A China, principal mercado para as exportações brasileiras de carne bovina, anunciou uma investigação abrangente sobre as importações do produto. A medida, iniciada pelo Ministério do Comércio chinês, inclui todos os países exportadores, com foco em apurações desde 2019 até o primeiro semestre de 2024. Caso sejam identificados prejuízos à produção local, o governo chinês pode impor cotas ou tarifas adicionais às importações.
A notícia é preocupante porque em 2024, o Brasil exportou mais de 1 milhão de toneladas de carne bovina para o mercado chinês, um aumento de 12,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse volume representou mais de 50% das exportações brasileiras do setor.
O processo foi solicitado por entidades chinesas que alegam riscos de prejuízo à indústria local. Contudo, até o momento, não foram adotadas medidas preliminares, e a tarifa de 12% sobre as importações segue vigente.
O governo brasileiro, por meio dos Ministérios de Relações Exteriores, Agricultura e Pecuária e Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, manifestou confiança de que a investigação não resultará em barreiras comerciais significativas. Em nota conjunta, as autoridades destacaram que a carne brasileira complementa a produção local da China, sem causar prejuízos. “Sendo, pelo contrário, importante fator de complementariedade da produção local chinesa”, afirmou o comunicado.
Já a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) ressaltou a importância da parceria comercial entre os dois países e se colocou à disposição para dialogar com as autoridades chinesas. Segundo a entidade, a colaboração pode ajudar a mitigar eventuais impactos negativos e reforçar os laços comerciais.
Especialistas alertam que, em um cenário mais adverso, tarifas ou cotas podem impactar diretamente as exportações brasileiras, trazendo prejuízos para a cadeia produtiva da pecuária. No entanto, o Brasil busca fortalecer sua imagem como parceiro estratégico e confia na qualidade de sua carne para manter sua posição de destaque no mercado chinês.
Enquanto a investigação não é concluída, a expectativa é de que as negociações bilaterais e o histórico de relações comerciais positivas entre os dois países contribuam para evitar barreiras mais severas.
Fonte: Pensar Agro