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Ato cultural celebra 130 anos de Mario de Andrade

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Foi às 18h15 desta segunda-feira (9) que o poeta, intelectual e escritor Mario de Andrade, trajando um terno branco bem cortado, chapéu e trazendo um buquê de rosas brancas nas mãos, chegou de táxi à sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), um casarão histórico instalado na Avenida Angélica, em São Paulo. E foi com um coral de mulheres que ele foi saudado, logo na entrada do prédio.

“Parabéns a você, parabéns,

toda felicidade

muitos anos de vida também

e sempre a nossa amizade”.

Hoje se completam 130 anos de nascimento de um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922, Mário de Andrade. Nascido em São Paulo no dia 9 de outubro de 1893, Mario, neste 9 de outubro de 2023 representado pelo ator Pascoal da Conceição, morreu em 1945, vítima de um infarto. Entre as obras mais conhecidas de Mario de Andrade estão Macunaíma, Pauliceia Desvairada e Amar, Verbo Intransitivo.

Para celebrar a data, o Iphan promoveu uma cerimônia com leitura de cartas escritas por Mário de Andrade para Rodrigo Melo Franco de Andrade, ambos responsáveis pela fundação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), hoje o Iphan.

O intelectual teve papel fundamental na trajetória da preservação cultural em São Paulo e no Brasil, publicando sobre a arte, cultura e identidade brasileiras. Em 1937, a convite do então ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, redigiu o anteprojeto de criação do Sphan.

O aniversário

O evento de aniversário ocorreu na sede da superintendência paulista do Iphan.

O casarão que abriga a sede do instituto desde 2010, em São Paulo, é da primeira década do século 20 e foi construído pelo escritório do arquiteto Ramos de Azevedo para ser a residência de dona Sebastiana de Sousa Queirós. O escritório de Ramos de Azevedo também foi responsável por outros edifícios emblemáticos na capital paulista como o Theatro Municipal, a Pinacoteca e a Casa das Rosas.

São Paulo SP 09/10/2023 Ação em homenagem aos 130 anos de Mário de Andrade . Evento conta com apresentação do ator Pascoal da Conceição, que faz leitura e interpretação de cartas trocadas entre o escritor e Rodrigo Melo Franco de Andrade, que juntos fundaram o então Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), atual Iphan Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil São Paulo SP 09/10/2023 Ação em homenagem aos 130 anos de Mário de Andrade . Evento conta com apresentação do ator Pascoal da Conceição, que faz leitura e interpretação de cartas trocadas entre o escritor e Rodrigo Melo Franco de Andrade, que juntos fundaram o então Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), atual Iphan Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

São Paulo SP 09/10/2023 “Só fui saber que eu era parecido com o Mário de Andrade em 1994, quando emitiram uma nota de quinhentos mil cruzeiros”, disse o ator Pascoal da Conceição. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Integrante do Teatro Oficina, fundado por Zé Celso, falecido recentemente, Pascoal da Conceição interpreta Mário de Andrade há muitos anos, tendo feito minisséries, teatro e performances, devido à sua semelhança física com o poeta. Pascoal também é um estudioso da obra e vida do escritor.

“Desde 1989 eu interpreto o Mário”, contou ele à reportagem da Agência Brasil. “Na verdade, em 1989, eu fui em um evento da cidade, no Solar da Marquesa de Santos, e fui convidado para falar um poema do Mário de Andrade. Mas só fui saber que eu era parecido com o Mário de Andrade em 1994, quando emitiram uma nota [moeda] de quinhentos mil cruzeiros [que tinha estampada a figura do escritor]”, falou.

“O Mário de Andrade viveu como todos nós perrengues econômicos, governamentais, culturais, de vida. Mas, com sua inteligência, ele deixou em sua obra um grande legado de como era viver cada um desses momentos. Ele é exemplo de pessoa que vive sua vida com grandeza”, falou o ator.

Já o historiador, antropólogo, músico e ator Danilo Nunes, superintendente do Iphan em São Paulo, interpretou Rodrigo. “O Rodrigo Melo Franco de Andrade foi o primeiro superintendente [do Iphan]”, disse ele, também em entrevista à Agência Brasil.

“O Iphan cuida de bens materiais, móveis, imóveis e imateriais. Temos uma instituição de patrimônio cultural que muitas vezes foi ‘europeizada’, trouxe uma visão europeia para cá. E nós, brasileiros, precisamos olhar também para o que temos aqui, nossas comunidades. Não existe muro sem ser humano. E não existe ser humano sem lugar. O patrimônio é o que a gente faz. O ser humano é patrimônio e o Iphan tem que cuidar de tudo isso”, disse Danilo.

Para Pascoal da Conceição, o escritor Mário de Andrade foi importante não só pelo que escreveu ou criou, mas por ter pensado também na ideia do patrimônio imaterial. “O Mário de Andrade, em 1937, fez um anteprojeto para que o patrimônio da humanidade não fosse só o patrimônio material. Ele colocou como patrimônio as casas de pescadores, as cruzes de beira de estrada, os instrumentos de trabalho e indígenas. E depois ele criou uma outra categoria, a de patrimônio imaterial – que ele dizia que tinha mais potência que os outros – como as cantigas, as receitas, o samba, entre outros”, falou.

