O volume de água fornecida por Israel à cidade de Khan Yunis, ao sul da Faixa de Gaza, diminuiu cerca de 20% de 22 para 23 de outubro, segundo informou o Escritório para Assuntos Humanitários da Organização das Nações Unidas (Ocha). O volume de água caiu de 600 para 480 metros cúbicos por hora e “as razões não são claras”, diz o informe diário do escritório.
Os outros dois gasodutos provenientes de Israel que abastecem a Faixa de Gaza estão sem funcionar desde o dia 8 de outubro, um dia após o ataque do Hamas contra cidades israelenses.
O Grupo de Água, Saneamento e Higiene (Wash), que trabalha para as Nações Unidas, calcula que o consumo médio de água por pessoa no território sitiado por Israel caiu para apenas três litros por dia, o que preocupa as organizações humanitárias.
Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, são necessários, em média, 15 litros de água por dia para não sobrecarregar um rim saudável.
O escritório da ONU destaca que é preocupante a escassez de água potável somado ao consumo de água com elevado teor de sal retirada dos poços agrícolas. Devido à proximidade do mar, a água de Gaza costuma ser imprópria para consumo.
“Isto representa um risco imediato para a saúde, aumentando os níveis de hipertensão, especialmente em bebês com menos de 6 meses, mulheres grávidas e pessoas com doença renal. A utilização de águas subterrâneas salinas também aumenta o risco de diarreia e cólera”, alerta o escritório das Nações Unidas.
Segundo o Ocha, os agentes de saúde têm detectado casos de varicela, sarna e diarreia, atribuíveis às más condições de saneamento e ao consumo de água de fontes inseguras. “Prevê-se que a incidência de tais doenças aumente, a menos que as instalações de água e saneamento recebam eletricidade ou combustível para retomarem as operações”.
Parte da água da Faixa de Gaza usada para consumo humano é dessalinizada por equipamentos movidos à combustível. Como a ajuda humanitária que entrou em Gaza nos últimos dias não tem combustível, a falta do insumo tem dificultado a operação dessas máquinas.
Uma das três centrais de dessalinização de água do mar, localizadas em Khan Younis, retomou as operações no domingo (22) com menos de 7% da sua capacidade. Segundo a Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), isso foi possível após uma redistribuição de combustível de entre unidades da ONU. “As outras duas fábricas permanecem inoperantes”, informa o boletim.
No dia 12 de outubro, o ministro de Energia e Infraestruturas de Israel, Israel Katz, justificou o corte de energia e água de Gaza como forma de forçar o Hamas a libertar os cerca de 220 reféns feitos pelo grupo. Após acordo para liberar a entrada de água no sul de Gaza, o ministro justificou que o restabelecimento parcial de água no sul seria importante para forçar o descolamento da população civil para o sul da Faixa.
Padarias
Além da escassez de água, os palestinos da Faixa de Gaza enfrentam longas filas para conseguir pão das padarias locais. Apenas cinco das 24 padarias contratadas com o Programa Alimentar Mundial (PAM) estão operando e fornecem pão aos abrigos com refugiados.
“A escassez de combustível é o principal obstáculo que impede essas padarias de satisfazer a procura local de pão fresco, colocando-as em risco de encerramento. As padarias estão em dificuldades, com longas filas se formando antes do amanhecer. O tempo médio de espera é de 6 horas, e as pessoas suportam essa espera para receber metade da porção normal”, informa o Ocha.
O brasileiro Hasan Rabee, de 30 anos de idade, registrou nesta terça-feira uma das enormes filas que se formaram em uma das padarias da cidade de Khan Yunes. “Filas e filas só para pegar um pouco de pão, que horror”, relata o palestino naturalizado brasileiro. Rabee diz que a família dele tem água potável e alimentos para mais 2 dias. Na semana passada, ele recebeu mantimentos enviados pelo Escritório de Representação do Brasil, em Ramala, na Cisjordânia.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.