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BRASIL

Arqueóloga carioca é premiada por descoberta do Cais do Valongo

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A arqueóloga carioca Tania Andrade Lima é a segunda mulher brasileira a receber o prêmio internacional Hypatia, concedido pela Confederação dos Centros Internacionais para a Conservação do Patrimônio Arquitetônico em homenagem aos que contribuem para o conhecimento científico em suas áreas de atuação.

Tania foi escolhida entre os dez cientistas homenageados este ano pela descoberta do Cais do Valongo em 2011. Situado na região portuária do Rio de Janeiro, no bairro da Saúde, pelo cais passaram de mais de 1 milhão de escravizados vindos da África.

A primeira mulher homenageada com o Hypatia Award foi a também arqueóloga Niède Guidon, em 2020, por seu trabalho na criação e conservação do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, sítio que foi reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 1991. Já o Cais do Valongo foi reconhecido em 2017 como Patrimônio Mundial da Unesco.

Orgulho

O diretor do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), paleontólogo Alexander Kellner, disse à Agência Brasil que, apesar de ter se aposentado, Tania continua como pesquisadora vinculada à instituição. Para Kellner, o ponto principal do prêmio dado a Tania é o tremendo orgulho de ter uma cientista pesquisador da área de arqueologia reconhecida e, ainda, “de poder contar com uma pesquisadora do calibre dela. É um prêmio fantástico, muito importante”.

Para Kellner, o segundo ponto importante é o prêmio ter sido dado a uma mulher. “Olha que coisa bacana que a nossa instituição consegue dar, que são as condições de qualidade e de gênero. Estamos muito felizes e orgulhosos com esse reconhecimento, totalmente justo, da grande pesquisadora do Museu Nacional.”

Em texto publicado no último dia 11, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reconheceu os brasileiros vencedores do Prêmio Hypatia 2023 por intermédio da candidatura recebida pela Cicop.Net Confederation, cuja presidente nas Américas é a arquiteta e urbanista brasileira Maria Rita Amoroso. A entrega do prêmio será no dia 16/ de outubro, na abertura da 6ª Bienal de Restauro Arquitetônico e Urbano, em Florença, Itália.

Com carreira dedicada à arqueologia, Tania é pesquisadora sênior do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e professora aposentada do Departamento de Antropologia do Museu Nacional da UFRJ. Foi fundadora do Programa de Pós-Graduação em Arqueologia da universidade, para o qual ainda hoje colabora, orientando teses e dissertações e ministrando disciplinas, informou o Iphan.

Foi ainda presidente e vice-presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira, integra o conselho editorial de revistas científicas no Brasil e em países da América do Sul e da Europa, além de já ter recebido outros prêmios, como a Comenda da Ordem do Mérito Cultural, concedida pelo presidente Luiz Inacio Lula da Silva, em 2006, e o Prêmio Globo Faz Diferença, na categoria “Rio”, em 2016.

Racismo

Tania disse que a grande premiada este ano foi a arqueologia, que nem sempre é valorizada pela capacidade de trazer à tona “verdades indesejáveis, dolorosas, que muitos desejam esquecer ou ignorar”. A pesquisadora afirmou que o Cais do Valongo denuncia a que ponto as pessoas são capazes de chegar no ódio e no desprezo por aqueles que são diferentes delas, ultrapassando todos os limites da intolerância e da perversidade humana.

O reconhecimento a obras como a do Cais do Valongo constitui demonstração vigorosa de que uma parte muito expressiva da humanidade rejeita essa ideologia, ajudando a deter o violento preconceito racial que vem se alastrando nos últimos anos, não só no Brasil, mas no mundo inteiro, destacou Tania. Para ela, o Prêmio Hypatia é um passo importante contra o racismo e em defesa dos que são humilhados pelo preconceito racial. “Daí minha mais que infinita gratidão por esse prêmio.”

Outro brasileiro agraciado com o Prêmio Hypatia neste ano foi o padre Júlio Lancellotti, por sua luta contra a arquitetura hostil que impede moradores de rua se abrigar em espaços públicos e pela sua defesa de projetos urbanísticos inclusivos.

Sítio arqueológico

Desde 21 de março de 2023, o Iphan coordena o Comitê Gestor do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo. É a entidade responsável pelo estabelecimento de diretrizes e monitoramento da efetividade das ações de preservação e salvaguarda do bem. O comitê é composto por 15 instituições representativas da sociedade civil e 16 governamentais, nas esferas federal, estadual e municipal, informou a assessoria de imprensa do órgão.

