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Economia

Campos Neto rebate Pacheco sobre juros e diz ter ‘timing técnico’

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Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central
Raphael Ribeiro/BCB

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, rebateu nesta sexta-feira (21) o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, sobre uma possível redução na taxa básica de juros, a Selic. Campos Neto disse que o “timing técnico é diferente do político”.

Um dia antes, Pacheco havia cobrado redução “imediata” dos juros , tendo em vista a queda da inflação acima do previsto, atrelada à entrega do novo arcabouço fiscal.

Campos Neto, no entanto, ressaltou que o trabalho do BC é técnico e transparente.

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“O Banco Central é um órgão técnico, que toma decisões baseadas em critérios técnicos e transparentes. O timing técnico é diferente do timing político, por isso que a autonomia [do Banco Central] é importante para dar à sociedade a garantia que temos funcionários técnicos, tomando decisões técnicas sem viés político“, disse.

Na apresentação de 24 minutos em evento promovido pelo Grupo Lide, no Reino Unido, Campos Neto argumentou que mais custoso que o combate à inflação é deixar que ela se descontrole.

“O custo de combater a inflação é alto e sentido primordialmente no curto prazo. Mas o custo de não combater é muito mais alto e perene“, disse.

O presidente do BC também fez críticas aos ruídos de uma eventual mudança na meta de inflação. Ele lembrou que países que seguiram esse rumo não conseguiram mais controlar os preços, como a Argentina e a Turquia, que lidam com inflação de 100% e 60%, respectivamente.

“O Brasil tem uma meta de inflação compatível com vários outros países emergentes. A inflação desancorada faz com que o custo da inflação seja muito mais alto e muito mais duradouro. Países que abandonaram o sistema de meta tiveram inflação muito mais alta“, disse.

RCN ressaltou, no entanto, que o novo arcabouço fiscal pode ajudar na redução da Selic. O texto foi enviado ao Congresso nesta terça-feira (18).

“O arcabouço vai na direção certa e elimina o risco de cauda [da dívida]. Insere critérios realistas. Tivemos o período do teto, mas tinha um pedaço por lei de crescimento real. Aumentava o chão e comprimia contra o teto. Acho que isso foi em parte corrigido. Quando o teto foi anunciado, teve uma reação dos mercados muito grande na época. Precisamos avançar e explicar melhor“, disse.

Segundo o presidente do Senado, a queda da Selic é uma questão de “responsabilidade”, atualmente em 13,75%. “Quero acreditar que o desejo do presidente do Banco Central, até pela responsabilidade que tem com o país e com o crescimento da economia, o desejo também seja da redução“, disse.

Senado ouve Campos Neto na terça

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado promove audiência pública interativa na terça-feira (25), a partir das 9h, para ouvir o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. A comissão quer informações sobre a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75%.

A reunião será feita na sala 19 da Ala Alexandre Costa, terá transmissão ao vivo pelo canal da TV Senado no YouTube e está aberta à participação de qualquer pessoa por meio do portal do e-Cidadania ou pelo Fale com o Senado.

A audiência foi requerida pelo presidente da CAE, o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO). Em seu requerimento (REQ 2/2023 — CAE), o senador registra que a atual taxa Selic de 13,75% vem sendo criticada por ser considerada muito elevada pela atual equipe econômica do governo federal. Segundo Vanderlan, a taxa Selic depende da avaliação de riscos e oportunidades do cenário macroeconômico feita pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

“Quando a taxa Selic aumenta, o acesso ao dinheiro pela população, tanto por linhas de crédito, empréstimos e financiamentos, fica reduzido. Assim, o consumidor deixa de fazer gastos maiores para poupar no período de alta inflacionária. A longo prazo, essa estratégia tende a frear a inflação para que seja possível gerar uma oferta mais barata de acordo com a demanda reduzida. Ao contrário, quando a Selic está em baixa, o estímulo ao consumo é maior e a economia tende a ficar mais aquecida. Ou seja, as pessoas consomem mais”, explica Vanderlan no requerimento.

Na mesma reunião também será atendido o REQ 5/2023 — CAE, do senador Alessandro Vieira (PSDB-SE), para que o presidente do BC preste informações sobre erro ocorrido na série de câmbio contratado nas estatísticas do setor externo do Banco Central, no período de outubro de 2021 a dezembro de 2022, referente ao total de US$ 14,5 bilhões. O erro na compilação dos dados do fluxo cambial (ou seja, o volume de dólares que entram e saem do país) foi constatado em janeiro de 2023.

Alessandro pede que Campos Neto esclareça o que permitiu o erro e a sua permanência por mais de um ano, quais providências foram adotadas para correção, quais foram os impactos negativos dessa falha na economia e que ações o BC está tomando para “aperfeiçoar os controles internos da instituição frente à sua clara insuficiência”.

“Por suas características, é bem possível que haja graves insuficiências nos controles internos da instituição, o que é especialmente preocupante dada a elevada importância do Banco Central na economia brasileira”, afirma Alessandro.

