Além de decretar luto, o líder supremo também nomeou o vice-presidente Mohamad Mokhber como presidente interino, que deve preparar eleições presidenciais em 50 dias ao lado dos chefes do Poder Legislativo e Judiciário do país.
Os impactos da morte de Raisi ainda são debatidos por internacionalistas, principalmente no que diz respeito às relações exteriores. Uma das incógnitas é a situação entre Irã e Israel. Entenda:
Israel e Irã
O Irã apoia dois grupos terroristas com os quais Israel está atualmente em combate em duas frentes: o Hezbollah, no Líbano, e o Hamas, na Faixa de Gaza. Além disso, os rebeldes houthis do Iêmen estão atacando embarcações israelenses no Mar Vermelho.
Durante a guerra em Gaza, que começou em 7 de outubro do ano passado com os ataques do Hamas, Irã e Israel trocaram ataques diretos em abril, um evento sem precedentes.
Em 13 de abril de 2024, o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, em conjunto com as Forças de Mobilização Popular do Iraque, o grupo libanês Hezbollah e os Houthis do Iêmen, realizou ataques contra Israel sob o codinome Operação Promessa Verdadeira, empregando drones, mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos.
Após a morte de seu presidente, o Irã deve manter apoio à Palestina e não mudar as suas posições políticas contra Israel. Ainda, o parlamentar israelense Avigdor Liberman, líder do partido de oposição Yisrael Beytenu, afirmou ao site de notícias Ynet que nada nas políticas do Irã no Oriente Médio deve mudar.
“Para nós, não importa, não afetará a atitude de Israel [em relação ao Irã]. As políticas do Irã são definidas pelo líder supremo [aiatolá Ali Khamenei]”, disse Liberman.
Ao The New York Times, Meir Javedanfar, professor iraniano-israelense da Universidade Reichman, em Israel, declarou que os pesquisadores do programa nuclear iraniano e líderes militares são mais importantes para o regime dos aiatolás do que o presidente do país.
“Sua ausência ou presença não teria muito impacto. O mesmo não pode ser dito de um cientista nuclear, trabalhando num programa que poderia produzir uma bomba nuclear para ameaçar Israel”, disse Javedanfar.
Javedanfar afirmou que Raisi não era mais do que “um soldado de infantaria do líder supremo” e “um servo leal, com pouca influência dentro do regime”.
Ao iG , Nathana Garcez, internacionalista e Investigadora Colaboradora na Universidade de Coimbra, diz acreditar que “não deve haver nenhuma mudança muito drástica. O Irã deve continuar apoiando a Palestina independentemente da figura enquanto presidente”.
“Mas, em um contexto geral, acho que a postura do Irã deve ficar mais zelosa em relação a Israel, ainda que o falecido presidente já tinha um perfil de enfrentamento, então vai ser difícil encontrar um outro presidente com o mesmo segmento igual ao de Raisi”, acrescenta ela.
O que acontece após a morte de Ebrahim Raisi?
“A postura agora é de manutenção dentro do governo iraniano neste primeiro momento. A longo prazo, a morte de Raisi não afeta muito a política de Estado, porque ela ultrapassa a figura do chefe de governo”, diz Nathana.
Sobre o sucessor de Ebrahim, a pesquisadora diz que se deve esperar um “sucessor também bastante conservador e que se aproxime das características do Raisi, que era o favorito para se tornar o próximo líder supremo do Irã. Isso indica que um candidato importante nas próximas eleições deve ser o vice-presidente e presidente interino do país, Mohammad Mokhber. Ele é um candidato à sucessão natural, ainda que seja considerado menos conservador do que Raisi”, afirma Nathana Garcez.
A possibilidade de disputas políticas em torno da sucessão não é descartada , visto que alguns nomes já circulam pelo parlamento. Alguns deles são: Saeed Jalili, figura política importante que já desempenhou papéis como negociador-chefe do acordo nuclear e membro do Conselho de Discernimento, e Mohammad Baqer Qalibaf, ex-prefeito de Tehran.
Qual o tipo de regime do Irã?
“O regime do Irã é bastante único no planeta”, diz Nathana.
Segundo a internacionalista, o chefe de Estado é o líder supremo, um aiatolá, que é escolhido pela Assembleia de Especialistas (88 clérigos de grande virtude que ficam em tal cargo por oito anos). O cargo de líder supremo é vitalício e o líder supremo detém poder sobre as forças armadas e a mídia pública, e é o chefe do judiciário. Mas se o Chefe de Estado não é eleito por voto direto, a Assembleia de Especialistas é. Ela, assim como o Parlamento iraniano e o próprio presidente do Irã, são escolhidas por voto direto da população iraniana maior de 18 anos de idade.
