A obra não é considerada uma obra-prima. O autor é pouco conhecido ou comentado, ao contrário de Alfredo Ceschiatti ou Bruno Giorgio. No entanto, uma de suas obras é icônica e muito querida pela população de Brasília. Estou falando daquela escultura popularmente chamada de “Berimbau,” que fica bem em frente à Torre de TV .
Brasília guarda interessantes histórias sobre alguns de seus monumentos, que já mencionamos aqui nesta coluna: A Loba Romana que um dia sumiu, a Pequena Sereia que ficou perdida em algum porão da cidade, os sinos da Catedral que encalharam junto com o navio que os transportava, entre outras. Mas talvez a história mais bizarra seja sobre o tal “Berimbau” da Torre de TV.
A escultura é altíssima, medindo 15 metros de altura (a escultura Dois Candangos, na Praça dos Três Poderes, mede 8 metros). A placa afixada ao lado da obra deixa claro o seu nome e autor: A Era Espacial, do artista Alexandre Wakenwith. Em qualquer lugar que se pesquise, vai estar lá: “Era Espacial – Alexandre Wakenwith”.
Mas, pasmem, os nomes corretos da obra e de seu autor (citados em vários jornais da época, início dos anos 1970) são: FORCE NOIR OU L’ODISSÉE DES SPASMES (Força Negra ou A Odisseia dos Espasmos) de ALEXANDRE WAKHEVITCH. Como assim? Mudaram os nomes?
A história
Georges Wakhevitch, nascido na Rússia, foi um famosíssimo cenógrafo de cinema, teatro e espetáculos de ópera e balé. Cidadão francês, fez cenografia para filmes de Jean Renoir e espetáculos do bailarino russo Nureyev. Nos anos 60, veio ao Brasil algumas vezes com a família para produzir cenários de espetáculos no Rio de Janeiro, como o Diário das Carmelitas e a ópera Le Fou, já em 1970. George, casado com a atriz também franco-russa Maria Carlo, teve dois filhos: Igor e Alexandre. O mais velho, Igor, se tornou um dos mais importantes compositores contemporâneos franceses, tendo trabalhado com Jean Michel Jarre e Salvador Dalí, para quem compôs a trilha musical de uma ópera-poema.
Já Alexandre, aspirante a escultor, se apaixonou por Brasília e veio para cá aos 18 anos de idade, em 1969, oferecer uma escultura sua para Lúcio Costa, que estranhamente aceitou de imediato instalar a obra aos pés da Torre de TV. Alexandre teve ajuda de Ítalo Campofiorito, um arquiteto francês radicado no Brasil e amigo de Lúcio Costa.
Toda essa história me pareceu tão instigante que precisava encontrar respostas. Conversei com Alexandre recentemente. Ele vive hoje na Itália e dedicou sua vida ao estudo da história das artes visuais da escola italiana. Segundo ele, a escultura não tem referência alguma com berimbau ou espaço. Pouco se lembra (lá se vão mais de 50 anos), mas seguramente, disse ele, a obra jamais se chamou “A Era Espacial”. A primeira e mais importante parte do nome, “Força Negra,” seria uma referência ao momento político do Brasil na época (1969), profundamente perturbador para ele, dada a repressão que via nas ruas. Já a segunda parte, “A Odisseia dos Espasmos,” Alexandre assegura que é totalmente irrelevante e teria sido somente uma brincadeira com o filme “2001: Uma Odisseia no Espaço,” de Stanley Kubrick, de 1968. Daí “Odyssée Des Spasmes,” um trocadilho com o título do filme, mas sempre em referência ao clima social tenso daqueles anos.
Alexandre, no entanto, àquela época, não era ninguém na fila do pão. Um artista totalmente inexpressivo. A crítica caiu em cima! A pressão foi tanta que o governo de Brasília da época quase cancelou a instalação. Mas Lúcio Costa já estava convencido de ter a obra ali na Torre.
A escultura foi instalada em 1970 com recursos da Novacap e sem valor algum pago a Alexandre. Em 1978, desabou. Ficou encostada por alguns anos em algum galpão do governo até decidirem o que fazer com ela. Estava em estado lastimável de oxidação. Chegaram os anos 1980 e a escultura apodreceu (contam que teriam que refazê-la, tal era o estado em que se encontrava).
