O suicídio é uma emergência médica. Uma pessoa não tira a própria vida por vontade, ela está passando por um estreitamento cognitivo que a impede de tomar as decisões com clareza. Ela dá sinais de que algo não vai bem e acredita que o suicídio é a única forma de acabar com o sofrimento que está passando ou que ele é a solução. Mas não é. Sabemos que o suicídio pode ser prevenido. É preciso investigar as motivações e os fatores de risco que levam uma pessoa a pensar em suicídio.
Um aspecto central do comportamento suicida é a presença de transtornos mentais. Estudos já mostraram que cerca de 96,8% das pessoas que tentaram ou cometeram suicídio tinham alguma doença mental, diagnosticada ou não.
Quais são as principais doenças relacionadas ao suicídio?
Depressão
Transtornos do humor
Transtorno por uso de substâncias (álcool e outras drogas)
Transtornos de personalidade
Esquizofrenia, etc.
Apesar de quase 100% das pessoas que cometem suicídio terem o diagnóstico de uma doença mental, nem todas essas pessoas tentarão suicídio. Por ser multifatorial, o comportamento suicida envolve a interação complexa de fatores biológicos, psicológicos, sociais e espirituais. Portanto, não pode ser atribuído a eventos isolados como término de um relacionamento, luto, dificuldades financeiras, a perda de um emprego, conflitos familiares, fácil acesso a meios letais, mas sim à interação de um conjunto de fatores. Deve-se considerar também o histórico médico para saber se houve tentativas de suicídio anteriores e se há casos de tentativas e de suicídios na família.
Quais são os sinais e sintomas de que uma pessoa está tendo pensamentos suicidas?
É preciso estar muito atento a mudanças no comportamento. A pessoa quando está pensando em suicídio começa a ter ações e falas fora do normal. Se uma pessoa começa a se isolar do convívio social, deixa de fazer atividades que antes eram prazerosas para ela, apresenta sinais de falta de motivação no trabalho, se está apresentando sinais de tristeza, pode ser um sinal de que algo não vai bem na saúde.
Sinais que interferem na rotina e provocam perdas na qualidade de vida, como dificuldades para dormir ou muito sono, falta de apetite ou consumo excessivo de alimentos.
Muitas pessoas nessas condições se sentem desesperançosas e deixam de pensar em planos para o futuro, pois dizem sentir que a vida não vale a pena. É importante prestar atenção quando alguém fala que gostaria de sumir, que não aguentam mais viver, que deseja morrer. É preciso levar a sério, pois elas podem estar pensando em tirar a própria vida já que acreditam que a vida não tem mais valor, tudo isto pode ser parte do contexto de uma doença.
Como podemos ajudar uma pessoa que está tendo pensamentos suicidas?
Converse com ela para entender o que está acontecendo. Deixe que ela expresse os seus sentimentos e ouça atentamente sem nenhum tipo de julgamento. Incentive a busca por tratamento.
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Identificar, tratar e seguir pessoas com comportamentos suicidas.
O melhor caminho para prevenir o suicídio é a prevenção de doenças. Procurar um médico psiquiatra. Fazer o tratamento adequado. Adotar mudanças no estilo de vida com a prática de esportes e atividades de lazer, ter uma boa qualidade de sono e uma boa alimentação, ter tempo de qualidade com a família e amigos.
Infelizmente o estigma e o preconceito são as maiores barreiras para pessoas que têm sintomas de doenças mentais ou estão tendo pensamentos suicidas , pois a vergonha e o medo do julgamento impedem que a pessoa busque ajuda para o tratamento de doenças mentais e possa ter uma vida normal.
Se você está passando por alguma situação parecida, com ideação suicida ou conhece alguém que está com sintomas, procure um serviço de saúde. Para tratar doenças mentais, procure um médico psiquiatra. Em caso de emergência, ligue para o SAMU 192.
Se precisar, peça ajuda!
Antônio Geraldo da Silva é médico formado pela Faculdade de Medicina na Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. É psiquiatra pelo convênio HSVP/SES – HUB/UnB. É doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto – Portugal e possui Pós-Doutorado em Medicina Molecular pela Faculdade de Medicina da UFMG. Entre 2018 e 2020, foi Presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina – APAL.
Atualmente é Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Diretor Clínico do IPAGE – Instituto de Psiquiatria Antônio Geraldo e Presidente do IGV – Instituto Gestão e Vida. Associate Editor for Public Affairs do Brazilian Journal of Psychiatry – BJP. Editor sênior da revista Debates em Psiquiatria. Review Editor da Frontiers. Acadêmico da Academia de Medicina de Brasília. Acadêmico Correspondente da Academia de Medicina de Minas Gerais. Coordenador Nacional da Campanha “Setembro Amarelo®”, da Campanha ABP/CFM Contra o Bullying e o Cyberbullying e da Campanha de Combate à Psicofobia. É autor de dezenas de livros e artigos científicos em revistas internacionais e também palestrante nacional e internacional.
Uma das propostas da Chapa 2 – “Nova OAB” para fortalecer a inclusão dentro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) é a criação de uma Comissão de Inclusão e Acessibilidade. De acordo com o candidato à presidência Pedro Paulo, o projeto visa garantir que advogados e advogadas que enfrentam dificuldades por conta de alguma deficiência encontrem portas abertas e todo suporte necessário dentro da entidade.
A ideia da implantação da comissão surgiu após sugestão da advogada Franciele Rahmeier, diagnosticada com transtorno do espectro autista. A jurista, que é candidata à secretária-geral da subseção de Primavera do Leste, declarou seu apoio a Pedro Paulo. Para ele, a Seccional mato-grossense precisa estar sempre aberta a ouvir, debater e criar medidas que garantam equidade também dentro da advocacia.
“Inclusão é conscientização. É ouvir, colocar-se no lugar do outro e permitir que cada um possa contribuir da melhor forma, com as suas experiências. Essa proposta vai auxiliar outros advogados e advogadas, que enfrentam as mesmas dificuldades da Drª Franciele, e assegurar a participação nas discussões sobre o tema em diversas esferas da política. Agradeço a ela por nos abrir os olhos para essa questão”, argumenta Pedro Paulo.
A advogada recebeu o diagnóstico há pouco mais de um ano, mas relata que desde antes tem enfrentado muitas dificuldades. Segundo ela, a principal é o julgamento preconceituoso que, muitas vezes, classifica essas pessoas como incapazes. Ainda conforme Franciele, dentro da própria OAB há esses obstáculos, principalmente quando se procura amparo para o desenvolvimento tranquilo da profissão.
“A gente precisa incluir para igualar essas classes. Tem muita gente que pergunta ‘cadê a OAB?’. A OAB, infelizmente, parece que tem medo de dar a cara a tapa em relação aos direitos que são nossos. O Pedro Paulo deu atenção a essa proposta não com teor político, mas com teor de acolhimento, no sentido de propor a mudança dessa realidade que temos hoje. Estávamos esquecidos e agora estamos sendo ouvidos”, afirma Franciele Rahmeier.
A chapa liderada por Pedro Paulo tem como vice-presidente a Drª Luciana Castrequini, como secretário-geral o Drº Daniel Paulo Maia Teixeira, a secretária-adjunta Drª Adriana Cardoso Sales de Oliveira e como tesoureiro o Drº Rodolpho Augusto Souza Vasconcellos Dias. O grupo, formado ainda por conselheiros titulares e suplentes, reúne membros da Capital e também de subseções do interior.