Um alto conselheiro do governo chinês afirmou que o presidente da China, Xi Jinping, dissuadiu o homólogo russo, Vladimir Putin, de cometer um ataque nuclear na Ucrânia e que isso “foi fundamental para a campanha chinesa para reparar as relações abaladas com a Europa”.
A declaração foi dada anonimamente ao jornal Financial Times a respeito da invasão à Ucrânia, que deixou Moscou e a aliada Pequim de um lado, e a Europa e os Estados Unidos do oposto.
No entanto, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou à agência russa de notícias Tass que a informação de que Xi Jinping teria interferido pessoalmente é “uma invenção”.
Publicamente, a China se opõe ao uso de armamento nuclear na Ucrânia, mas apoiadores de Kiev vinham questionando se haveria esforços reais do país para negociar com a Rússia. Isso porque Pequim não só não criticou Moscou pela invasão, como também acusou o Ocidente de alimentar o conflito fornecendo armas à Ucrânia e reclamou de “atos danosos de hegemonia e domínio” por parte dos americanos com sanções unilaterais.
Para Alexander Gabuev, diretor do Carnegie Russia Eurasia Center, think tank de especialistas na região, é possível que a China não seja capaz de desencorajar inteiramente a Rússia de promover ataques nucleares.
“As armas atômicas são a última garantia que Putin tem para evitar a derrota catastrófica nessa guerra”, afirmou.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.