O parlamento tem cerca de 290 legisladores e é a instituição responsável pela formulação de leis, assim como pela ratificação de tratados internacionais e elaboração do orçamento público. No entanto, as leis criadas no parlamento ainda passam por um último crivo antes de entrarem em vigor: o Conselho dos Guardiões. O Conselho dos Guardiões é formado por 12 membros, sendo 6 clérigos escolhidos pelo líder supremo e seis juristas escolhidos pelo parlamento. Eles são os responsáveis por analisar se as leis criadas estão de acordo com a Shariah/lei islâmica.
“Cabe mencionar que o papel do presidente no Irã acaba sendo de menor potência em comparação com outras repúblicas presidencialistas, já que o papel de líder do executivo cabe ao líder supremo de acordo com a constituição no Irã. Ainda assim, ele é o segundo político mais importante do país e é responsável pela criação do seu próprio gabinete de governo, com membros responsáveis pela gestão do governo também”, explica Garcez.
Relação entre Brasil e Irã
Os dois países começaram a se relacionar em 1903, evoluindo positivamente ao longo dos anos. Durante a Revolução Islâmica de 1979, os laços comerciais com o Brasil se fortaleceram, fazendo do Irã um importante importador de commodities brasileiras.
No primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sob o governo de Mahmoud Ahmadinejad, as relações políticas se estreitaram, fazendo com que Brasília, junto com a Turquia, tentasse um acordo nuclear entre o Irã e o Ocidente. Os Estados Unidos negaram o acordo, mas o Brasil manteve boas relações com o Irã, como tem até hoje.
“O Brasil e o Irã tem relações cordiais e uma série de parcerias econômicas e de projetos de desenvolvimento. A boa relação deve se manter, até pela recente entrada do Irã nos BRICS + (grupo de países de mercado emergente)”, avalia a internacionalista Nathana Garcez.
Uma das propostas da Chapa 2 – “Nova OAB” para fortalecer a inclusão dentro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) é a criação de uma Comissão de Inclusão e Acessibilidade. De acordo com o candidato à presidência Pedro Paulo, o projeto visa garantir que advogados e advogadas que enfrentam dificuldades por conta de alguma deficiência encontrem portas abertas e todo suporte necessário dentro da entidade.
A ideia da implantação da comissão surgiu após sugestão da advogada Franciele Rahmeier, diagnosticada com transtorno do espectro autista. A jurista, que é candidata à secretária-geral da subseção de Primavera do Leste, declarou seu apoio a Pedro Paulo. Para ele, a Seccional mato-grossense precisa estar sempre aberta a ouvir, debater e criar medidas que garantam equidade também dentro da advocacia.
“Inclusão é conscientização. É ouvir, colocar-se no lugar do outro e permitir que cada um possa contribuir da melhor forma, com as suas experiências. Essa proposta vai auxiliar outros advogados e advogadas, que enfrentam as mesmas dificuldades da Drª Franciele, e assegurar a participação nas discussões sobre o tema em diversas esferas da política. Agradeço a ela por nos abrir os olhos para essa questão”, argumenta Pedro Paulo.
A advogada recebeu o diagnóstico há pouco mais de um ano, mas relata que desde antes tem enfrentado muitas dificuldades. Segundo ela, a principal é o julgamento preconceituoso que, muitas vezes, classifica essas pessoas como incapazes. Ainda conforme Franciele, dentro da própria OAB há esses obstáculos, principalmente quando se procura amparo para o desenvolvimento tranquilo da profissão.
“A gente precisa incluir para igualar essas classes. Tem muita gente que pergunta ‘cadê a OAB?’. A OAB, infelizmente, parece que tem medo de dar a cara a tapa em relação aos direitos que são nossos. O Pedro Paulo deu atenção a essa proposta não com teor político, mas com teor de acolhimento, no sentido de propor a mudança dessa realidade que temos hoje. Estávamos esquecidos e agora estamos sendo ouvidos”, afirma Franciele Rahmeier.
A chapa liderada por Pedro Paulo tem como vice-presidente a Drª Luciana Castrequini, como secretário-geral o Drº Daniel Paulo Maia Teixeira, a secretária-adjunta Drª Adriana Cardoso Sales de Oliveira e como tesoureiro o Drº Rodolpho Augusto Souza Vasconcellos Dias. O grupo, formado ainda por conselheiros titulares e suplentes, reúne membros da Capital e também de subseções do interior.