Com a condenação, o Brasil deverá cumprir uma série de medidas para a reparação das mortes e para que novos episódios de letalidade não aconteçam. O Estado deverá:
reabrir os processos e investigações sobre o caso, ainda que estejam prescritos;
criar um grupo de trabalho para prevenir novas ações do tipo;
cobrir o tratamento psicológico e médico de oito familiares das vítimas letais;
realizar um ato público para reconhecer a responsabilidade sobre os atos;
garantir que os registros de operações policiais que resultem em morte (gravações e dados geográfico) sejam enviados aos órgãos internos e externos da polícia;
criar normas para que agentes sejam afastados caso estejam envolvidos em ações que resultem na morte de civis.
O Brasil será obrigado a pagar uma indenização por danos materiais, no valor de US$ 20 mil para cada um dos oito parentes da vítimas fatais. Além disso, a Corte fixou um valor de US$ 80 mil para cada uma das 12 vítimas.
A Corte tomou conhecimento do caso após uma ação da Defensoria Pública do Estado de São Paulo (DPE-SP), em que a defensora Surrailly Youssef, uma das coordenadoras do Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos do órgão, dizia que a sentença do caso era de extrema importância para o excesso praticado pela PM fosse reconhecido.
Operação Castelinho
No dia 5 de março de 2002, 100 policiais militares montaram uma operação em uma praça de pedágio, abordando um ônibus e dois carros na Rodovia José Ermírio de Morais. Ao todo, os policiais fizeram 700 disparos, deixando 12 mortos no ônibus. A PM afirmou que as vítimas eram integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), e que o veículo tinha como destino o aeroporto de Sorocaba para fazer um roubo. Segundo os agentes, eles teriam reagido à abordagem. A ação foi elogiada pelo então governado de São Paulo, Geraldo Alckmin, que afirmou que a “PM agiu corretamente”.
Entretanto, uma investigação do Ministério Público mostrou que a operação teria sido forjada pelo Grupo de Repressão e Análise aos Delitos de Intolerância (Gradi), visando executar 12 pessoas. O motivo seria que um ano antes, o estado teria passado a recrutar presos em penitenciárias para atuar como infiltrados em facções criminosas, na mesma época em que havia rebeliões coordenadas em presídios em todo o estado. Os infiltrados então teriam dito às 12 vítimas que chegariam ao Aeroporto de Sorocaba um avião com R$ 28 milhões em dinheiro. Ao chegarem na rodovia próxima ao aeroporto, foram cercados e atingidos pelos policiais.
O MP denunciou 53 policiais. Entretanto, todos foram absolvidos pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
As vítimas são: José Airton Honorato, Aleksandro de Oliveira Araujo, José Cicero Pereira dos Santos, José Maia Menezes, Djalma Fernandes Andrade de Souza, Fabio Fernandes Andrade de Souza, Gerson Machado da Silva, Jeferson Leandro Andrade, Laercio Antonio Luis, Luciano da Silva Barbosa, Sandro Rogerio da Silva e Silvio Bernardino do Carmo.
Uma das propostas da Chapa 2 – “Nova OAB” para fortalecer a inclusão dentro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) é a criação de uma Comissão de Inclusão e Acessibilidade. De acordo com o candidato à presidência Pedro Paulo, o projeto visa garantir que advogados e advogadas que enfrentam dificuldades por conta de alguma deficiência encontrem portas abertas e todo suporte necessário dentro da entidade.
A ideia da implantação da comissão surgiu após sugestão da advogada Franciele Rahmeier, diagnosticada com transtorno do espectro autista. A jurista, que é candidata à secretária-geral da subseção de Primavera do Leste, declarou seu apoio a Pedro Paulo. Para ele, a Seccional mato-grossense precisa estar sempre aberta a ouvir, debater e criar medidas que garantam equidade também dentro da advocacia.
“Inclusão é conscientização. É ouvir, colocar-se no lugar do outro e permitir que cada um possa contribuir da melhor forma, com as suas experiências. Essa proposta vai auxiliar outros advogados e advogadas, que enfrentam as mesmas dificuldades da Drª Franciele, e assegurar a participação nas discussões sobre o tema em diversas esferas da política. Agradeço a ela por nos abrir os olhos para essa questão”, argumenta Pedro Paulo.
A advogada recebeu o diagnóstico há pouco mais de um ano, mas relata que desde antes tem enfrentado muitas dificuldades. Segundo ela, a principal é o julgamento preconceituoso que, muitas vezes, classifica essas pessoas como incapazes. Ainda conforme Franciele, dentro da própria OAB há esses obstáculos, principalmente quando se procura amparo para o desenvolvimento tranquilo da profissão.
“A gente precisa incluir para igualar essas classes. Tem muita gente que pergunta ‘cadê a OAB?’. A OAB, infelizmente, parece que tem medo de dar a cara a tapa em relação aos direitos que são nossos. O Pedro Paulo deu atenção a essa proposta não com teor político, mas com teor de acolhimento, no sentido de propor a mudança dessa realidade que temos hoje. Estávamos esquecidos e agora estamos sendo ouvidos”, afirma Franciele Rahmeier.
A chapa liderada por Pedro Paulo tem como vice-presidente a Drª Luciana Castrequini, como secretário-geral o Drº Daniel Paulo Maia Teixeira, a secretária-adjunta Drª Adriana Cardoso Sales de Oliveira e como tesoureiro o Drº Rodolpho Augusto Souza Vasconcellos Dias. O grupo, formado ainda por conselheiros titulares e suplentes, reúne membros da Capital e também de subseções do interior.