A essa altura, ninguém mais lembrava do nome da escultura nem do autor. O único veículo impresso que cita a obra, já em 1987, é o Correio Braziliense, numa ampla matéria sobre o estado lastimável do que sobrou da escultura abandonada. Aí, na matéria, já chamam de “Era Espacial de Alexandre Wakenwith”. De onde terão saído esses nomes? Ninguém sabe, mas, a partir daí, já nos anos 90, os jornais passaram a chamar assim a obra e a se referir ao autor como “Warkenwits” e “Wakenmitch”! Comentei isso com Alexandre, que gargalhou: “Nunca me importei com isso, sabendo da dificuldade de soletrar meu sobrenome”. E prossegue: “Meu filho Andrei, quando era menino, não conseguia pronunciar corretamente o nome da família, então, para simplificar, ele se apresentava como Andrei Blablavich!”
Mas, voltando à nossa historinha, no final dos anos 80, a obra é finalmente recuperada pela Novacap e reinstalada no seu local de origem em março de 1990. Junto a ela, acrescentaram uma placa com o nome “Era Espacial” de “Alexandre Wakenwith,” provavelmente por influência das matérias das publicações daquela época, sem o devido cuidado de consultar o autor ou referências da instalação original da obra.
No final das contas, o nome oficial está errado. O sobrenome do autor está errado. O contexto da obra está com seu sentido alterado em relação à motivação do jovem autor. O nome popular de “Berimbau,” então, nem se fala. Mas que parece um berimbau, parece. E vai seguir sempre sendo nosso querido Berimbau da Torre de TV. Alexandre aprova o apelido.
* João Vicente Costa , o JVC, já fez de tudo um pouco: músico (5 Generais, Banda 80), DJ, programador musical, produtor de eventos, dono de bar (Bizarre), dono de restaurante (Antigamente). Hoje, administra pizzarias e há seis anos coleciona histórias não contadas de Brasília e adora compartilhar para os amantes da cidade nos grupos Memórias de Brasília e Bsbnight no Facebook
Uma das propostas da Chapa 2 – “Nova OAB” para fortalecer a inclusão dentro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) é a criação de uma Comissão de Inclusão e Acessibilidade. De acordo com o candidato à presidência Pedro Paulo, o projeto visa garantir que advogados e advogadas que enfrentam dificuldades por conta de alguma deficiência encontrem portas abertas e todo suporte necessário dentro da entidade.
A ideia da implantação da comissão surgiu após sugestão da advogada Franciele Rahmeier, diagnosticada com transtorno do espectro autista. A jurista, que é candidata à secretária-geral da subseção de Primavera do Leste, declarou seu apoio a Pedro Paulo. Para ele, a Seccional mato-grossense precisa estar sempre aberta a ouvir, debater e criar medidas que garantam equidade também dentro da advocacia.
“Inclusão é conscientização. É ouvir, colocar-se no lugar do outro e permitir que cada um possa contribuir da melhor forma, com as suas experiências. Essa proposta vai auxiliar outros advogados e advogadas, que enfrentam as mesmas dificuldades da Drª Franciele, e assegurar a participação nas discussões sobre o tema em diversas esferas da política. Agradeço a ela por nos abrir os olhos para essa questão”, argumenta Pedro Paulo.
A advogada recebeu o diagnóstico há pouco mais de um ano, mas relata que desde antes tem enfrentado muitas dificuldades. Segundo ela, a principal é o julgamento preconceituoso que, muitas vezes, classifica essas pessoas como incapazes. Ainda conforme Franciele, dentro da própria OAB há esses obstáculos, principalmente quando se procura amparo para o desenvolvimento tranquilo da profissão.
“A gente precisa incluir para igualar essas classes. Tem muita gente que pergunta ‘cadê a OAB?’. A OAB, infelizmente, parece que tem medo de dar a cara a tapa em relação aos direitos que são nossos. O Pedro Paulo deu atenção a essa proposta não com teor político, mas com teor de acolhimento, no sentido de propor a mudança dessa realidade que temos hoje. Estávamos esquecidos e agora estamos sendo ouvidos”, afirma Franciele Rahmeier.
A chapa liderada por Pedro Paulo tem como vice-presidente a Drª Luciana Castrequini, como secretário-geral o Drº Daniel Paulo Maia Teixeira, a secretária-adjunta Drª Adriana Cardoso Sales de Oliveira e como tesoureiro o Drº Rodolpho Augusto Souza Vasconcellos Dias. O grupo, formado ainda por conselheiros titulares e suplentes, reúne membros da Capital e também de subseções do interior.