“O Espaço de Acolhimento me ensinou o que é empoderamento, o que é me amar de verdade. Eu renasci. Eu precisava olhar no espelho e ver que eu existo, que estou viva. Precisei entender que não tenho que estar atrás de um homem, tenho que estar ao lado dele. Cheguei aqui morta por dentro, e essas mulheres me acolheram. Hoje estou aqui para contar meu depoimento e incentivar outras mulheres a procurar ajuda, pois sei que sem esse cuidado que recebi, não estaria aqui hoje”. Essas são as palavras emocionadas de Greyciane Santos, que relata os anos de sofrimento e abuso que viveu com seu ex-companheiro.
Há dois anos, Greyce visitou uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com fortes dores no corpo e na alma, decorrentes de agressões domésticas. Através desse atendimento, a manicure soube da oferta de um serviço amplo, por meio do Espaço de Atendimento da Mulher. Ali, ela percebeu que havia uma luz no fim do túnel.
“Aquela era minha última esperança. Eu não acreditava mais em nada nem em ninguém. Quando a enfermeira da UPA me falou sobre o Espaço, perguntei se ela acreditava que isso poderia me ajudar. Ela segurou minha mão e disse: ‘moça, o que você está vivendo não é amor. Procure este lugar, lá você vai entender o que é ser amada.’ Aquelas palavras me convenceram, e uma hora depois eu estava sendo atendida pela triagem de acolhimento, dando o primeiro passo para mudar minha realidade”, enfatizou Greyce.
Idealizado pela primeira-dama Márcia Pinheiro, e coordenado pela Secretaria da Mulher, o Espaço de Acolhimento oferece assistência integral, 24 horas por dia, todos os dias da semana, e conta com uma equipe multidisciplinar. A unidade é a primeira do país a funcionar 24 horas a ser implantada em uma unidade hospitalar, o Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) Dr. Leony Palma de Carvalho.
“Este espaço é um sonho meu, impulsionado pelo pedido da Maria da Penha, ativista pelos direitos das mulheres. Cuiabá mantém uma efetiva politica voltada ao enfrentamento do ciclo da violência. As mulheres que nos procuram recebem dedicação, cuidados. A violência contra as mulheres é uma violação dos direitos humanos mais básicos e uma manifestação clara da desigualdade de gênero que persiste em nossa sociedade. Ela se manifesta de diversas formas, seja física, psicológica, sexual, ou econômica, e suas consequências são devastadoras, não apenas para as vítimas, mas também para suas famílias. É fundamental reconhecer que a violência contra as mulheres não é um problema privado, mas sim um problema público que requer uma resposta coordenada e abrangente por parte do Estado, das instituições e de toda a sociedade”, explica a primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro.
O Espaço da Mulher conta com sala de acolhimento infantil, sala de aconchego e terapias ocupacionais, sala para atendimento médico, assistência psicológica, recepção e banheiros. Os atendimentos são realizados por uma equipe multidisciplinar composta por psiquiatras, psicólogas e assistentes sociais, totalizando 16 profissionais atuando diretamente, além da coordenação.
Até o mês de fevereiro deste ano, o Espaço da Mulher realizou 220 atendimentos multidisciplinares. Clariane Moraes, coordenadora do local, explica que muitas mulheres chegam à unidade com medo de fazer denúncias, o que dificulta o primeiro contato com a vítima.
“Costumo dizer que o Espaço de Acolhimento trouxe uma nova perspectiva para as vítimas de violência doméstica. Aqui acolhemos, resgatamos a autoestima e a autoconfiança para que possam recuperar sua autonomia e ser cada vez mais protagonistas de suas próprias histórias. É uma ação de conforto. Muitas mulheres chegam aqui sem querer denunciar o agressor, retraídas, com medo de nossa reação, e nós as acolhemos, trabalhando com elas para que entendam o ciclo da violência, sempre respeitando o tempo de cada uma. Tudo aqui é feito com amor e humanidade”, finalizou Clariane.
Fonte: Prefeitura de Cuiabá – MT