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MATO GROSSO

A Palavra Aberta

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Toda escrevedura é, lá no fundo, um oferecimento de palavras, uma proposta de conversa, uma vontade de amizade. É dizer, um momento de solidariedade e humanidade. A pessoa, o ser humano, é a terra das palavras, o húmus.

Minha composição sem mérito quer ser capaz de olhar o que não se olha, mas que vale ser olhado. Traz vontade de mirar o mundo através do buraco da fechadura (um dia, quem sabe, arrebentar a porta toda. Não… a vida é mistério!). Dar um sentido solene e alto às palavras de todo dia.

Só que a “coisa linguageira” não pode ser tida e contida nos limites da oração, da frase, da sílaba e do fonema. O texto nunca quer se render. Acho que ouvi em Saussure que o texto busca devolver a linguagem às pessoas e o significado às palavras.

Tecer é vontade de fugir, fugir infinitamente da palavra dada, imposta, pronta. Compor as palavras é vontade de pular para outro lugar, um lugar sem nome, fora das classificações, das normas… dessas “coisas idênticas”, como disse Nietzsche. Sair por aí vendo joão-de-barro andando pelo chão e folhas de palmeira abanar com o vento.

Toda escrita é uma busca de resposta. “Las palavras que podemos decir son, em el fondo, las palabras que podemos decirnos”.

As palavras vivem com a gente no dia a dia, se fundem com os nossos gestos e ações, se entranham nos nossos sentidos. Atravessam o coração da pessoa, com todas as suas imprecisões e contradições, levantam pouco a pouco o imenso cenário que define, limita e desenha a nossa vida.

Já houve um tempo, não muito apartado, que a palavra (o texto e a linguagem) era o nosso único meio de comunicação. Nesse tempo palavrador éramos submetidos a imaginar. Imaginar o que as palavras nos diziam e o que dizer. E imaginar é estar com a gente mesmo, é nos construir, é estar aberto ao mundo. Imaginar compõe o pensamento.

É o murmúrio silencioso do nosso dentro e a linguagem, amigo leitor, o que somos, que falam e colocam o que vemos na vida. Diga a palavra de você, escute-a, teça seu texto. Ande por aí produzindo a palavra aberta.

Fonte: Ministério Público MT – MT

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MATO GROSSO

Penas impostas a réus de 5 vítimas retratadas em mostra somam 107 anos

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A edição 2024 dos “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” chegou à Sede das Promotorias de Justiça da Capital promovendo a conscientização sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres por meio da 1ª Mostra Fotográfica das Vítimas de Feminicídio em Cuiabá. Com apoio do Ministério Público, a exposição itinerante da Prefeitura Municipal de Cuiabá é realizada pela Secretaria Municipal da Mulher e ficará em cartaz no local até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Dos 11 réus autores dos feminicídios cometidos contra as vítimas retratadas na exposição fotográfica, cinco já foram submetidos a julgamento. Somadas, as penas aplicadas totalizam 107 anos de prisão. Entre os seis réus que ainda não foram julgados, somente Gilson Castelan de Souza, autor do feminicídio cometido contra Silbene Duroure da Guia, está foragido.

A mãe de uma das vítimas, Antônia Maria da Guia, que é avó de quatro netos e bisavó de uma menina de 9 anos, participou da solenidade de abertura da exposição fotográfica realizada nesta quinta-feira, 21 de novembro. Emocionada, a auxiliar judiciária clamou por justiça e lembrou do relacionamento conturbado da filha. “Foram cinco anos de relacionamento entre idas e vindas. Ela esperava que ele mudasse, mas isso não aconteceu. Então eu peço para as mulheres que, em qualquer sinal de violência, denunciem, busquem ajuda, não fiquem caladas. Precisamos parar com essa tragédia. Nenhuma mulher merece morrer”, disse.

De acordo com a procuradora de Justiça Elisamara Sigles Vodonós Portela, o estado de Mato Grosso registrou, em 2024, a morte de 40 mulheres, e cerca de 70 crianças entraram na estatística de órfãos do feminicídio. “Esta exposição é para apresentar quem são essas vítimas, quem são essas mulheres, mães, avós, filhas e o resultado do que aconteceu com esses assassinos. O Ministério Público tem se empenhado para a completa aplicação da Lei Maria da Penha. Hoje, com a alteração significativa no Código Penal, a punição mais severa na legislação brasileira é para o crime de feminicídio, e nós esperamos que isso possa causar impacto na redução desses números”.

A primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro, reforçou a importância da visibilidade ao tema, destacando que a prevenção começa com debate, informação e ações que promovam segurança, justiça e igualdade. “Infelizmente, as marcas do feminicídio continuam a assombrar nossa sociedade. Vidas preciosas foram interrompidas pela brutalidade e pela misoginia. Quanto mais falamos, mais aprendemos, menos tememos e mais avançamos no fortalecimento da rede de enfrentamento à violência”, disse.

Para a secretária-adjunta da Mulher de Cuiabá, Elis Prates, ações de conscientização são essenciais: “É um momento de fortalecimento na luta pelo fim da violência contra a mulher, porque só assim conseguimos mudar essa realidade por uma sociedade mais justa, mais igualitária, para que todas possam fazer uso dos seus direitos como cidadãs brasileiras”, pontuou.

Fonte: Ministério Público MT – MT

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