outros grupos semelhantes, tendo como finalidade a desintoxicação do paciente e a atividade de reestruturação física, mental e emocional”.
Entretanto, o documento apresenta que a instituição promove trabalhos “holísticos” nos tratamentos. No site da Comunidade Nova Esperança, é possível ver a seguinte rotina: “Todos os dias eles são orientados e envolvidos em atividades que se iniciam logo pela manhã e passam por higiene pessoal e do ambiente, exercícios físicos, atividades lúdicas, orientação espiritual sem motivação religiosa, atendimentos com os Conselheiros em Dependência Química, Psicólogos, Assistentes Sociais e Médicos, quando assim necessitar”.
As atividades consideradas “holísticas” são descritas como “não religiosas”, mas promovem conexão com a “crença” para que haja a “recuperação”. Este ponto está sendo discutido pelas deputadas na representação. Segundo o documento, há “religiosidade implícita” nas motivações, sendo a espiritualidade o fio condutor do tratamento psicológico e químico. Além disso, elas frisam que nesses casos é necessário o amparo científico para o tratamento, sendo também uma possível “violação da liberdade religiosa dos internados”, pois são obrigados a participar de rodas de oração recorrentes.
Vale ressaltar que a Comunidade Nova Esperança é contratada pelo Governo do Estado de São Paulo.
As deputadas levantam também a recente denúncia publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, ao qual um ex-paciente da Comunidade relata falta de médicos, medicamentos e a forte prática religiosa no local. “os pacientes formam uma roda antes das refeições e um membro da comunidade terapêutica reza um pai nosso”, diz a reportagem, além dos agradecimentos a Deus, que são recorrentes. Caso não seguissem, eram punidos com o desligamento do tratamento.
As parlamentares mostram que há a violação da liberdade religiosa, bem como as diretrizes das Comunidades Terapêuticas, apresentadas no artigo 6º, V, da Portaria 131/2012, do Ministério da Saúde. Nela, é expresso que tais comunidades devem “respeitar a orientação religiosa do residente, sem impor e sem cercear a participação em qualquer tipo de atividade religiosa durante a permanência na entidade”.
Para Seixas, ” esse modelo de comunidades terapêuticas abre espaço para práticas não científicas, já que essas instituições religiosas – como é o caso da Comunidade Nova Esperança – tem intenções ligadas a evangelização, o que não condiz com o estado laico”.
A deputada completa dizendo que a forma que se tem para contornar tais práticas é com o “investimento massivo em assistência social com a contratação de novos profissionais e um atendimento humanizado aos dependentes”.
A Comunidade Nova Esperança, segundo a reportagem da Folha de S.Paulo, recebe do Governo Estadual de São Paulo cerca de R$1.600 por dependente químico que é levado à instituição.
É pedido que seja aberto um inquérito de investigação acerca de possíveis irregularidades e ilegalidades na Comunidade Nova Esperança, sendo aberto denúncias caso cabíveis à instituição.
Uma das propostas da Chapa 2 – “Nova OAB” para fortalecer a inclusão dentro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) é a criação de uma Comissão de Inclusão e Acessibilidade. De acordo com o candidato à presidência Pedro Paulo, o projeto visa garantir que advogados e advogadas que enfrentam dificuldades por conta de alguma deficiência encontrem portas abertas e todo suporte necessário dentro da entidade.
A ideia da implantação da comissão surgiu após sugestão da advogada Franciele Rahmeier, diagnosticada com transtorno do espectro autista. A jurista, que é candidata à secretária-geral da subseção de Primavera do Leste, declarou seu apoio a Pedro Paulo. Para ele, a Seccional mato-grossense precisa estar sempre aberta a ouvir, debater e criar medidas que garantam equidade também dentro da advocacia.
“Inclusão é conscientização. É ouvir, colocar-se no lugar do outro e permitir que cada um possa contribuir da melhor forma, com as suas experiências. Essa proposta vai auxiliar outros advogados e advogadas, que enfrentam as mesmas dificuldades da Drª Franciele, e assegurar a participação nas discussões sobre o tema em diversas esferas da política. Agradeço a ela por nos abrir os olhos para essa questão”, argumenta Pedro Paulo.
A advogada recebeu o diagnóstico há pouco mais de um ano, mas relata que desde antes tem enfrentado muitas dificuldades. Segundo ela, a principal é o julgamento preconceituoso que, muitas vezes, classifica essas pessoas como incapazes. Ainda conforme Franciele, dentro da própria OAB há esses obstáculos, principalmente quando se procura amparo para o desenvolvimento tranquilo da profissão.
“A gente precisa incluir para igualar essas classes. Tem muita gente que pergunta ‘cadê a OAB?’. A OAB, infelizmente, parece que tem medo de dar a cara a tapa em relação aos direitos que são nossos. O Pedro Paulo deu atenção a essa proposta não com teor político, mas com teor de acolhimento, no sentido de propor a mudança dessa realidade que temos hoje. Estávamos esquecidos e agora estamos sendo ouvidos”, afirma Franciele Rahmeier.
A chapa liderada por Pedro Paulo tem como vice-presidente a Drª Luciana Castrequini, como secretário-geral o Drº Daniel Paulo Maia Teixeira, a secretária-adjunta Drª Adriana Cardoso Sales de Oliveira e como tesoureiro o Drº Rodolpho Augusto Souza Vasconcellos Dias. O grupo, formado ainda por conselheiros titulares e suplentes, reúne membros da Capital e também de subseções do interior.