Estamos chegando ao mês de setembro , período em que colorimos o Brasil de amarelo e falamos incessantemente sobre prevenção ao suicídio. Mas tenho certeza de que você ouviu que não se pode falar sobre esse tema. Mas, se for de maneira correta, pode sim.
Em 2013, quando trouxe para o Brasil a campanha americana do Setembro Amarelo, existia um grande tabu na imprensa e nas redes sociais sobre falar publicamente a respeito de suicídio. Mas, trabalhamos duro na conscientização, fomentando informações corretas e fazendo psicoeducação. Hoje, conseguimos orientar a maneira correta de abordar e como ajudar as pessoas que estão com ideação suicida. Entendi que essa era uma das missões da minha vida e por isso me emociono ao anunciar aos leitores que a campanha Setembro Amarelo 2024 está forte e começando, pelo 11º ano consecutivo.
Mas, por que fazemos essa campanha há 11 anos? Porque segundo a OMS, houve uma significativa redução de 36% no número de suicídio no mundo nos últimos 20 anos, mas no Brasil, assim como em outros países das Américas, houve um aumento de 40% no mesmo período e por isso não podemos parar de trabalhar, porque suicidio é prevenível.
Além da psicoeducação e o trabalho de orientação da população, nós estamos incessantemente cobrando investimento em políticas públicas, ações do Estado de Prevenção de Doenças Mentais e Promoção da Saúde, pois sabemos que quando bem executadas, são efetivas e trazem resultados positivos. Nós podemos virar esse jogo com cuidado em saúde mental.
Sabemos que nem toda pessoa com diagnóstico de doença mental pode vir a cometer suicídio, mas é um fator de risco. Quando a doença não é tratada adequadamente pode trazer consequências graves para a pessoa, aumentando o risco da ideação e comportamentos suicidas. Quando uma pessoa chega ao ponto de considerar esse ato, está passando por um estreitamento cognitivo, que significa que não está mais pensando de forma clara e por isso não vê saída para a sua dor, ela só quer acabar com o sofrimento que está sentindo. Para acabar, precisa tratar.
A identificação precoce de doenças é a melhor forma de prevenção. Mudanças no comportamento, como isolamento social, alterações no sono ou apetite, tristeza profunda, sentimento de desesperança podem indicar que alguém está passando por um momento difícil. Se esses sinais forem observados, é importante que a pessoa busque ajuda profissional. Consultar um psiquiatra para uma avaliação abrangente e, se necessário, um plano de tratamento personalizado que precisa estar disponível no SUS, assim como é no sistema particular.
Considero que o estigma e o preconceito sejam uns dos maiores vilões nesse processo de prevenção ao suicídio, pois eles impedem que a pessoa busque ajuda para o tratamento de doenças mentais e quando ela reconhece que precisa de auxílio, o Estado com o seu estigma estrutural não oferece o atendimento e tratamento que ela precisa. No Setembro Amarelo buscamos desmistificar as doenças mentais e passar a mensagem de que há solução e que, em quase todos os casos, é possível ter um diagnóstico psiquiátrico e qualidade de vida. Então fale sobre o tratamento correto das doenças mentais e faça parte conosco dessa corrente do bem.
No Setembro Amarelo não falamos sobre mortes e sim destacamos como fazer para preservar a vida. Contamos as histórias de sucesso de quem se tratou adequadamente. Se você ou alguém que você conhece está enfrentando pensamentos suicidas ou sintomas de uma doença mental, não hesite em buscar ajuda médica. Com tratamento adequado e apoio contínuo, é possível vencer esse jogo. Se precisar, peça ajuda!
Saúde mental vale ouro!
*Em caso de ideação suicida, ligue para o SAMU 192.
Antônio Geraldo da Silva é médico formado pela Faculdade de Medicina na Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. É psiquiatra pelo convênio HSVP/SES – HUB/UnB. É doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto – Portugal e possui Pós-Doutorado em Medicina Molecular pela Faculdade de Medicina da UFMG. Entre 2018 e 2020, foi Presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina – APAL.
Atualmente é Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Diretor Clínico do IPAGE – Instituto de Psiquiatria Antônio Geraldo e Presidente do IGV – Instituto Gestão e Vida. Associate Editor for Public Affairs do Brazilian Journal of Psychiatry – BJP. Editor sênior da revista Debates em Psiquiatria. Review Editor da Frontiers. Acadêmico da Academia de Medicina de Brasília. Acadêmico Correspondente da Academia de Medicina de Minas Gerais. Coordenador Nacional da Campanha “Setembro Amarelo®”, da Campanha ABP/CFM Contra o Bullying e o Cyberbullying e da Campanha de Combate à Psicofobia. É autor de dezenas de livros e artigos científicos em revistas internacionais e também palestrante nacional e internacional.
Uma das propostas da Chapa 2 – “Nova OAB” para fortalecer a inclusão dentro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) é a criação de uma Comissão de Inclusão e Acessibilidade. De acordo com o candidato à presidência Pedro Paulo, o projeto visa garantir que advogados e advogadas que enfrentam dificuldades por conta de alguma deficiência encontrem portas abertas e todo suporte necessário dentro da entidade.
A ideia da implantação da comissão surgiu após sugestão da advogada Franciele Rahmeier, diagnosticada com transtorno do espectro autista. A jurista, que é candidata à secretária-geral da subseção de Primavera do Leste, declarou seu apoio a Pedro Paulo. Para ele, a Seccional mato-grossense precisa estar sempre aberta a ouvir, debater e criar medidas que garantam equidade também dentro da advocacia.
“Inclusão é conscientização. É ouvir, colocar-se no lugar do outro e permitir que cada um possa contribuir da melhor forma, com as suas experiências. Essa proposta vai auxiliar outros advogados e advogadas, que enfrentam as mesmas dificuldades da Drª Franciele, e assegurar a participação nas discussões sobre o tema em diversas esferas da política. Agradeço a ela por nos abrir os olhos para essa questão”, argumenta Pedro Paulo.
A advogada recebeu o diagnóstico há pouco mais de um ano, mas relata que desde antes tem enfrentado muitas dificuldades. Segundo ela, a principal é o julgamento preconceituoso que, muitas vezes, classifica essas pessoas como incapazes. Ainda conforme Franciele, dentro da própria OAB há esses obstáculos, principalmente quando se procura amparo para o desenvolvimento tranquilo da profissão.
“A gente precisa incluir para igualar essas classes. Tem muita gente que pergunta ‘cadê a OAB?’. A OAB, infelizmente, parece que tem medo de dar a cara a tapa em relação aos direitos que são nossos. O Pedro Paulo deu atenção a essa proposta não com teor político, mas com teor de acolhimento, no sentido de propor a mudança dessa realidade que temos hoje. Estávamos esquecidos e agora estamos sendo ouvidos”, afirma Franciele Rahmeier.
A chapa liderada por Pedro Paulo tem como vice-presidente a Drª Luciana Castrequini, como secretário-geral o Drº Daniel Paulo Maia Teixeira, a secretária-adjunta Drª Adriana Cardoso Sales de Oliveira e como tesoureiro o Drº Rodolpho Augusto Souza Vasconcellos Dias. O grupo, formado ainda por conselheiros titulares e suplentes, reúne membros da Capital e também de subseções do interior.