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Como a desaceleração econômica dos Estados Unidos afeta o Brasil?

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Embora o cenário econômico dos Estados Unidos esteja apresentando apenas uma desaceleração, e não uma recessão, ele ainda lança sombras sobre o Brasil
Brett Sayles/Pexels

Embora o cenário econômico dos Estados Unidos esteja apresentando apenas uma desaceleração, e não uma recessão, ele ainda lança sombras sobre o Brasil

As recentes atas da última reunião do Federal Reserve (Fed), divulgadas nesta quarta-feira (21), trouxeram ainda mais atenção ao cenário econômico dos Estados Unidos e seus possíveis reflexos globais.

Embora a inflação caminhe em direção à meta de 2%, a economia norte-americana ainda enfrenta uma desaceleração. Tal panorama gera discussões em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, que, devido à sua posição no mercado global, responde direta e indiretamente às medidas tomadas pelo banco central dos EUA.

Os membros do Federal Open Market Committee (FOMC), responsáveis pela política monetária norte-americana, destacaram em sua última reunião que a atividade econômica nos Estados Unidos segue desacelerando, embora não tão acentuadamente quanto se previa.

O documento revela um debate acirrado sobre a necessidade de manter ou reduzir as taxas de juros, em meio ao temor de que uma flexibilização precoce possa reverter os progressos obtidos no controle da inflação.

Diante desse contexto, surge também a preocupação sobre como a economia brasileira, profundamente conectada aos fluxos financeiros internacionais, pode ser afetada por uma desaceleração econômica nos Estados Unidos. Para entender melhor, o iG Último Segundo ouviu Flávio Miranda, professor de Economia Política do IE/UFRJ, e Vitor Schincariol, professor de História Econômica da UFABC.

A desaceleração da economia dos Estados Unidos

Primeiramente, é necessário destacar que os Estados Unidos ainda não enfrentam uma recessão. Vitor Schincariol, da UFABC, sublinha que “o que há é uma desaceleração da atividade econômica gradual, desde 2021”. Segundo ele, uma recessão é registrada após “vários quadrimestres com atividade econômica negativa”, o que não configura o atual cenário estadunidense.

Flávio Miranda, professor do IE/UFRJ, ressalta que “as decisões futuras do Federal Reserve acerca do nível das taxas de juros têm enorme peso na determinação dos resultados futuros em termos de crescimento econômico”, e é por isso que a atenção está tão voltada para as taxas de juros atualmente. No entanto, ele observa que “o que tem havido são dados conflitantes”.

“A taxa oficial de desemprego aumentou, assim como pesquisas sobre o nível da atividade industrial indicam contração. Dados sobre criação de novos postos de trabalho, divulgados nesta semana, fortalecem um sentimento pessimista acerca das possibilidades para a economia do país”, explica Miranda.

Embora a desaceleração não caracterize uma recessão, ela traz consigo riscos. A política monetária dos Estados Unidos tem sido crucial para manter o dólar forte e a inflação sob controle, o que, segundo Schincariol, explica a relutância do Fed em tocar nas taxas de juros. “O aumento das taxas de juros intensificaria a desaceleração econômica, elevando o custo do crédito, do consumo e dos investimentos, além de valorizar ainda mais o dólar”, afirma o professor.


As repercussões no Brasil e no mundo

Para Miranda, é importante destacar que “segue pesando sobre as decisões da política monetária estadunidense os compromissos que tiveram de ser assumidos a partir das transformações impostas pela dinâmica do capitalismo global que tiveram lugar a partir dos anos 1970”.

Ele destaca ainda que os “solavancos” em curso dentro do cenário geopolítico, assim como as incertezas acerca dos resultados da economia interna, aumentam a dramaticidade do cenário.

“A posição hegemônica dos EUA depende da capacidade do país seguir atraindo capital, o que tem por pressuposto a manutenção do dólar como moeda de referência mundial e, portanto, a persecução de taxas bastante baixas de inflação”, explica, ainda.

O aumento dos juros norte-americanos afeta diretamente o Brasil ao valorizar o dólar e desvalorizar o real, o que leva a um maior investimento nos papéis dos Estados Unidos, conforme destaca Schincariol.

“Isso dificulta uma queda da Selic nas decisões do Banco Central, pois o aumento dos juros nos EUA impacta negativamente a entrada de capital estrangeiro em busca de títulos emitidos no Brasil, ainda que em dólar.”

“A desvalorização do real tem impacto direto na inflação brasileira, que oficialmente o Bacen busca controlar mediante a taxa de juros, principalmente”, continua Schincariol, evidenciando esse efeito dominó.

Ele também observa que o Banco Central brasileiro “não menciona controles mais estritos de preços ou políticas de renda para controlar a inflação, nem muito menos em reindustrialização para diminuir a dependência de importações”.

Uma resposta do BC

Nesse contexto, as declarações de Roberto Campos Neto, da última terça-feira (20), presidente do Banco Central (BC) do Brasil, ganham especial relevância. Ao afirmar que “se precisar subir os juros, vamos subir os juros”, a autoridade sinaliza uma postura alinhada com as necessidades de resposta às pressões externas, principalmente as provenientes dos Estados Unidos.

Miranda critica a posição, argumentando que ela revela “a completa submissão da instituição, assim como da política monetária como um todo, aos interesses do mercado, isto é, dos grandes agentes do capital financeiro. O que se sinaliza, desta forma, é a disposição em seguir fazendo o que for preciso para garantir a valorização fictícia do capital financeiro, sem qualquer sensibilidade com os custos sociais resultantes”.

Schincariol complementa, destacando que “maiores juros nos EUA diminuem o fluxo de capitais ao Brasil, valorizam o dólar, e assim desvalorizam o real, o que aumenta a inflação brasileira. A resposta do Banco Central tende a ser ortodoxa, focando em maiores juros, sem grandes mudanças na política econômica”.

Embora o cenário econômico dos Estados Unidos esteja apresentando apenas uma desaceleração, e não uma recessão, ele ainda lança sombras sobre o Brasil.

Com a inflação sob controle e a política monetária norte-americana em um momento crítico, o Brasil se vê diante de desafios complexos, que demandam respostas cuidadosas para evitar impactos negativos profundos.

As decisões que serão tomadas tanto pelo Fed quanto pelo Banco Central brasileiro nos próximos meses serão cruciais para determinar o rumo econômico do país em um cenário global cada vez mais incerto.

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Fonte: Internacional

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Putin confirma encontro com Xi Jinping na Rússia em outubro

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Foto da agência russa Sputnik mostra o presidente russo Vladimir Putin e o homólogo chinês Xi Jinping em Astana, em 3 de julho
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Foto da agência russa Sputnik mostra o presidente russo Vladimir Putin e o homólogo chinês Xi Jinping em Astana, em 3 de julho


O presidente da Rússia, Vladimir Putin,  confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.

O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.

De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.

Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.

“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.

O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.

A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.

Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.

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Fonte: Internacional

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