Numa ação absolutamente pragmática, o governo Lula deu apoio a um empréstimo de 960 milhões de dólares – o equivalente a R$ 4,74 bilhões – do banco de desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) à Argentina governada pelo presidente de extrema-direita Javier Milei, que tomou posse no início deste mês de dezembro.
O objetivo é permitir o pagamento dos 912 milhões de dólares (cerca de R$ 4,5 bilhões) que a Argentina deve ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e precisam ser quitados até a próxima quinta-feira, 21 de dezembro.
O valor é referente a uma parcela de um acordo firmado pelo ex-presidente Maurício Macri e renegociado por seu sucessor, Alberto Fernández. Atualmente, a dívida total da Argentina com o FMI é de 44 bilhões de dólares (cerca de R$ 220 bilhões).
O crédito concedido pelo CAF evitará que o país se torne inadimplente, abrindo caminho para renegociar o valor com o FMI mais uma vez. No novo empréstimo, tomado a uma taxa de juros de 5,72% ao ano, a Argentina terá até 12 meses de prazo para honrar o compromisso. Em caso de inadimplência, o país não poderá tomar novos financiamentos com a instituição.
A postura agressiva de Milei – um fã assumido de Jair Bolsonaro e Donald Trump – durante sua campanha mudou um pouco após o resultado da eleição. Após ter ofendido Lula – a quem chamou de “corrupto” e “comunista” – o argentino recuou e enviou a então futura chanceler argentina, Diana Mondino, a Brasília, para convidar o chefe do Executivo brasileiro à cerimônia em Buenos Aires. Mesmo assim, Lula não foi, preferindo enviar como seu representante o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
Apesar do mal estar político entre Lula e Milei, o Brasil tem muitos negócios com o país vizinho, e seria desastroso para a nossa economia se a Argentina desse um calote, aprofundando ainda mais a crise econômica (a inflação está em 160,9%, acompanhada da desvalorização do Peso Argentino frente ao dólar).
Para explicar a situação de maneira mais concreta, vamos aos números: de janeiro a outubro de 2023, o superávit comercial do Brasil com a Argentina chegou a 4,75 bilhões de dólares. Nesse período, as vendas brasileiras para os argentinos cresceram 12,5%, o que rendeu 14,9 bilhões de dólares para o Brasil, enquanto as importações caíram 7,1% e chegaram a 10,15 bilhões de dólares. Eis a razão do pragmatismo do governo brasileiro.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.