MATO GROSSO
Evento do Judiciário contempla experiências de mães, assistência à família e autismo
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7 meses atrásem
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oestenewsA programação matutina do 1º Workshop sobre Transtorno do Espectro Autista (TEA), realizado nesta sexta-feira (19 de abril), na sede do Judiciário estadual, contemplou diversos aspectos sobre o TEA, visando ampliar a visão dos participantes sobre o tema e contribuir para uma sociedade mais inclusiva. O evento foi transmitido na íntegra por meio do canal “TJMT – Eventos” no Youtube.
A presidente da Comissão de Acessibilidade e Inclusão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), desembargadora Nilza Maria Pôssas de Carvalho, responsável pelo evento, destacou a importância da ação. “Nosso trabalho está sendo nesse sentido de conscientizar a sociedade sobre o que podemos fazer pelas pessoas autistas. Trouxemos palestrantes de fora o estado e vamos distribuir cartilhas sobre inclusão da criança autista nas escolas porque a conscientização tem que começar cedo. Temos servidores que têm filhos autistas, então os trouxemos justamente para dar seus depoimentos e mostrar como devemos proceder, abraçar e dar tratamento igualitário. Somente agora nos dias atuais a sociedade despertou para o transtorno do espectro autista, então estamos nos preparando para auxiliar essas pessoas a desenvolverem suas capacidades”, disse.
O desembargador Rubens de Oliveira Santos Filho, representando a presidente do TJMT, desembargadora Clarice Claudino da Silva, parabenizou pela organização do workshop e o classificou como um orgulho e uma satisfação para o tribunal. “Precisamos divulgar mais porque é tão importante, mas tão importante, que as mais de 400 inscrições neste workshop já diz a sua importância”.
O evento foi aberto com a participação da servidora do TJMT, Elaine Zorgetti, mãe de Gabriel, 10, autista com nível de suporte 1. Ela agradeceu ao Tribunal de Justiça pela iniciativa e, antes de cantar o hino do autista, fez um breve relato sobre uma conversa com o filho, que despertou para a sua raridade enquanto ser humano. “Mãe, um em cada 68 são autistas, então eu sou muito especial. Ele falou isso com muita alegria! Então, a gente tem que mostrar isso pra eles, que eles são muito especiais”, disse, sendo aplaudida por toda a plateia.
“Realidade no autismo” – relato de uma mãe de autista: A servidora Andreia Santana de Castro Vasconcelos compartilhou sua experiência de luta em busca de assistência em saúde e educação para a filha Larissa, 12, que tem deficiência auditiva bilateral, apraxia da fala e transtorno do espectro autista. Ela relatou as dificuldades que enfrentou desde a suspeita de que sua filha tinha algum tipo de deficiência, sendo desacreditada por diversos médicos, até que, ao se mudar de Cáceres para Cuiabá em busca de profissionais, descobriu que a filha, já com 2 anos de idade, não ouvia. Desde então, Larissa faz uso do implante coclear.
Mesmo passando a ouvir e fazendo reabilitação auditiva, Andreia percebia dificuldade de contato visual e de atenção por parte da filha, que já estava por volta dos 4 anos de idade. Em busca de novos profissionais, ela teve que ir até o Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco da Universidade de São Paulo (USP) para obter o diagnóstico de transtorno do espectro autista para a filha.
Com isso, iniciaram-se novos desafios naquela família, como saber lidar com a rigidez cognitiva, a inclusão escolar (Larissa foi vítima de preconceito por parte de uma escola, que primeiro lhe negou vaga e, posteriormente, dificultou a situação até causar a desistência). Além disso, Andreia Santana relatou as dificuldades junto ao plano de saúde e as judicializações para garantir todos os tratamentos que a filha necessita para se desenvolver.
Atualmente, a adolescência tem sido um novo momento desafiador na vida da família. Atualmente, Larissa, que é autista não verbal, consegue ouvir por meio do implante e se comunica por meio de um aplicativo composto por pictogramas e voz, com os quais a menina expressa o que sente e pensa. Além disso, ela conta com diversos tratamentos acompanhados por equipe multidisciplinar. “Com a adolescência veio a ansiedade, que aumentou bastante, mas também veio uma forma dela se comunicar melhor conosco, que é a comunicação alternativa. Então temos tanto desafios como conquistas”, disse.