Com cerca de 350 metros de comprimento, o o Cais do Valongo vai da Rua Coelho e Castro até a Rua Sacadura Cabral. Sua construção foi iniciada no fim do século 18 e ficou pronto em 1811. Como a região era desabitada na época e com acesso difícil, foi escolhida para sediar o porto de desembarque de escravizados. A área deixou de funcionar como ponto de entrada de escravizados por volta de 1831, quando leis contra a escravidão começaram a ser assinadas. Apesar disso, o tráfego continuou sendo feito à noite, embora de forma clandestina.

Entre os séculos 16 e 19, 10 milhões de africanos foram levados para o continente americano. Desse total, 40% vieram para o Brasil, o que significa cerca de 4 milhões de pessoas, das quais 60% (2,6 milhões) desembarcaram no Rio de Janeiro. Por isso, a região ficou conhecida como Pequena África. Os escravizados eram expostos nos mercados e vendidos. O destino dos que morriam logo após a longa viagem era o cemitério dos pretos novos. Com a reforma urbanística do Rio promovida pelo prefeito Pereira Passos, toda a estrutura do cais foi soterrada.

Em 2011, porém, durante escavações realizadas como parte das obras de revitalização da zona portuária da capital fluminense, foram descobertos os dois ancoradouros – Valongo e Imperatriz –, junto aos quais se encontraram grande quantidade de amuletos e objetos de culto, originários do Congo, de Angola e de Moçambique.

Fonte: EBC GERAL

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BRASIL

Pedro Paulo quer políticas para advogados com deficiência

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Uma das propostas da Chapa 2 – “Nova OAB” para fortalecer a inclusão dentro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) é a criação de uma Comissão de Inclusão e Acessibilidade. De acordo com o candidato à presidência Pedro Paulo, o projeto visa garantir que advogados e advogadas que enfrentam dificuldades por conta de alguma deficiência encontrem portas abertas e todo suporte necessário dentro da entidade.

A ideia da implantação da comissão surgiu após sugestão da advogada Franciele Rahmeier, diagnosticada com transtorno do espectro autista. A jurista, que é candidata à secretária-geral da subseção de Primavera do Leste, declarou seu apoio a Pedro Paulo. Para ele, a Seccional mato-grossense precisa estar sempre aberta a ouvir, debater e criar medidas que garantam equidade também dentro da advocacia.

“Inclusão é conscientização. É ouvir, colocar-se no lugar do outro e permitir que cada um possa contribuir da melhor forma, com as suas experiências. Essa proposta vai auxiliar outros advogados e advogadas, que enfrentam as mesmas dificuldades da Drª Franciele, e assegurar a participação nas discussões sobre o tema em diversas esferas da política. Agradeço a ela por nos abrir os olhos para essa questão”, argumenta Pedro Paulo.

A advogada recebeu o diagnóstico há pouco mais de um ano, mas relata que desde antes tem enfrentado muitas dificuldades. Segundo ela, a principal é o julgamento preconceituoso que, muitas vezes, classifica essas pessoas como incapazes. Ainda conforme Franciele, dentro da própria OAB há esses obstáculos, principalmente quando se procura amparo para o desenvolvimento tranquilo da profissão.

“A gente precisa incluir para igualar essas classes. Tem muita gente que pergunta ‘cadê a OAB?’. A OAB, infelizmente, parece que tem medo de dar a cara a tapa em relação aos direitos que são nossos. O Pedro Paulo deu atenção a essa proposta não com teor político, mas com teor de acolhimento, no sentido de propor a mudança dessa realidade que temos hoje. Estávamos esquecidos e agora estamos sendo ouvidos”, afirma Franciele Rahmeier.

A chapa liderada por Pedro Paulo tem como vice-presidente a Drª Luciana Castrequini, como secretário-geral o Drº Daniel Paulo Maia Teixeira, a secretária-adjunta Drª Adriana Cardoso Sales de Oliveira e como tesoureiro o Drº Rodolpho Augusto Souza Vasconcellos Dias. O grupo, formado ainda por conselheiros titulares e suplentes, reúne membros da Capital e também de subseções do interior.

 

Fonte: ELEIÇÕES OAB MT

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