A festa é investigada pela Polícia Civil . Os advogados de Fabrício disseram que ele intermediou locação da mansão porque o dono exigiu que uma das partes locatárias fosse brasileira.
“Pelo fato de conhecer diversas pessoas na região de São Paulo, tão somente viabilizou a contratação de DJs e sistemas de som. À exceção das duas ocasiões acima retratadas, participou do evento apenas como convidado, não havendo qualquer exigência de título oneroso para que este permanecesse no local”, disse a defesa do coach.
Fabrício recebeu o Auxílio Emergencial
Segundo o portal da transparência do governo federal, o coach brasileiro recebeu entre 2020 e 2021 R$ 5.950 em Auxílio Emergencial. Os valores de parcelas variavam de R$ 250 a R$ 600 em 2021. Ainda conforme o sistema governamental, apenas uma parcela de R$ 250 de abril de 2021 foi devolvida à União.
O primeiro auxílio recebido foi em abril de 2020 e o último, em outubro de 2021. Nas redes socais, em abril de 2020, ele divulgou o curso de treinamento “Marcar Encontros Online (MEO)” como “resultado de anos de estudo, prática e ação”.
Em agosto de 2020, ele comentou nas redes sobre morar em uma mansão em Jurerê, bairro nobre de Florianópolis, Santa Catarina.
“Há 3 anos atrás se você me falasse que eu ia estar morando em uma mansão em Jurerê, cercado de gente foda, e tendo a oportunidade de aprender e conhecer também mulheres incríveis, eu ia falar que você é louco de imaginar isso, mas eu desde o começo estive disposto a fazer o que fosse necessário para eu chegar nessa realidade que eu vivo hoje em dia”, disse Fabrício.
Em 2021, ele ensinava como “sair com 52 mulheres diferentes por ano com um simples plano de 3 passos”.
Festa investigada
A Polícia Civil de São Paulo investiga o recrutamento de brasileiras para uma festa na capital de São Paulo que funcionou como “aula prática”, segundo os relatos de quatro mulheres que estiveram no local.
Segundo as vítimas, que não sabiam que a festa se tratava de um curso e que os homens no local eram alunos, o evento foi promovido por Mike Pickupalpha e David Bond, do site “Millionaire Social Circle”, ou “Círculo Social de Milionários”.
Mike é já fez diversos vídeos para o Youtube filmando mulheres com câmeras escondidas em diversos países. Já “David Bond”, que na verdade é Steven Mapel, afirma ser um especialista em namoro on-line e produtor de conteúdo digital.
O curso cobra a partir de US$ 12 mil (R$ 63.046) em troca de consultoria de conquista e viajem de duas semanas para algum país. Além do Brasil, os estrangeiros realizaram edições na Costa Rica (em fevereiro de 2022), Colômbia (julho de 2022) e Filipinas (agosto de 2022). Segundo o site, o próximo curso será na Tailândia. O pacote com seis países é chamado de World Tour e sai por US$ 50 mil (R$ 262.695).
“Venha explorar com David e Mike e conheça as mulheres brasileiras ao redor do mundo que são conhecidas por serem divertidas, curvilíneas e apaixonadas”, dizia anúncio da viagem ao Brasil.
Publicado no site dos ‘coachs’, um vídeo mostra a dupla exibindo um kit para levar na bagagem: pílulas usadas para evitar gravidez em relações sexuais sem preservativo, camisinhas e perfumes com feromônios. Na reprodução, um dos homens chama as pílulas seguintes de “plano B” .
Quatro mulheres que estiveram na festa relataram ao portal g1, da rede Globo, que não sabiam que fariam parte de uma aula prática de conquista. Duas delas afirmaram que chegaram à festa por meio de convites em redes sociais. Já as outras duas, disseram que conheceram os supostos alunos do curso em um aplicativo relacionamento.
Uma delas chegou a registrar um boletim de ocorrência eletrônico na Polícia Civil afirmando que as mulheres foram filmadas sem autorização e que as imagens poderiam ser usadas no curso. As quatro disseram que não sabiam que os homens estrangeiros faziam parte das “aulas”.
Segundo ela, após a festa, disse ter visto vídeos publicados nas redes sociais em que ela aparece com os alunos da “mentoria” de conquista e foi isso que a fez denunciar o caso as autoridades. De acordo com a mulher, ela conheceu a mulher num aplicativo de relacionamento e foi convidada para jantar com os “amigos” dele.
“Saímos algumas vezes até ele me convidar para o jantar, que me disse que seria com amigos deles. Foi normal [o jantar] e conversamos sobre assuntos tranquilos, até porque eu queria praticar o inglês. Ficavam filmando o tempo todo e eu tentava me esquivar porque não gosto que me filmem”, lembra.
