O painel “A Importância da Comunicação na Sustentabilidade” encerrou o IX Encontro de Sustentabilidade e do I Seminário de Mudanças Climáticas promovido pelo Poder Judiciário de Mato Grosso. O evento realizado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), por meio do Núcleo de Sustentabilidade, nos dias 30 de setembro e 1º de outubro, ocorreu no auditório do TJMT e transmitido pela plataforma Microsoft Teams. Foram parceiros do evento a concessionária de energia Energisa e a TV Centro América, afiliada da Rede Globo em Cuiabá.
O “Painel da Comunicação” foi mediado pelo consultor de Comunicação da Energisa, Jorge Sírio, e teve a participação da jornalista da TV Centro América de Cuiabá, Ianara Garcia, e de forma remota, dos jornalistas Michele Mendes, da Rede Globo de Brasília–DF, e Fábio Diniz, da Rede Amazônica, afiliada da Rede Globo de Televisão no Amazonas.
Foram exibidas reportagens de Ianara e Fábio, que mostram as queimadas, a prolongada estiagem deste ano e suas consequências para as pessoas. Os jornalistas falaram sobre o papel dos meios de comunicação na apuração das notícias ambientais, na informação e no trabalho de conscientização da sociedade e também na importância da informação para transformar a maneira como a sociedade enxerga a sustentabilidade na atualidade.
A jornalista Ianara Garcia afirmou que, nos últimos anos, sustentabilidade, mudanças climáticas e meio ambiente são assuntos recorrentes nas sugestões de pautas recebidas pela redação da TV e elas chegam de todo o estado. “Muitas das denúncias são de gente cercada pela criminalidade. Denúncias de exploração ilegal de madeira, ocupação ilegal de terras e incêndios. Buscamos trazer para a população o que de fato está acontecendo. Em anos anteriores, não tínhamos tanto acesso à informação. Hoje temos e não dá para fingir que não estamos vendo. A comunicação tem um papel muito importante na conscientização.”
Para ela, o papel da Comunicação é o de buscar as melhorias, expor a realidade para ter mais argumentos para cobrar do Poder Legislativo e do Executivo. De acordo com ela, o Brasil desponta em leis ambientais, mas, na prática, a situação é diferente. Os incêndios criminosos têm impacto para todo mundo: fazendeiros, indígenas e pessoas das cidades.
A jornalista citou também a seletividade dos meios de comunicação. “Não colocamos no compilado as reportagens sobre a fumaça. Rondônia ficou mais de um mês sob fumaça, mas quando chega (fumaça) em São Paulo é uma comoção. A região amazônica vive por meses assim. Temos que cobrar medidas mais eficientes”, concluiu Ianara.
E ela citou o Programa Verde Novo, do Judiciário mato-grossense, que tem como uma das parceiras a TV Centro América. Ela lembrou que, entre 2018 e 2024, foram doadas 210 mil mudas. Disse que essas parcerias são importantes e é preciso cobrar, estimular a conscientização ambiental coletiva.
“Todo mundo sabe o que tem que fazer, mas porque não faz? Eu aprendi que botar fogo em terreno baldio é errado. Não foi na escola, foi numa reportagem de telejornal. A partir do momento que você tem a informação, pode fazer escolhas. Todo mundo precisa fazer alguma coisa porque o meio ambiente é coletivo”, concluiu.
Fábio Diniz contou sobre sua viagem ao longo do Rio Madeira, quando percorreu os estados de Amazonas, Rondônia e Acre, para mostrar a situação dos ribeirinhos, que dependem do rio para pescar, coletar água para as roças e para consumo e fazer o transporte dos alimentos. Em Porto Velho (RO), o rio atingiu o nível de 25 cm, menor cota desde 1967, e que normalmente é de 3,80 metros de profundidade. Os rondonienses enfrentam dificuldades devido à estiagem e das queimadas.
Para ele, o Jornalismo deve colocar seu trabalho em discussão porque todos os anos acontecem queimadas e todas as consequências acarretadas por elas, mas o Poder Público parece não responder adequadamente ao que é noticiado e em tempo hábil para impedir tais situações.
Michele Mendes contou sobre a atual situação da Capital federal, que enfrenta incêndios que começaram no final de agosto. A polícia está usando drones com sensor de calor para observar se tem alguém ateando fogo nas áreas, que são federais. Ela citou o caso de um senhor de 50 anos que ateou fogo em algo dentro de sua propriedade e o fogo se alastrou, destruindo outras propriedades.
“Faltou consciência. (…) Precisamos pensar no papel de cada um. Se trabalharmos com Corpo de Bombeiros, de modo a também aprender algumas técnicas para ajudar na própria área e conscientizar o nosso vizinho, poderemos mudar o ambiente em que vivemos. Ainda me espanta ver políticos falando que não estavam preparados, que não esperavam (a proporção das queimadas). Acontece todos os anos, o bioma é assim. Vai queimar e tem que se preparar. A sociedade civil precisa assumir esse papel de ajudar o governo (…)”, opinou Mendes.
Jorge Sírio falou sobre a visão que os estados da região sudeste têm sobre os estados amazônicos, dizendo que “não somos periferias de nada. Somos um país só. (…) Estamos falando sobre um assunto que não vamos resolver sozinhos. O tempo está correndo. Sabemos que nosso país precisa pensar de modo diferente, para não estarmos aqui falando (sobre o mesmo assunto) daqui a dez anos. Muito importante esse diálogo. Que essa semente seja colocada e frutifique. Que nosso estado seja exemplo.”
#Paratodosverem – Esta matéria possui recursos de texto alternativo para promover a inclusão das pessoas com deficiência visual. Foto 1: a imagem panorâmica mostra o auditório do TJMT com parte da audiência e o palco onde estão os jornalistas Jorge Sírio e Ianara Garcia. Eles estão olhando para o telão, onde aparecem os jornalistas Michele Mendes e Fábio Diniz, que participaram pela plataforma Teams.
Marcia Marafon
Coordenadoria de Comunicação Social do TJMT
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Fonte: Tribunal de Justiça de MT – MT