A adolescência é sempre um período delicado da vida. Com tantas mudanças que passam a fazer parte da rotina da pessoa que se descobre a cada dia, é comum que surjam inseguranças de todos os tipos. No corpo não seria diferente e ele acaba sendo um dos principais responsáveis por encher a cabeça dos jovens com comparações e paranoias. Momento perfeito para aparecer questões como transtornos alimentares.
Recentemente, a empresária e modelo Sasha disse em uma entrevista que sofria de ansiedade e transtorno alimentar durante a adolescência. Apesar de não querer se expor neste período, a jovem é filha da apresentadora Xuxa, e a fama lhe impôs uma pressão difícil de lidar ao longo da vida.
Sofrer com transtornos alimentares é a realidade de mais de 20% da população jovem do mundo, entre seis e 18 anos, segundo um estudo publicado em 2023 na revista norte americana JAMA. Transtorno de compulsão alimentar, anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno alimentar restritivo/evitativo, transtorno de ruminação, síndrome do comer noturno são alguns dos tipos de transtornos alimentares existentes. Os números altos têm preocupado os especialistas. De acordo com o psiquiatra Antônio Geraldo, os transtornos são mais prevalentes em mulheres e começam na puberdade, por causa das mudanças físicas e hormonais que podem impactar a autoimagem.
“ A bulimia nervosa, por exemplo, é mais comum entre adolescentes do sexo feminino. Isso acontece porque as adolescentes estão insatisfeitas com seus corpos e tendem a fazer dietas extremas. Ela afeta aproximadamente de 3% a 5% das adolescentes do sexo feminino, os homens também podem ser afetados, mas geralmente em menor número ”, observa.
Segundo o médico, a faixa etária de maior incidência da bulimia nervosa em mulheres é entre 17 e 23 anos, enquanto nos homens ocorre um pouco mais tarde, entre 20 e 25 anos.
A psicóloga Emily Verde diz que tem recebido cada vez, em seus atendimentos, pessoas com diagnósticos de compulsão alimentar periódica e transtorno alimentar restritivo/evitativo, combinados com quadros de ansiedade generalizada. “ Os ideais de beleza propagados pela mídia e redes sociais têm levado os jovens a desenvolver uma imagem corporal negativa, pois elevam o nível de comparação ”, analisa. Ela ressalta que a necessidade de aceitação social pode estimular o desenvolvimento de comportamentos alimentares disfuncionais.
Para o psiquiatra Antônio Geraldo, não é possível afirmar que há uma relação direta entre os transtornos alimentares e ansiedade. “ No caso do transtorno de compulsão alimentar, por exemplo, pessoas diagnosticadas com a doença podem apresentar prejuízos psicológicos por causa de preocupações e frustrações excessivas com peso, mudanças de humor e baixa autoestima. A depender do caso, elas podem desenvolver outras comorbidades, como o transtorno de ansiedade e depressão ”, explica.
Sinais de alerta
Para evitar ou reduzir o impacto desses transtornos na vida dos adolescentes, os pais e mães devem ficar atentos aos sinais no comportamento dos filhos. Mudanças repentinas nos hábitos alimentares, como querer fazer refeições no quarto para não comer na frente de outras pessoas; vomitar após as refeições; comer excessivamente com frequência; evitar certos tipos de alimentos, além de alteração significativa no peso podem indicar que algo está errado na relação da pessoa com a comida, por isso o especialista recomenda uma investigação médica: “Estar atento aos sinais precoces e intervir com apoio e orientação adequados pode ajudar na prevenção dos transtornos alimentares”, avalia Geraldo.
Uma preocupação excessiva com o peso e a aparência, mudanças de humor (irritabilidade, depressão ou ansiedade extrema) e o isolamento social também são sinais citados pela psicóloga Emily Verde que devem ser levados em consideração pelas pessoas próximas, que têm um papel importante também em caso de diagnóstico.
Oferecer apoio emocional, sempre com um olhar compreensivo e evitar comentários sobre peso e aparência é essencial para contribuir com o tratamento e o mais importante, sem dúvidas, é incentivar a pessoa a procurar ajuda de um psiquiatra para tratamento adequado.
