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MATO GROSSO

Comigrar reúne mais de 200 participantes para subsidiar políticas públicas para migrantes, refugiados e apátridas

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Mais de 200 pessoas participaram da segunda edição do Comigrar – Conferência Estadual de Migrações, Refúgio e Apatridia, realizada nesta quinta e sexta-feira (21 e 22), pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT). Na ocasião, foram eleitos oito delegados, sendo três do Governo Estadual e Municipal, três imigrantes e dois da sociedade civil organizada. Eles irão representar Mato Grosso na edição nacional promovida pela Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Senajus/MJSP), em junho deste ano, em Foz do Iguaçu (PR). 

A secretária da Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania (Setasc/MT), Grasi Bugalho, que representou o Governo do Estado no evento, falou sobre a importância de se discutir políticas públicas voltadas para a questão da migração, e principalmente do atendimento e tratamento dos migrantes.

“Essa noção de migração vai se perdendo com as gerações e traz a noção de territorialidade, que a gente usa muito na Assistência Social. A gente transforma um território num lar, que dá significado para nossa existência. Tirando os povos indígenas, que nasceram aqui, todos nós somos migrantes, e essa pauta sobre migração é muito importante e é de todos nós. Nós sabemos que é uma pauta difícil, que precisa de política transversal, mas o fato de ser difícil nos dá mais coragem de buscar uma política pública efetiva”, completou.

O objetivo do evento estadual é promover discussões e produzir material consultivo e de referência para a formulação de políticas públicas voltadas ao tema, além subsidiar a elaboração do 1º Plano Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia, que irá contar com propostas de todo país. A segunda edição de Mato Grosso reuniu migrantes venezuelanos, bolivianos, haitianos, indígenas, profissionais da rede de proteção, servidores da Segurança Pública, Saúde, Educação e sociedade civil.

A presidente da II Comigrar e membro da comissão organizadora, Cleidi Eliane de Souza, destaca que a escuta das propostas dos migrantes foi fundamental, enfatizando a importância do acesso ao idioma.

“Vamos trabalhar para proporcionar serviços que facilitem o acesso dos migrantes à língua portuguesa. Na área da educação, é essencial que os professores dominem outros idiomas, como inglês e espanhol, para garantir a comunicação. Da mesma forma, nos setores de saúde, sistema de justiça, assistência social e segurança pública, precisam contar com intérpretes para atender às necessidades dos estrangeiros. Havendo a necessidade de desburocratizar a regularização documental, pois assim facilitará o acesso aos serviços”.

Cleidi, que também é servidora da Saúde, expressa sua honra em exercer a função de presidente nesta segunda edição e, sobretudo, em contribuir para a defesa das propostas de saúde dos imigrantes em Mato Grosso. “Ouvimos atentamente suas necessidades e, a partir de agora, estamos cientes do que precisamos aprimorar para oferecer um melhor atendimento em saúde “. 

“A Conferência reforça o compromisso com os valores fundamentais de humanidade, dignidade e justiça. Somos testemunhas da coragem e esperança de cada pessoa afetada pela migração, refúgio e apatridia. A Comigrar também celebra o trabalho dos profissionais, pesquisadores, servidores públicos e organizações da sociedade civil que se dedicam a essa importante causa”, ressaltou o secretário-adjunto em exercício da Sesp, tenente-coronel Adonival Coelho. 

A primeira Comigrar ocorreu em 2014 e foi um marco para os órgãos e entidades envolvidos no tema. “Há uma década reunimos 150 pessoas para tratar dessa questão. Agora, expandimos esse número para estabelecer metas ambiciosas para políticas públicas Estadual e Nacional de migrações, refúgio e apatridia”, acrescenta o gestor. 

Tráfico de pessoas e trabalho escravo 

A migração irregular pode resultar em situações extremas, como situação tráfico de pessoas e a exploração do trabalho em condições análogas à escravidão. Com objetivo de combater esses crimes, o Núcleo Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Netrap), que integra o Comitê Estadual de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas de Mato Grosso (Cetrap/MT), atua recebendo denúncias, fazendo acolhimento, ajudando regularização documental, busca por trabalho e qualificação profissional.  

Segundo a coordenadora do Netrap, Maria José Garcia, está em fase de planejamento a instalação de um Posto Avançado em Cáceres, na fronteira entre o Brasil e a Bolívia. Neste espaço, uma equipe interdisciplinar irá oferecer um atendimento humanizado aos migrantes, com o objetivo de identificar possíveis vítimas de tráfico de pessoas e oferecer encaminhamentos adaptados a cada situação. 

“Muitos migrantes evitam o contato com as autoridades devido à situação irregular em que se encontram. O Posto Avançado irá auxiliar na regularização de documentos, permitindo o acesso aos serviços básicos, como o SUS, por exemplo. Além disso, auxiliará na obtenção da carteira de trabalho, facilitando a reintegração deles ao mercado de trabalho e evitando que sejam submetidos a condições análogas à escravidão”, pontuou.

Recentemente, o esforço do Netrap resultou na inclusão de conteúdo relacionado ao enfrentamento ao tráfico de pessoas na grade curricular do curso de formação de alunos das instituições policiais e do Corpo de Bombeiros. 