“Recebi o diagnóstico. E agora?” – A psicóloga e psicoterapeuta Jaqueline França, proferiu palestra em que abordou as fases de aceitação dos pais em relação ao diagnóstico de autismo da criança e a importância da participação ativa deles para o avanço do tratamento e também da qualidade de vida de todos os envolvidos. “Isso muda toda a forma de tratamento, a forma como a sociedade vai ver esses pais, o quanto a gente empodera mais os pais a tomarem decisões, trilhar os caminhos e conseguir aprender a se desenvolver”, disse.
A psicóloga defende que os profissionais precisam direcionar suas práticas não somente ao tratamento das crianças, mas também para a orientação dos pais. “Os profissionais são passageiros na vida da criança, do adolescente e do adulto, mas quem ficam são os pais. Os profissionais são incríveis, fazem um trabalho incrível, mas quem vai ficar 24 horas aplicando aquilo que foi pensado é a família. Mais do que isso, pesquisas mostram que quando a família participa, aquele sentimento de ansiedade e a depressão, que acometem familiares de pessoas com espectro autista, quando eles participam do processo, eles se empoderam mais do processo”, destacou, informando que, quando o contrário acontece, essa família acaba ficando cada vez mais isolada do convívio social.
Impacto mundial do autismo na adolescência e na vida adulta – O neurologista infantil especialista em TEA, Thiago Gusmão, afirma que existe um impacto mundial em termos logísticos, financeiros, sociais e emocionais sobre as famílias de pessoas com espectro autista e defende que haja mais espaços de assistência terapêutica e ferramentas por parte da sociedade para contribuir com a funcionalidade de autistas, principalmente nas fases da adolescência e vida adulta.
“O autismo é sempre visto em crianças, na proporção de 1 a cada 36 que nascem. Mas a cada 45 adultos, um é autista. Então a dinâmica de ter políticas públicas, evoluir a funcionalidade do adulto é o que falta. No mercado brasileiro, estão faltando locais de treinamento para esses adolescentes e adultos, as escolas têm que estar mais preparadas. Então é um alerta para a população, propostas para que a gente leve qualidade de vida para essa população”, disse Gusmão.
Conforme o especialista, todo ser humano pode evoluir sua funcionalidade, ou seja, sua capacidade de ter autonomia em afazeres do dia-a-dia, estudar, trabalhar, conviver socialmente. “O cérebro humano é 100% treinável, com respeito à dificuldade, mas dentro das dificuldades existem intervenções para melhorar a funcionalidade, não só relacionada à fala, mas à dignidade, à qualidade de vida”, disse.
Em relação ao diagnóstico tardio, Thiago Gusmão pontua que a dificuldade está nas pessoas autistas com nível de suporte 1. “O adulto ou adolescente com inteligência média ou alta está sendo tratado como comorbidade, ou seja, somente a ansiedade ou a depressão. Mas tem o autismo como base, mascarado pela ansiedade ou pela depressão, o que prejudica muito o tratamento e leva a índices altos de bullying e de vulnerabilidade”.
Ainda durante o Workshop sobre Transtorno do Espectro Autista, o deputado estadual Wilson Santos entregou à desembargadora Nilza Maria Pôssas de Carvalho um relatório onde constam 11 leis criadas pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso voltadas para a população com algum tipo de transtorno, como o TEA. O evento também contou com uma feira de empreendedores pais de autistas ou com outras deficiências e com a presença de um “cãoterapeuta”, um cachorro treinado para auxiliar pessoas em tratamento.