Segundo o psiquiatra Antônio Geraldo, os transtornos que mais afetam a população são a anorexia e bulimia nervosa e compulsão alimentar. Veja quais são as características de cada um:
Anorexia Nervosa: Caracteriza-se por uma perda neurótica de peso e uma busca insaciável da magreza através de uma recusa/restrição extrema da ingestão de alimentos, medo intenso de ganhar peso e uma imagem corporal distorcida. A AN afeta entre 0,3% a 0,6% da população e sua prevalência é menor em relação a outros transtornos alimentares.
Bulimia Nervosa : É caracterizado por uma compulsão alimentar, comer excessivamente, seguido de comportamentos para evitar ganho de peso, como vômito auto induzido ou uso de laxantes. A prevalência da BN é de 0,9 a 1,5% em mulheres e 0,1 a 0,5% em homens. Estudos mostram que cerca de 24 a 31% das pessoas diagnosticadas com bulimia nervosa já tinham diagnóstico de anorexia anteriormente.
Transtorno da Compulsão Alimentar: É o transtorno alimentar mais frequente na população geral e está associado a sobrepeso e a obesidade e é caracterizado por episódios recorrentes de ingestão de grandes quantidades de alimentos mesmo sem estar com fome, acompanhados de uma sensação de perda de controle ou de arrependimento e culpa após a refeição.
Uma das propostas da Chapa 2 – “Nova OAB” para fortalecer a inclusão dentro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) é a criação de uma Comissão de Inclusão e Acessibilidade. De acordo com o candidato à presidência Pedro Paulo, o projeto visa garantir que advogados e advogadas que enfrentam dificuldades por conta de alguma deficiência encontrem portas abertas e todo suporte necessário dentro da entidade.
A ideia da implantação da comissão surgiu após sugestão da advogada Franciele Rahmeier, diagnosticada com transtorno do espectro autista. A jurista, que é candidata à secretária-geral da subseção de Primavera do Leste, declarou seu apoio a Pedro Paulo. Para ele, a Seccional mato-grossense precisa estar sempre aberta a ouvir, debater e criar medidas que garantam equidade também dentro da advocacia.
“Inclusão é conscientização. É ouvir, colocar-se no lugar do outro e permitir que cada um possa contribuir da melhor forma, com as suas experiências. Essa proposta vai auxiliar outros advogados e advogadas, que enfrentam as mesmas dificuldades da Drª Franciele, e assegurar a participação nas discussões sobre o tema em diversas esferas da política. Agradeço a ela por nos abrir os olhos para essa questão”, argumenta Pedro Paulo.
A advogada recebeu o diagnóstico há pouco mais de um ano, mas relata que desde antes tem enfrentado muitas dificuldades. Segundo ela, a principal é o julgamento preconceituoso que, muitas vezes, classifica essas pessoas como incapazes. Ainda conforme Franciele, dentro da própria OAB há esses obstáculos, principalmente quando se procura amparo para o desenvolvimento tranquilo da profissão.
“A gente precisa incluir para igualar essas classes. Tem muita gente que pergunta ‘cadê a OAB?’. A OAB, infelizmente, parece que tem medo de dar a cara a tapa em relação aos direitos que são nossos. O Pedro Paulo deu atenção a essa proposta não com teor político, mas com teor de acolhimento, no sentido de propor a mudança dessa realidade que temos hoje. Estávamos esquecidos e agora estamos sendo ouvidos”, afirma Franciele Rahmeier.
A chapa liderada por Pedro Paulo tem como vice-presidente a Drª Luciana Castrequini, como secretário-geral o Drº Daniel Paulo Maia Teixeira, a secretária-adjunta Drª Adriana Cardoso Sales de Oliveira e como tesoureiro o Drº Rodolpho Augusto Souza Vasconcellos Dias. O grupo, formado ainda por conselheiros titulares e suplentes, reúne membros da Capital e também de subseções do interior.