Fonte: Economia

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Economia

Brasileiros ainda não sacaram R$ 8,56 bi de valores a receber

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Os brasileiros ainda não sacaram R$ 8,56 bilhões em recursos esquecidos no sistema financeiro até o fim de julho, divulgou nesta sexta-feira (6) o Banco Central (BC). Até agora, o Sistema de Valores a Receber (SVR) devolveu R$ 7,67 bilhões, de um total de R$ 16,23 bilhões postos à disposição pelas instituições financeiras.

As estatísticas do SVR são divulgadas com dois meses de defasagem. Em relação ao número de beneficiários, até o fim de julho, 22.201.251 correntistas haviam resgatado valores. Apesar de a marca ter ultrapassado os 22 milhões, isso representa apenas 32,8% do total de 67.691.066 correntistas incluídos na lista desde o início do programa, em fevereiro de 2022.

Entre os que já retiraram valores, 20.607.621 são pessoas físicas e 1.593.630, pessoas jurídicas. Entre os que ainda não fizeram o resgate, 41.878.403 são pessoas físicas e 3.611.412, pessoas jurídicas.

A maior parte das pessoas e empresas que ainda não fizeram o saque tem direito a pequenas quantias. Os valores a receber de até R$ 10 concentram 63,01% dos beneficiários. Os valores entre R$ 10,01 e R$ 100 correspondem a 25,32% dos correntistas. As quantias entre R$ 100,01 e R$ 1 mil representam 9,88% dos clientes. Só 1,78% tem direito a receber mais de R$ 1 mil.

Depois de ficar fora do ar por quase um ano, o SVR foi reaberto em março de 2023, com novas fontes de recursos, um novo sistema de agendamento e a possibilidade de resgate de valores de pessoas falecidas. Em julho, foram retirados R$ 280 milhões, alta em relação ao mês anterior, quando tinham sido resgatados R$ 270 milhões.

Melhorias

A atual fase do SVR tem novidades importantes, como impressão de telas e de protocolos de solicitação para compartilhamento no WhatsApp e inclusão de todos os tipos de valores previstos na norma do SVR. Também haverá uma sala de espera virtual, que permite que todos os usuários façam a consulta no mesmo dia, sem a necessidade de um cronograma por ano de nascimento ou de fundação da empresa.

Além dessas melhorias, há a possibilidade de consulta a valores de pessoa falecida, com acesso para herdeiro, testamentário, inventariante ou representante legal. Assim como nas consultas a pessoas vivas, o sistema informa a instituição responsável pelo valor e a faixa de valor. Também há mais transparência para quem tem conta conjunta. Se um dos titulares pedir o resgate de um valor esquecido, o outro, ao entrar no sistema, conseguirá ver as informações: como valor, data e CPF de quem fez o pedido.

Expansão

Desde a última terça-feira (3), o BC permite que empresas encerradas consultem valores no SVR. O resgate, no entanto, não pode ser feito pelo sistema, com o representante legal da empresa encerrada enviando a documentação necessária para a instituição financeira.

Como a empresa com CNPJ inativo não tem certificado digital, o acesso não era possível antes. Isso porque as consultas ao SVR são feitas exclusivamente por meio da conta Gov.br.

Agora o representante legal pode entrar no SVR com a conta pessoal Gov.br (do tipo ouro ou prata) e assinar um termo de responsabilidade para consultar os valores. A solução aplicada é semelhante ao acesso para a consulta de valores de pessoas falecidas.

Fontes de recursos

No ano passado, foram incluídas fontes de recursos esquecidos que não estavam nos lotes do ano passado. Foram acrescentadas contas de pagamento pré ou pós-paga encerradas, contas de registro mantidas por corretoras e distribuidoras encerradas e outros recursos disponíveis nas instituições para devolução.

Além dessas fontes, o SVR engloba os seguintes valores, já disponíveis para saques no ano passado. Eles são os seguintes: contas-corrente ou poupança encerradas; cotas de capital e rateio de sobras líquidas de ex-participantes de cooperativas de crédito; recursos não procurados de grupos de consórcio encerrados; tarifas cobradas indevidamente; e parcelas ou despesas de operações de crédito cobradas indevidamente.

Golpes

O Banco Central aconselha o correntista a ter cuidado com golpes de estelionatários que alegam fazer a intermediação para supostos resgates de valores esquecidos. O órgão ressalta que todos os serviços do Valores a Receber são totalmente gratuitos, que não envia links nem entra em contato para tratar sobre valores a receber ou para confirmar dados pessoais.

O BC também esclarece que apenas a instituição financeira que aparece na consulta do Sistema de Valores a Receber pode contatar o cidadão. O órgão também pede que nenhum cidadão forneça senhas e esclarece que ninguém está autorizado a fazer tal tipo de pedido.

Fonte: EBC Economia

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