Mais de dois mil jovens camponeses de 22 estados e de países como a Venezuela, Cuba, Equador e Colômbia estão reunidos desde sexta-feira (13), em Brasília, no Acampamento da Juventude em Luta, por Terra e Soberania Popular.
O encontro é articulado pela Via Campesina Brasil, organização que reúne diversos movimentos sociais representando trabalhadores do campo, das águas e das florestas. A mobilização segue até esta terça-feira (17), no Ginásio Nilson Nelson, no centro da capital federal.
O objetivo é debater os desafios da juventude e reunir as diversas reivindicações em uma pauta para, então, dialogar com autoridades públicas, convidadas a participar das conversas.
O representante do Coletivo Nacional de Juventude do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) Daniel Souza mora em Rondônia e conta que o acampamento é resultado da construção coletiva de lutas, discutidas desde os territórios de cada um dos participantes.
“A gente está se organizando para, a partir daqui, ter uma plataforma de luta comum da juventude camponesa do Brasil. A gente pauta o governo também com esse documento, mas a partir do que veio dos nossos municípios e nossas comunidades, com tudo aquilo que é um norte para a juventude.”
Durante estes dias, jovens de 14 a 29 anos têm participado de debates e mesas redondas, oficinas, apresentações culturais, plantio de árvores, entrega de doação de alimentos a comunidades em situação vulnerabilidade social e, ainda, da mostra de produção da juventude com alimentos saudáveis, artesanatos e sementes que promovem a geração de renda no campo.
Segundo a organização do Acampamento da Juventude em Luta, o último evento deste tipo ocorreu em 2014, no Rio Grande do Sul. Para a vice-presidente da União Nacional dos Estudantes, a pernambucana Daiane Araújo, de 27 anos, após este hiato de nove anos, o acampamento deste ano marca um momento de retomada da organização política e de uma agenda de mobilização.
“É um momento muito importante, porque a gente passou uma geração inteira com retrocessos e retirada de direitos. A pandemia [de Covid-19] também interferiu muito na nossa organização política, enquanto juventude”.
Acampamento conta com jovens de países como a Venezuela, Cuba, Equador e Colômbia – José Cruz/Agência Brasil
Segundo Daiane, outro destaque do evento é a oportunidade de reunir os jovens do campo com os da cidade:
“O que a juventude também quer dizer é que a gente é capaz de construir um projeto de Brasil. Sem a juventude brasileira, a gente não consegue esperançar um futuro.”
On line
No acampamento, a juventude da Via Campesina se mobiliza nas redes sociais por meio da hashtag #JuventudeEmLuta, e com o perfil Juventude em Luta para reafirmar a identidade camponesa e unificar as discussões em torno das pautas do encontro nacional.
Via Campesina
A Via Campesina Brasil faz parte de um movimento internacional que coordena organizações camponesas representantes de pequenos e médios agricultores, povos indígenas, comunidades tradicionais, pescadores de pequena escala, de diversas partes do mundo. O movimento camponês luta pela produção de alimentos como solução para o combate à fome e garantia da soberania alimentar, de forma igualitária para todos.
No Brasil, a Via Campesina é composta pelas entidades:
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST);
Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA);
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB);
Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM);
Movimento de Mulheres Camponesas (MMC);
Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq);
Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais do Brasil (MPP)