#Paratodosverem
Esta matéria possui recursos de texto alternativo para promover a inclusão das pessoas com deficiência visual. Foto 1: Desembargadora Nilza Maria Pôssas de Carvalho faz pronunciamento do púlpito do auditório. Ela é uma senhora de pele clara, cabelos loiros na altura dos ombros, usando vestido cor-de-rosa, um colar de pérolas e um crachá com cordão de quebra-cabeças. Foto 2: Servidora Andreia Santana no palco, falando ao microfone. Ela é uma mulher de pele clara, cabelo lisos, escuro e comprido, usando calça bege de listras escuras e blusa azul celeste. Atrás dela, no telão, está projetada uma foto dela com o esposo e a filha adolescente. Foto 3: Foto em plano aberto que mostra o auditório do TJ com as poltronas lotadas. A palestrante Jaqueline França está no palco, falando ao microfone. Atrás dela, há um telão onde aparece uma tela com desenho que representa as famílias. Foto 4: Neurologista Thaigo Gusmão fala ao microfone durante sua palestra. Ele é um homem branco, de olhos e cabelos escuros, usando camisa clara e paletó azul.
Celly Silva/Fotos: Alair Ribeiro
Coordenadoria de Comunicação da Presidência do TJMT
imprensa@tjmt.jus.br
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MATO GROSSO
‘Justiça em Estações Terapêuticas e Preventivas’ garante tratamento humanizado a dependente químico
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20 minutos atrásem
novembro 4, 2024Por
oestenewsCriado em 2013, o programa ‘Justiça em Estações Terapêuticas e Preventivas’, desenvolvido pelo Jecrim de Várzea Grande e parceiros, serviu de inspiração para o Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais, criar a portaria n.º 3/2024. O regulamento prevê um protocolo de atendimento humanizado a quem portar cannabis sativa para consumo pessoal. O objetivo é acolher quem usa a substância e também seus familiares, conforme as necessidades apresentadas.
A medida atende ao Tema 506 do Supremo Tribunal Federal (STF), que orienta para a aplicação de advertência e/ou medidas educativas, a quem estiver de posse de até 40g ou 06 plantas fêmeas de cannabis sativa.
“O Justiça em Estações Terapêuticas e Preventivas foi catalogado exatamente nesse sentido. É exatamente pensar todo o sistema de atendimento, não só a pessoa dependente química, mas aos familiares. Sabemos haver um impacto direto na vida da família em decorrência da dependência química”, explica a juíza Amini Haddad Campos, idealizadora do programa.
A partir da portaria n.º 3/2024, o modelo iniciado em Várzea Grande poderá ser replicado em todo o Estado. Uma estrutura que estará no escopo das opções de decisão para os magistrados dos juizados especiais criminais poderão trabalhar.
“Por determinação do STF, os juizados especiais criminais serão os responsáveis pelo julgamento das condutas classificadas com porte de drogas sem autorização para consumo. No entanto, não tínhamos um procedimento regulamentado em lei, então propomos criamos um roteiro, conforme as diretrizes apontadas na decisão do STF: um atendimento acolhedor e humanizado”, recorda o juiz Hugo José Freitas da Silva, do Juizado Especial Criminal de Várzea Grande (Jecrim). O magistrado e o juiz Agamenon Alcântara Moreno Júnior são autores da proposta que deu origem à portaria.
A normativa dá caminhos aos magistrados que poderão recomendar encaminhamentos à saúde pública; cursos de capacitação para reinserção ao mercado de trabalho, dentre outros.
Em Várzea Grande, após as audiências, os usuários são encaminhados ao Núcleo Psicossocial Atendimento Humanizado. “Caso essa pessoa compareça, terá todo acolhimento necessário e isso inclui seus familiares. São várias as situações: pode ser uma mãe que está usando droga e os filhos estão um pouco a mercê, precisamos pensar em quem cuidará dessas crianças e tratar essa mãe. Pode ser um pai desempregado, que será encaminhado para algum curso profissionalizante e inserido no mercado de trabalho. A partir dai entram as parcerias e programas”, descreve o juiz Hugo Silva.
Uma dos programas é o ‘Estações Terapêuticas e Preventivas, que nasceu da parceria entre o juizado Especial Criminal do Município, o próprio Município e o Centro Universitário Univag. “É uma satisfação saber que um projeto como esse que ampara vidas, familiares, que sofrem em decorrência de uma condição de dependência química, poderá ser replicado conforme a realidade de cada município. A partir desses perfis, surgem as parcerias e seja construída uma rede pensada para a assistência e atendimento familiar. Esta é uma abordagem benéfica para toda a comunidade”.
Priscilla Silva
Coordenadoria de Comunicação Social do TJMT
imprensa@tjmt.jus.br
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