“A Sesp, por meio do Núcleo Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, conseguiu incluir na grade curricular desses alunos temas que abordam o enfrentamento ao tráfico de pessoas e migração, de modo que os servidores, ao irem às ruas, estejam capacitados para identificar esses crimes. É importante destacar que o policial é quem tem o primeiro contato com uma vítima e, portanto, ele precisa ter um olhar diferenciado, sensível e saber dar os encaminhamentos corretos para as vítimas”, explica a coordenadora. 

Conferência Estadual 

Nesta edição, o tema foi “Cidadania em Movimento: Desafios e Perspectivas sobre Migrações, Refúgio e Apatridia”. Foram parceiros do evento a Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania (Setasc), Secretaria de Estado de Saúde (Ses-MT), Comitê Estadual de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas de Mato Grosso (Cetrap/MT), Organização Internacional para as Migrações (OIM) e Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).

As principais deliberações estavam relacionadas à criação de mecanismos que possibilitem o acesso aos serviços e políticas públicas; regularização documental e efetivação das leis existentes; rede de atendimento preparados para acolher nos casos de violação de direitos; capacitação dos servidores sobre a temática, bem como oferta de cursos de idiomas; e ainda articulação entre as esfera de governo para atendimento, construção de estratégia e serviços voltados a essa população.

Também estiveram presentes na Conferência o delegado federal Cristiano Nascimento; Jean Keiji Uema, Secretário Nacional de Justiça; Paulo Illes, Coordenador-Geral de Política Migratória; Thais La Rosa, representante da Organização Internacional para as Migrações; Nikolas de Camargo Pirani, representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR); Mauro Verzelleti, representando as organizações da sociedade civil que trabalham com migrantes, refugiados e apatridias; David Rapu do Consul da Bolívia no município de Cáceres; Divanea Grangeiro Arruda, coordenadora de Educação de Jovens e Adultos da Seduc; Duckson Jackson, representando os migrantes, refugiados e apátridas; Tatiane Barros Ramalho, conselheira Estadual da OAB-MT; Rita Chiletto, assessora de Assuntos Internacionais da Casa Civil; e Getúlio Pedroso, ouvidor-geral da Defensoria Pública do Estado.

Fonte: Governo MT – MT

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MATO GROSSO

Penas impostas a réus de 5 vítimas retratadas em mostra somam 107 anos

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A edição 2024 dos “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” chegou à Sede das Promotorias de Justiça da Capital promovendo a conscientização sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres por meio da 1ª Mostra Fotográfica das Vítimas de Feminicídio em Cuiabá. Com apoio do Ministério Público, a exposição itinerante da Prefeitura Municipal de Cuiabá é realizada pela Secretaria Municipal da Mulher e ficará em cartaz no local até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Dos 11 réus autores dos feminicídios cometidos contra as vítimas retratadas na exposição fotográfica, cinco já foram submetidos a julgamento. Somadas, as penas aplicadas totalizam 107 anos de prisão. Entre os seis réus que ainda não foram julgados, somente Gilson Castelan de Souza, autor do feminicídio cometido contra Silbene Duroure da Guia, está foragido.

A mãe de uma das vítimas, Antônia Maria da Guia, que é avó de quatro netos e bisavó de uma menina de 9 anos, participou da solenidade de abertura da exposição fotográfica realizada nesta quinta-feira, 21 de novembro. Emocionada, a auxiliar judiciária clamou por justiça e lembrou do relacionamento conturbado da filha. “Foram cinco anos de relacionamento entre idas e vindas. Ela esperava que ele mudasse, mas isso não aconteceu. Então eu peço para as mulheres que, em qualquer sinal de violência, denunciem, busquem ajuda, não fiquem caladas. Precisamos parar com essa tragédia. Nenhuma mulher merece morrer”, disse.

De acordo com a procuradora de Justiça Elisamara Sigles Vodonós Portela, o estado de Mato Grosso registrou, em 2024, a morte de 40 mulheres, e cerca de 70 crianças entraram na estatística de órfãos do feminicídio. “Esta exposição é para apresentar quem são essas vítimas, quem são essas mulheres, mães, avós, filhas e o resultado do que aconteceu com esses assassinos. O Ministério Público tem se empenhado para a completa aplicação da Lei Maria da Penha. Hoje, com a alteração significativa no Código Penal, a punição mais severa na legislação brasileira é para o crime de feminicídio, e nós esperamos que isso possa causar impacto na redução desses números”.

A primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro, reforçou a importância da visibilidade ao tema, destacando que a prevenção começa com debate, informação e ações que promovam segurança, justiça e igualdade. “Infelizmente, as marcas do feminicídio continuam a assombrar nossa sociedade. Vidas preciosas foram interrompidas pela brutalidade e pela misoginia. Quanto mais falamos, mais aprendemos, menos tememos e mais avançamos no fortalecimento da rede de enfrentamento à violência”, disse.

Para a secretária-adjunta da Mulher de Cuiabá, Elis Prates, ações de conscientização são essenciais: “É um momento de fortalecimento na luta pelo fim da violência contra a mulher, porque só assim conseguimos mudar essa realidade por uma sociedade mais justa, mais igualitária, para que todas possam fazer uso dos seus direitos como cidadãs brasileiras”, pontuou.

Fonte: Ministério Público MT – MT

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