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MATO GROSSO

Mudanças de destinos são festejadas em aniversário de projeto

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Quando criança, Aparecida Gomes Torres foi acolhida pelo projeto Vida Nova, idealizado pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso, deixando as ruas do centro de Várzea Grande para morar em uma residência com outras nove meninas sob os cuidados de um casal. Hoje, com 33 anos de idade, ela gerencia quatro unidades de casas lares no município. A mudança de vida, fruto das oportunidades que lhe foram concedidas, foi compartilhada nesta sexta-feira (05) no evento comemorativo aos 20 anos do projeto.

“Eu fui uma das primeiras meninas a vir para a casa. Estou casada, com um filho de cinco anos, e tenho formação em serviço social. Agradeço imensamente a todos que um dia olharam para mim, lá no passado, e conseguiram me trazer e mostrar onde eu posso chegar e onde eu posso ir muito mais ainda. Sou imensamente grata a todos”, ressaltou, emocionada.

Aparecida Torres fez questão de enfatizar que das 10 meninas com quem conviveu na casa até os 18 anos de idade, ainda mantém contato com cinco delas e que todas estão bem. Três irmãs constituíram família no Estado do Maranhão, outra encontra-se em Lisboa trabalhando no ramo de vendas e a quinta é servidora pública em Várzea Grande.

“Eu tenho 31 anos de idade, três filhos e atualmente sou funcionária pública da Prefeitura Municipal de Várzea Grande como gari. Quero também agradecer a todos que fazem parte deste projeto, vocês mudaram a minha vida”, afirmou Aline Mayane, que também participou das comemorações aos 20 anos do projeto.

Idealizadora do Vida Nova, a então promotora de Justiça da Infância e Juventude de Várzea Grande e atualmente procuradora de Justiça, Silvana Correa Viana, enfatizou que o sucesso da iniciativa foi possível graças ao comprometimento das pessoas. “Eu só dei um pequeno passo, se não tivesse encontrado pessoas tão maravilhosas no meu caminho, nós não teríamos alcançado esses resultados”, disse.

Segundo a procuradora de Justiça, a ideia, que teve início como projeto e hoje já é um programa municipal, surgiu da inquietação em razão da ausência de trabalhos sociais para acolhimento das crianças em situação de vulnerabilidade no município.

“Eu fui promotora de Justiça em Várzea Grande de 1992 a 2009. Na época, nós tínhamos somente o Lar da Criança em Cuiabá e era realmente um problema muito grande. Apesar da casa ser estadual, as crianças de Várzea Grande não tinham vez, nem lugar lá”, relembrou.

Segundo ela, o incômodo não era sentido apenas pelo Ministério Público. “Aqui foi o lugar que trabalhei realmente em família. Trabalhávamos juntos, município, juízes, defensores, não tinha isso que um era melhor do que o outro ou que um faria mais que o outro, trabalhávamos realmente em equipe e isso fez com que muita coisa desse certo”, recordou.

De acordo com a coordenadora-geral das casas lares de Várzea Grande, Isis Katia Novaes Hauer, atualmente 26 crianças estão acolhidas. São meninos e meninas com idades de zero a 18 anos. “Nesta data tão importante, em que comemoramos duas décadas do programa, resolvemos fazer essa homenagem para a instituição, para a idealizadora da iniciativa e para todos os parceiros que contribuem para o funcionamento do programa de acolhimento na modalidade casa lar em Várzea Grande”.

História – Implantado em 2004, o Projeto Vida Nova foi idealizado a partir de uma experiência desenvolvida pela Igreja Adventista no interior de São Paulo e no Rio Grande do Sul. “Inspirados com a iniciativa, batemos de porta em porta dos comerciantes de Várzea Grande em busca de parcerias para a concretização do projeto. Foi um trabalho diferenciado que teve a adesão de importantes pessoas. Começou de forma tímida, mas felizmente foi ampliado e depois se tornou um programa municipal”, explicou a procuradora.

Fonte: Ministério Público MT – MT

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MATO GROSSO

Penas impostas a réus de 5 vítimas retratadas em mostra somam 107 anos

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A edição 2024 dos “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” chegou à Sede das Promotorias de Justiça da Capital promovendo a conscientização sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres por meio da 1ª Mostra Fotográfica das Vítimas de Feminicídio em Cuiabá. Com apoio do Ministério Público, a exposição itinerante da Prefeitura Municipal de Cuiabá é realizada pela Secretaria Municipal da Mulher e ficará em cartaz no local até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Dos 11 réus autores dos feminicídios cometidos contra as vítimas retratadas na exposição fotográfica, cinco já foram submetidos a julgamento. Somadas, as penas aplicadas totalizam 107 anos de prisão. Entre os seis réus que ainda não foram julgados, somente Gilson Castelan de Souza, autor do feminicídio cometido contra Silbene Duroure da Guia, está foragido.

A mãe de uma das vítimas, Antônia Maria da Guia, que é avó de quatro netos e bisavó de uma menina de 9 anos, participou da solenidade de abertura da exposição fotográfica realizada nesta quinta-feira, 21 de novembro. Emocionada, a auxiliar judiciária clamou por justiça e lembrou do relacionamento conturbado da filha. “Foram cinco anos de relacionamento entre idas e vindas. Ela esperava que ele mudasse, mas isso não aconteceu. Então eu peço para as mulheres que, em qualquer sinal de violência, denunciem, busquem ajuda, não fiquem caladas. Precisamos parar com essa tragédia. Nenhuma mulher merece morrer”, disse.

De acordo com a procuradora de Justiça Elisamara Sigles Vodonós Portela, o estado de Mato Grosso registrou, em 2024, a morte de 40 mulheres, e cerca de 70 crianças entraram na estatística de órfãos do feminicídio. “Esta exposição é para apresentar quem são essas vítimas, quem são essas mulheres, mães, avós, filhas e o resultado do que aconteceu com esses assassinos. O Ministério Público tem se empenhado para a completa aplicação da Lei Maria da Penha. Hoje, com a alteração significativa no Código Penal, a punição mais severa na legislação brasileira é para o crime de feminicídio, e nós esperamos que isso possa causar impacto na redução desses números”.

A primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro, reforçou a importância da visibilidade ao tema, destacando que a prevenção começa com debate, informação e ações que promovam segurança, justiça e igualdade. “Infelizmente, as marcas do feminicídio continuam a assombrar nossa sociedade. Vidas preciosas foram interrompidas pela brutalidade e pela misoginia. Quanto mais falamos, mais aprendemos, menos tememos e mais avançamos no fortalecimento da rede de enfrentamento à violência”, disse.

Para a secretária-adjunta da Mulher de Cuiabá, Elis Prates, ações de conscientização são essenciais: “É um momento de fortalecimento na luta pelo fim da violência contra a mulher, porque só assim conseguimos mudar essa realidade por uma sociedade mais justa, mais igualitária, para que todas possam fazer uso dos seus direitos como cidadãs brasileiras”, pontuou.

Fonte: Ministério Público MT – MT

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