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Cuiabá

Ativista angolana aponta roda de conversa como estratégia de cura e fortalecimento da população negra

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A ativista angolana Marisol Kadiegi foi a convidada especial da Secretaria da Mulher para a Roda de Conversa, realizada nesta segunda-feira (8), na sede do órgão municipal. Marisol foi obrigada a refugiar-se de seu país ainda na infância, por conta de uma guerra eclodida em 1960. Atualmente, ela usa toda sua experiência de vida e formação acadêmica para combater o racismo e a desigualdade.

Na roda de conversa, promovida em parceria com o Fórum de Mulheres Negras e as Guardiãs Abayomi, Marisol pôde não só compartilhar suas vivências, como também discutir estratégias efetivas de fortalecimento ao povo negro. Para ela, eventos como este, são ferramentas importantes nesse processo, pois permitem que as pessoas desenvolvam reflexões com maior profundidade sobre a busca e a consolidação dos direitos.

“As rodas de conversa têm um poder enorme e nós a usamos como estratégia de cura e fortalecimento entre os nossos pares. Ouvindo depoimentos de uma, ouvindo depoimento de outra, a gente vai tecendo as nossas colchas e nos fortalecendo. Nós temos que ter essas ferramentas, para discutirmos estratégias e buscarmos aquilo que é nosso, aquilo que é um direito humano”, disse a ativista.

Marisol contou que foi para Portugal em 1976, onde ficou em diversos locais destinados a refugiados, até ser “adotada”, em 1979, por uma brasileira e um português. Na residência do casal, ela relatou que foram anos desafiadores. A realidade encontrada foi a de exploração de trabalho, ficando por mais de dez anos em uma situação em que prestava serviços para receber em troca a alimentação e um local para dormir.

“O racismo existia e a verbalização do racismo também. A mulher, principalmente, fazia questão de se vangloriar como uma pessoa muito bondosa que tinha acolhido aquela refugiada. Depois, resolveu voltar para o Brasil e é claro que ela não poderia renunciar aquela mão de obra gratuita. Até que houve um dia em que ela abriu o portão para eu sair, pois com certeza ninguém iria me acolher”, lembrou.

Hoje, a ativista angolana é jornalista, pós-graduada em história cultural, pós-graduada em fotografia como suporte para imaginação, documentarista, e atua como repórter na Televisão Pública de Angola. Marisol destacou que, como mulher preta e refugiada, carrega como missão de vida contribuir no combate ao racismo e com o desenvolvimento de ações que promovam as mudanças necessárias.

“Eu acho que essa é a parte mais importante que constitui essa mulher chamada Marisol. Nossas histórias, durante muito tempo, foram representadas como histórias de pessoas que não se amam. Então, é pela nossa história, pela trajetória do povo negro, que construiu esse Brasil, essa Cuiabá, e que infelizmente, assim como os povos originários, ainda não tem a equidade na sociedade”, completou Marisol.

Para a secretária-adjunta da Mulher, Elis Regina Prates, as rodas de conversas são fundamentais para troca de experiências e o conhecimento de histórias que possam inspirar outras mulheres a ocupar seus espaços na sociedade em geral. Segundo ela, uma das funções da Secretaria de Mulher é possibilitar essas oportunidades que podem resultar na construção de políticas públicas efetivas.

As mulheres negras têm uma dificuldade muito grande de autoaceitação, de autoafirmação, pois historicamente não nos foram oferecidas oportunidades como esta. É algo que ainda estamos em um processo de construção. Então, é importante conhecer histórias inspiradoras, para que possamos também fazer a diferença na vida uma das outras e, assim, construirmos situações que atendam a todas em geral”, pontuou Elis.

Fonte: Prefeitura de Cuiabá – MT

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Cuiabá

Inauguração da sala de cinema no MISC marca as celebrações da 7ª edição do Festival Kwanza

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Na noite de quarta-feira (20), o Museu da Imagem e do Som de Cuiabá – MISC celebrou a inauguração da sua nova sala de cinema, o Cinemisc. O evento, parte da programação do 7º Festival Kwanza, marcou um momento histórico para a cultura cuiabana, especialmente para o audiovisual regional. A cerimônia também celebrou o Dia da Consciência Negra, com exibições que destacaram a relevância do cinema negro e mato-grossense.

A inauguração contou com a exibição de dois filmes: “Pandorga”, uma produção que simboliza um marco das políticas públicas no incentivo ao audiovisual, e “A Velhice Ilumina o Vento”, o filme mais premiado da história de Mato Grosso, reconhecido em eventos como o Festival Zózimo Bulbul, o maior festival de cinema negro da América Latina.

O secretário de Cultura, Esporte e Lazer de Cuiabá, Justino Astrevo, destacou a importância da nova sala:”Essa é a realização de uma antiga reivindicação do movimento audiovisual local. Nos últimos anos, a produção audiovisual cuiabana cresceu muito, mas faltava um espaço adequado para exibir essas obras. O Cinemisc é um marco, não só para os produtores locais, mas para a população em geral, que agora tem acesso gratuito a filmes da nossa terra”, comemorou.

A sala, que possui capacidade oficial para 50 pessoas e pode ser ampliada com cadeiras extras, foi projetada para oferecer uma experiência de cinema acessível e de alta qualidade técnica. De acordo com Cristóvão Luís Gonçalves da Silva, coordenador do MISC, o espaço é um sonho realizado para cineastas e produtores independentes. “Democratizar o acesso ao audiovisual era uma necessidade urgente. Agora, com essa sala, simplificamos o processo de exibição. É um lugar de encontro para artistas e público, com infraestrutura completa e sem custos para os realizadores”, afirmou Cristóvão.

A programação do Festival Kwanza segue nos dias 21 e 22 de novembro, com a exibição de outros filmes selecionados por Maurício Pinto, curador da mostra. Ele explicou a importância de trazer a temática negra para o centro do debate cultural. “O cinema negro é uma ferramenta poderosa para dar visibilidade às histórias e vivências da população negra. Esta sala, com exibições gratuitas e acessíveis, é um avanço imenso para a nossa cultura. Queremos resgatar e preservar a história, ao mesmo tempo em que criamos um espaço para novas narrativas.”

Além das exibições regulares às terças-feiras, o Cinemisc também estará disponível para cursos, oficinas e sessões agendadas por escolas e produtores locais.

Fonte: Prefeitura de Cuiabá – MT

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