O rebanho bovino brasileiro, que alcança a expressiva marca de 202,8 milhões de cabeças, correspondendo a 12,18% do rebanho global e apresentando um aumento de 3,3% em comparação com 2021, consolida o Brasil como o segundo maior confinador de gado do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Este crescimento é acompanhado de avanços significativos na nutrição e rentabilidade do gado confinado, revelados por um recente estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Jaboticabal, São Paulo.
Conduzida pelo zootecnista e PhD em nutrição de ruminantes Danilo Millen, a pesquisa analisou a dieta de cerca de seis milhões de animais, representando 80% do total de bovinos confinados no país. Realizado entre 2023 e 2024, o estudo destacou uma preferência marcante pelo uso de milho (97,2% dos casos) e sorgo (85,7%), evidenciando uma tendência de redução no uso de volumosos na alimentação em favor de ingredientes mais concentrados.
Esta mudança na composição da dieta não apenas reduziu os custos operacionais para os produtores, como apontado por Millen, mas também resultou em um ganho de peso mais eficiente dos animais, permitindo um menor período de confinamento. Paralelamente, observou-se um aumento no percentual de animais confinados destinados ao abate, passando de 13,3% em 2021 para 18,2% em 2023, conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
Comparando-se os dados atuais com os de 2009, percebe-se uma significativa transformação na alimentação do gado confinado. A participação de volumosos (como silagem de milho, cana e capim) na dieta caiu de 28,8% para 15,7%, enquanto a de ingredientes concentrados, ricos em energia, aumentou de 71,2% para 84,3% ao longo de 15 anos. Este ajuste na nutrição não apenas otimiza a produção como reforça a posição do Brasil no cenário agropecuário global, alinhando práticas de confinamento com as demandas de eficiência e sustentabilidade.