Após isso, ela foi convidada pelo homem para a festa na mansão.
“Na festa tinham muitas mulheres e nem todas sabiam falar inglês. Havia funcionários, DJ, garçons. Uma das mulheres me disse que foi por causa de um anúncio e aí achei estranho, porque ela disse que pagaram o transporte também. Eu achei que era algo mais reservado.”
A outra mulher, que também diz não saber que os homens eram alunos de um curso, também conheceu um deles pelo Tinder e saiu para jantar com ele e com supostos amigos.
“Conheci outras meninas brasileiras lá e até gostei, porque eu não sei muito bem inglês. Era um restaurante muito chique, até exagerado. O rapaz que eu saí me tratou muito normal, bem de início, criando um vínculo. Tinha gente de vários países. Não me senti desconfortável naquele momento.”
Ela diz que o encontro foi antes da festa, depois disso, ela recebeu um convite para colocar dados pessoais e fazer parte da lista do evento.
“Não fiquei até o fim da festa. Interagi mais com a meninas que conheci no jantar, mas conheci uma menor de idade que disse que conhecia pessoas na organização. Disse que logo faria 18 anos, mas estava numa festa de comida e bebidas à vontade. Não vi ela ficando com ninguém, mas disse que se sentiu incomodada ao ter visto um casal fazendo sexo em um dos quartos.”
O que dizem os mentores?
Em entrevista ao portal g1, Mike Pickupalpha, do site “Millionaire Social Circle”, foi questionado se informava as mulheres de que a festa era aula prática do curso de conquista. No entanto, a pergunta não foi respondida.
“Foi uma festa coorganizada com meus amigos brasileiros. Alguns trouxeram suas próprias namoradas. Uma festa com adultos consentidos que escolheram estar lá por livre e espontânea vontade. Comida, segurança e transporte adequado foram fornecidos.”
Já sobre haver menores de idade no ‘evento’, o ‘coach’ não negou, no entanto, disse que possivelmente havia câmeras de segurança no local e que a entrada foi fiscalizada. “No formulário de candidatura dissemos mais de 18 anos e pedimos à segurança para fiscalizar e fiscalizar todos.”
Uma das propostas da Chapa 2 – “Nova OAB” para fortalecer a inclusão dentro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) é a criação de uma Comissão de Inclusão e Acessibilidade. De acordo com o candidato à presidência Pedro Paulo, o projeto visa garantir que advogados e advogadas que enfrentam dificuldades por conta de alguma deficiência encontrem portas abertas e todo suporte necessário dentro da entidade.
A ideia da implantação da comissão surgiu após sugestão da advogada Franciele Rahmeier, diagnosticada com transtorno do espectro autista. A jurista, que é candidata à secretária-geral da subseção de Primavera do Leste, declarou seu apoio a Pedro Paulo. Para ele, a Seccional mato-grossense precisa estar sempre aberta a ouvir, debater e criar medidas que garantam equidade também dentro da advocacia.
“Inclusão é conscientização. É ouvir, colocar-se no lugar do outro e permitir que cada um possa contribuir da melhor forma, com as suas experiências. Essa proposta vai auxiliar outros advogados e advogadas, que enfrentam as mesmas dificuldades da Drª Franciele, e assegurar a participação nas discussões sobre o tema em diversas esferas da política. Agradeço a ela por nos abrir os olhos para essa questão”, argumenta Pedro Paulo.
A advogada recebeu o diagnóstico há pouco mais de um ano, mas relata que desde antes tem enfrentado muitas dificuldades. Segundo ela, a principal é o julgamento preconceituoso que, muitas vezes, classifica essas pessoas como incapazes. Ainda conforme Franciele, dentro da própria OAB há esses obstáculos, principalmente quando se procura amparo para o desenvolvimento tranquilo da profissão.
“A gente precisa incluir para igualar essas classes. Tem muita gente que pergunta ‘cadê a OAB?’. A OAB, infelizmente, parece que tem medo de dar a cara a tapa em relação aos direitos que são nossos. O Pedro Paulo deu atenção a essa proposta não com teor político, mas com teor de acolhimento, no sentido de propor a mudança dessa realidade que temos hoje. Estávamos esquecidos e agora estamos sendo ouvidos”, afirma Franciele Rahmeier.
A chapa liderada por Pedro Paulo tem como vice-presidente a Drª Luciana Castrequini, como secretário-geral o Drº Daniel Paulo Maia Teixeira, a secretária-adjunta Drª Adriana Cardoso Sales de Oliveira e como tesoureiro o Drº Rodolpho Augusto Souza Vasconcellos Dias. O grupo, formado ainda por conselheiros titulares e suplentes, reúne membros da Capital e também de subseções do interior.