Como psiquiatra, sei que a nossa área já enfrentou muitos preconceitos. A Psiquiatria costumava ser o patinho feio das especialidades médicas e não era nem considerada da área de medicina por alguns. Havia uma percepção equivocada de que os médicos que tratavam de doenças mentais eram “loucos” e que seriam só para os “loucos” ou que só lidavam com casos graves, mas isso só servia para perpetuar o estigma e promover desinformação. Na verdade, o papel do psiquiatra vai muito além de tratar doenças mentais e prescrever medicamentos. Nosso trabalho é promover a qualidade de vida e o bem-estar dos pacientes, prevenir doenças, promover a saúde e oferecer um cuidado holístico.
Para se ter uma ideia, o psiquiatra dedica seis anos de tempo integral à faculdade de Medicina e mais três anos de residência, com no mínimo 60 horas semanais de estudo e prática. Ele pode obter especialização em uma área de atuação, como Psiquiatria Forense, da Infância e Adolescência, Psicogeriatria, Psicoterapia e Medicina do Sono, desde que acrescentado mais 1 ano de formação nas mesmas condições.
Além da formação necessária, para atuar como psiquiatra é imprescindível obter, junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM), um Registro de Especialista em Psiquiatria (RQE). O RQE também pode ser obtido através da Prova de Título de Especialista AMB/ABP, que certifica os conhecimentos técnicos e científicos para a prática profissional.
Por isso, o conhecimento em psiquiatria não pode ser adquirido por meio de cursos breves ou treinamentos superficiais. A complexidade dos transtornos mentais e a necessidade de uma abordagem adequada demandam uma instrução sólida e de qualidade. Durante a nossa formação, temos contato com casos clínicos complexos e de altíssima variedade e aprendemos com outros profissionais mais experientes em um ambiente de aprendizado que é a prática profissional na vida real.
O nosso papel é ouvir as questões trazidas pelo paciente e fazer o diagnóstico diferencial com outras doenças médicas em geral e psiquiátricas. Há casos em que os sintomas relatados pelo paciente podem estar relacionados a uma condição médica e não necessariamente tem relação com um quadro psiquiátrico. O psiquiatra é capaz de fazer essa distinção, do que é uma doença e o que é um transtorno mental. Confirmado o diagnóstico, propomos um tratamento adequado e de forma personalizada para atender às necessidades específicas do paciente.
A avaliação médica psiquiátrica é abrangente e pode incluir perguntas sobre histórico médico, histórico social, genética, vida pessoal, hábitos diários e o que levou a pessoa a buscar ajuda, entre outras. Dependendo do diagnóstico, o tratamento pode incluir psicoterapia, mudança de hábitos de vida, prática de exercícios, atividades de lazer, e se necessário, tratamento medicamentoso, ou uma combinação de ambos.
No dia a dia lidamos com uma série de doenças com os transtornos do humor, transtornos de ansiedade, depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, autismo, transtorno do pânico, transtorno de personalidade borderline, transtorno obsessivo-compulsivo, transtornos alimentares, transtornos dos impulsos, vícios em jogos, etc.
Desmistificar a psiquiatria, as doenças mentais e os tratamentos associados é fundamental para promover a compreensão e reduzir o estigma. Assim como um diabético precisa de cuidados específicos para sua condição, aqueles com transtornos mentais precisam de tratamento especializado para seu bem-estar e normalização da sua saúde. A informação correta e o acesso a profissionais capacitados são essenciais para garantir que mais pessoas possam buscar e receber o tratamento necessário, levando a uma vida mais saudável e equilibrada.
A falta de compreensão pode afastar aqueles que realmente precisam de tratamento, agravando o problema. Isso pode impactar negativamente a busca por ajuda por parte dos pacientes. Um transtorno mental não tratado pode levar a consequências graves como o suicídio. Apesar de termos hoje mais informações sobre saúde mental, os índices de suicídio continuam aumentando.
Investir em saúde mental, melhorar o atendimento e permitir que todas as pessoas, sem nenhuma exceção, tenham fácil acesso a tratamento e acompanhamento médico, é uma forma de melhorar a qualidade de vida de indivíduos que têm doenças mentais e por consequência contribuir para uma sociedade mais empática. O nosso trabalho como médicos psiquiatras é muito importante para criar um ambiente onde todos se sintam apoiados e encorajados a buscar a ajuda de que precisam e assim tenham uma vida plena e satisfatória.
Antônio Geraldo da Silva é médico formado pela Faculdade de Medicina na Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. É psiquiatra pelo convênio HSVP/SES – HUB/UnB. É doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto – Portugal e possui Pós-Doutorado em Medicina Molecular pela Faculdade de Medicina da UFMG.
Entre 2018 e 2020, foi Presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina – APAL. Atualmente é Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Diretor Clínico do IPAGE – Instituto de Psiquiatria Antônio Geraldo e Presidente do IGV – Instituto Gestão e Vida. Associate Editor for Public Affairs do Brazilian Journal of Psychiatry – BJP. Editor sênior da revista Debates em Psiquiatria. Review Editor da Frontiers. Acadêmico da Academia de Medicina de Brasília. Acadêmico Correspondente da Academia de Medicina de Minas Gerais.
Coordenador Nacional da Campanha “Setembro Amarelo®”, da Campanha ABP/CFM Contra o Bullying e o Cyberbullying e da Campanha de Combate à Psicofobia.
É autor de dezenas de livros e artigos científicos em revistas internacionais e também palestrante nacional e internacional.
Faltando apenas 12 dias para as eleições para a seccional de Mato Grosso da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT), a disputa ganha contornos de extrema emoção com o pleito mais disputado da história. É o que aponta pesquisa do instituto Índice Pesquisas, contratada pelo portal de notícias FOLHAMAX, revela que o candidato de oposição lidera a disputa.
Na segunda posição, estão tecnicamente empatadas a atual presidente Gisela Cardoso e a advogada Xênia Guerra, que representa uma divisão do atual grupo que comanda a entidade. A amostra foi realizada proporcionalmente com juristas do Estado.
Na modalidade espontânea, onde os nomes dos candidatos não são apresentados ao eleitor, o advogado Pedro Paulo foi o mais lembrado, com 24%, mas com uma diferença de apenas meio ponto percentual, já que a atual presidente da OAB-MT, Gisela Cardoso, foi apontada por 23,5% dos entrevistados. Xênia Guerra aparece como intenção de voto de 18% dos juristas, enquanto Pedro Henrique teve o nome apontado por 1,5%. Segundo a pesquisa, 32,5% estão indecisos ou não votarão em nenhum e 0,5% citaram outros nomes.
Já na modalidade estimulada, onde os nomes dos postulantes à presidência da OAB-MT são divulgados ao eleitorado, Pedro Paulo abre uma distância maior, com 32,5%, contra 28% de Gisela Cardoso. Xênia Guerra aparece na terceira colocação, com 24%, enquanto Pedro Henrique registrou 3% dos entrevistados e outros 12,5% não souberam responder.
O Índice também projetou os votos válidos. Pelo cálculo, Pedro Paulo tem 37%; Gisela 32%; Xênia 27,5% e Pedro Henrique 3,5%.
O instituto ouviu 836 advogados, entre os dias 30 de setembro e 5 de novembro, por telefone. A pesquisa tem margem de erro de 4 pontos percentuais, para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. Não foi realizada amostragem sobre a rejeição aos candidatos. A eleição da OAB-MT será online, no dia 18 de novembro, das 9h às 17h, no horário de Cuiabá.