Falou-se muito sobre ansiedade nas mídias sociais por conta do filme infantil ‘Divertida Mente 2’. No filme, a ansiedade é retratada de maneira intensa e em alguns momentos até assustadora. Quando a ansiedade surge na vida da personagem principal, outras emoções, como a alegria, são reprimidas, evidenciando o impacto profundo que ela pode ter sobre a vida de uma criança ou adolescente.
Segundo a OMS, o Brasil possui a população com a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo. Recentemente, um levantamento feito a partir de dados da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do SUS entre 2013 e 2023 mostrou que o número de pacientes crianças e adolescentes superou o de adultos no último ano.
A ansiedade é um sentimento natural e um fator de crescimento humano. Todos nós sentimos ansiedade em algum nível. Quando temos uma prova, um compromisso importante, uma viagem, ficamos ansiosos. Em algumas situações a ansiedade é até um sentimento bom. Ela nos impulsiona e nos motiva a realizar coisas. Porém, quando esse sentimento começa a incomodar e impacta negativamente a vida de uma pessoa, pode se tornar patológico, ou seja, um quadro psiquiátrico como transtorno de ansiedade.
O transtorno de ansiedade pode ocorrer em qualquer faixa etária e é multifatorial. Os fatores externos podem ser situações estressantes no ambiente escolar ou familiar. Além disso, características biológicas também podem estar relacionadas ao desenvolvimento de transtornos de ansiedade.
O transtorno de ansiedade é uma doença mental que tem como sintomas o medo, a angústia, preocupações constantes, insônia, irritabilidade, tonturas, falta de ar, etc. O transtorno de ansiedade é uma doença paralisante e pode ter muitas consequências na vida de uma pessoa, impedindo que ela realize tarefas comuns do dia a dia e até problemas mais graves, como gastrite, úlceras, etc.
A ansiedade pode se manifestar de maneiras variadas. Crianças com transtorno de ansiedade podem ter dificuldade de concentração, o que afeta seu desempenho escolar e a realização de tarefas diárias. Pode haver um sentimento de preocupação constante com provas. A ansiedade também pode levar ao isolamento social. Crianças ansiosas podem evitar atividades sociais e ter dificuldade em fazer amigos.
É importante que os pais estejam atentos e observem as mudanças de comportamento em seus filhos, pois a detecção precoce da ansiedade pode facilitar o tratamento. Comportamentos como isolamento social, irritabilidade, dificuldade para dormir, falta de apetite, bem como dificuldades de concentração, podem ser indicativos de que há algo de errado e vale ser investigado.
O diagnóstico precoce permitirá que sejam feitas intervenções adequadas e que a criança tenha um melhor prognóstico. É possível ajudar as crianças a desenvolverem habilidades de enfrentamento eficazes e a terem uma vida saudável. A colaboração entre pais, profissionais de saúde e educadores é fundamental para proporcionar o suporte necessário e promover o bem-estar mental das crianças e adolescentes. O tratamento psiquiátrico inclui desde orientações de mudanças de estilo de vida, fazer psicoterapia das pessoas e também pode ser necessário for, medicar. A abordagem é holística e com excelentes resultados.
A saúde mental pode ser abordada de forma sensível por familiares e professores. Os pais podem ter um diálogo aberto sobre emoções e oferecer um espaço seguro para que seus filhos expressem os seus sentimentos. É importante que escolas e pais trabalhem juntos para criar um ambiente de confiança e apoio que possa encorajar crianças e adolescentes a procurar ajuda quando necessário.
Entender a ansiedade como um sentimento natural, mas que tem potencial para se tornar patológico, é essencial tratar o transtorno de ansiedade precocemente ainda na infância. Assim podemos ajudar as crianças a desenvolverem uma relação mais saudável com suas emoções e garantir um desenvolvimento psicológico e psíquico mais equilibrado.
É importante que desde cedo crianças e adolescentes possam falar abertamente sobre saúde mental tanto na escola quanto em suas residências, de modo que o tema seja tratado sem tabus ou julgamentos. No entanto, para que isso aconteça, é imperativo combater o estigma que ainda persiste em relação à saúde mental e doenças mentais.
Dr. Antônio Geraldo da Silva é médico psiquiatra formado pela Faculdade de Medicina na Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. É doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto – Portugal e possui Pós-Doutorado em Medicina Molecular pela Faculdade de Medicina da UFMG. Atualmente é Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria e Diretor Clínico do IPAGE – Instituto de Psiquiatria Antônio Geraldo. Presidente do IGV – Instituto Gestão e Vida. Autor de dezenas de livros e artigos científicos em revistas internacionais. Palestrante nacional e internacional. É Coordenador Nacional da Campanha “Setembro Amarelo”, da Campanha ABP/CFM Contra o Bullying e o Cyberbullying e da Campanha de Combate à Psicofobia.
Neste mês de setembro , o Dia Mundial do Daltonismo tem o objetivo de esclarecer alguns pontos envolvendo o distúrbio da visão, como os sinais para identificá-lo ainda na infância. De acordo com a oftalmologista Mayra Melo, o diagnóstico é crucial para garantir o suporte adequado no desenvolvimento escolar e social.
O daltonismo é conhecido como discromatopsia, sendo portanto, alteração na percepção das cores que afeta cerca de 8% dos homens e 0,5% das mulheres no mundo.
“Os pais devem observar sinais como dificuldade em distinguir cores básicas, como vermelho e verde, ou quando a criança troca frequentemente as cores ao desenhar ou colorir”, orienta Mayra.
É comum também que os pais notem uma certa preferência por roupas de cores neutras ou frequência da dificuldade em atividades que envolvam a diferenciação de cores, como jogos e brincadeiras.
“Em muitos casos, a criança pode sentir frustração ou desinteresse em atividades escolares que envolvem cores, o que pode ser erroneamente interpretado como falta de atenção ou interesse”, alerta a especialista.
O diagnóstico é feito por um oftalmologista, utilizando testes específicos como o de Ishihara, que avalia a percepção das cores. Apesar de não haver cura para a condição, o diagnóstico precoce permite que a criança seja orientada e adaptada para lidar melhor.
“O uso de ferramentas adequadas, como material escolar com contrastes fortes e a utilização de óculos ou lentes com filtros especiais, pode fazer toda a diferença no desenvolvimento acadêmico e na autoestima da criança”, afirma.