A Câmara dos Deputados da Itália aprovou de forma definitiva um projeto de lei que institui uma comissão parlamentar de inquérito sobre a gestão da pandemia de Covid-19 no país.
A votação, encerrada com placar de 132 a 86 em favor da CPI, terminou em tumulto devido ao discurso da deputada governista Alice Buonguerrieri, do partido de direita Irmãos da Itália (FdI), o mesmo da premiê Giorgia Meloni.
Em seu pronunciamento, o último antes da contagem dos votos, a parlamentar disse que Giuseppe Conte, do populista Movimento 5 Estrelas (M5S), e Roberto Speranza, do centro-esquerdista Partido Democrático (PD), foram, respectivamente, os “piores” premiê e ministro da Saúde da história italiana.
Em meio a gritos de “vergonha” nas bancadas de oposição, Buonguerrieri manteve o tom e disse que Conte e Speranza foram “condenados” pela gestão da pandemia, o que de fato não aconteceu.
As declarações geraram gritaria e empurra-empurra no plenário da Câmara, forçando a mesa diretora a suspender a sessão durante vários minutos.
Conte, premiê entre junho de 2018 e fevereiro de 2021, e Speranza, ministro da Saúde entre setembro de 2019 e outubro de 2022, foram alvos de um inquérito sobre possíveis omissões no início da pandemia, mas a Justiça decidiu arquivar o caso.
“Nenhum tribunal teve nada a dizer sobre o trabalho do governo”, disse Conte, que acusou a base aliada de Meloni de “covardia”. “Vocês só sabem dizer mentiras”, acrescentou.
Speranza, por sua vez, afirmou que o discurso de Buonguerrieri remeteu “ao pior momento atravessado por este país”, em referência à era fascista, e que o objetivo da CPI é “fazer propaganda política e campanha eleitoral, nada mais”.
O M5S e o PD também reclamam do fato de a comissão excluir os governos regionais, muitos deles comandados pela coalizão de direita que dá sustentação a Meloni, principalmente o da Lombardia, epicentro da pandemia na Itália.
O Parlamento é controlado atualmente pela base aliada da premiê, que passou todo o período mais grave da crise sanitária na oposição.