“Isso só vai ser reconhecido pela Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura] em 1960. E ele falou sobre isso em 1937. Ele elevou em uma categoria de patrimônio uma sabedoria que, muitas vezes, ficaria em segundo plano. Coisas que estamos vendo serem cada vez mais importantes como os saberes indígenas e quilombolas. Ele foi o primeiro a fazer isso”, explicou o ator.

Viva Mário

Durante sua apresentação nesta noite, Pascoal da Conceição leu o trecho de uma das cartas escritas por Mário.

“Chora, irmão pequeno, chora,

Cumpre a tua dor, exerce o rito da agonia.

Porque cumprir a dor é também cumprir o seu próprio destino”.

E, ao final dessas leituras, foi saudado pelo público. “Viva, Mário! Viva!”, gritaram os convidados da festa.

O evento se encerrou após um parabéns tradicional, com direito a um bolo de aniversário e três velinhas, que Mário apagou com um sopro.

Fonte: EBC GERAL

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BRASIL

PF cumpre mandado em Cuiabá sobre venda de sentença no Judiciário

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Por Fabio Serapião

Da folhapress Brasilia

A Polícia Federal cumpre, na manhã desta quinta (24), mandados de busca e apreensão em uma investigação sobre venda de sentenças que envolve cinco desembargadores do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul.

Cinco desembargadores foram afastados dos cargos. Além das buscas, também há medidas como proibição de acesso às dependências de órgão público, vedação de comunicação entre investigados e uso de tornozeleira eletrônica.

Um mandado de busca e apreensão foi cumprido, na manhã desta quinta-feira (24), em um condomínio de luxo em Cuiabá,

O alvo seria um lobista e as investigações apontam para a ligação com morte do advogado Roberto Zampieri.

A ação foi batizada de Ultima Ratio e investiga os crimes de corrupção em vendas de decisões judiciais, lavagem de dinheiro, organização criminosa, extorsão e falsificação de escrituras públicas no Poder Judiciário.

Os mandados de busca foram expedidos pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) e são cumpridos por cerca de 200 policiais federais em Campo Grande (MS), Brasília (DF), São Paulo (SP) e Cuiabá.

A investigação sobre a comercialização de sentença teve apoio da Receita e é um desdobramento da operação Mineração de Ouro, deflagrada pela PF em 2021.

Na primeira fase, a investigação tinha como foco a suposta participação de integrantes do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul em uma organização criminosa.

O nome da operação teve como origem a descoberta de que a aquisição de direitos de exploração de mineração em determinadas áreas eram utilizadas para lavagem de dinheiro proveniente do esquema.

Esse não é o único caso relacionado a venda de sentença judicial em investigação no âmbito do STJ.

Um ministro do próprio tribunal está na mira da PF sob suspeita de venda de sentença.

CASO ZAMPIERI – As investigações que chegaram às suspeitas sobre o STJ se iniciaram após o homicídio de um advogado em dezembro do ano passado, em Mato Grosso.

O caso levou ao afastamento de dois desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

O advogado Roberto Zampieri foi assassinado com dez tiros em dezembro passado.

Na ocasião, ele estava dentro do carro, em frente ao seu escritório em Cuiabá.

Em seu celular, havia mensagens que levantaram suspeitas de vendas de decisões por gabinetes de quatro ministros do STJ.

As investigações iniciais apontavam como uma das motivações processos de disputas de terras que tramitam no Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

Outro caso de venda de sentenças ainda em andamento é no Tribunal de Justiça da Bahia.

Lá, a operação Faroeste se transformou no maior caso de venda de decisões judiciais do Brasil.

Nos últimos meses, duas desembargadores baianas se tornaram rés (uma delas pela segunda vez) no âmbito da operação, juízes do sul do estado foram afastados sob suspeita de irregularidades em questão fundiária e um magistrado da região oeste disse sofrer ameaças por julgar casos relacionados a grilagem.

No início de julho passado, a Corregedoria Nacional de Justiça decidiu fazer uma investigação diante de nova suspeita de irregularidades no tribunal, com convocação de testemunhas e análise de equipamentos eletrônicos.

Ao mesmo tempo, o corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, determinou uma apuração profunda sobre o tribunal, em decorrência de “gravíssimos achados”.

Entre eles, estão problemas na vara de Salvador encarregada de analisar casos de lavagem de dinheiro e organização criminosa. Há relatos de atrasos dos juízes em audiências, ineficiência e servidores da vara com temor de represálias de magistrados.

Cuiabá é uma das cidades alvo da Operação Ultima Ratio, que investiga supostos crimes de vendas de sentença, lavagem de dinheiro, organização criminosa, extorsão e falsificação de escrituras públicas no Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul. A ação foi deflagrada nesta quinta-feira (24), no estado vizinho.

Segundo a PF, são cumpridos 44 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça em Campo Grande (MS), Brasília (DF), São Paulo (SP) e Cuiabá.

A ação teve o apoio da Receita Federal e é um desdobramento da Operação Mineração de Ouro, deflagrada em 2021, na qual foram apreendidos materiais com indícios da prática dos referidos crimes.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o afastamento do exercício das funções públicas de servidores, a proibição de acesso às dependências de órgão público, a vedação de comunicação com pessoas investigadas e a colocação de equipamento de monitoramento eletrônico.

 

 

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