A Polícia Militar de Mato Grosso, por meio do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), lançou, na manhã desta quarta-feira (01º.02), a Operação Docentes, Discentes e Pais Seguros nas Escolas 2023. A cerimônia ocorreu na Escola Estadual Professora Eliane Digigov Santana, no bairro Bela Vista, em Cuiabá, dando início às atividades do programa neste ano.
De acordo com o coordenador estadual do Proerd, tenente-coronel Darwin Salgado Germano, o programa tem como objetivo prevenir, combater o uso de drogas entre crianças e adolescentes, bem como diminuir a violência praticada dentro e fora do ambiente escolar e familiar. “O Proerd consiste num esforço cooperativo estabelecido entre a Polícia Militar, escolas e famílias com intuito de preparar crianças e jovens para fazerem escolhas seguras e responsáveis em suas vidas. O projeto visa, ainda, estratégias adequadas para tornarem-se bons cidadãos, resistir à oferta de drogas e ao apelo da violência”, disse.
Conforme Darwin, o lançamento da operação consiste ainda no início dos trabalhos do Proerd em todo o estado. Neste ano, o objetivo é atender aproximadamente 400 escolas em 60 municípios de forma a tornar o ambiente escolar mais seguro, tanto para alunos, pais e professores. Em 2022, o Proerd formou 29,5 mil alunos e realizou mais de 45 mil atendimentos. A previsão desse ano é atingir essa mesma média.
O cronograma visa levar informações por meio atividades e orientações práticas sobre como se comportar diante da oferta de drogas e em situações como bullying e outras formas de violência. As aulas são ministradas por policiais militares que possuem capacitação específica.
“O material didático de apoio destaca noções de cidadania, técnica para resistir às pressões dos colegas, consequências do uso de drogas, técnicas de autocontrole para se afastar da violência, maneira de lidar com o estresse, promoção da autoestima, resistência ao bullying, entre outros assuntos de valorização da vida”, ressaltou.
O professor de Educação Física, Volnei Deuclécio, destacou a importância do programa aliado às atividades escolares. “É uma parceria muito importante, pois contribui para formação do estudante. Tive muitos alunos que já participaram do Proerd e alcançaram um melhor rendimento em sala de aula. Essa melhora é unânime em todas as disciplinas”, apontou.
A jovem Micaelly de Figueiredo, de 14 anos, relembrou que participou de uma turma do Proerd há alguns anos e que foi uma das melhores experiências da sua vida. “Eu aprendi muita coisa, foi um divisor de águas na minha vida e eu me lembro de cada ensinamento ministrado. Participávamos de encontros e muitas atividades em grupo. Eu recomendo que todos os jovens participem”.
Representando a Secretaria de Estado de Justiça Direitos Humanos (Sajudh), a psicóloga Melissa Silva, explica que a unidade possui a Gerência de Prevenção, Cuidados e Reinserção Social, que de forma conjunta, atuará com atividades do Proerd. “Estamos fazendo um mapeamento para fortalecer essa área de combate e prevenção às drogas, buscando várias instituições da área da Segurança Pública para ampliar esse atendimento, não somente em escolas, mas toda sociedade civil organizada, para uma melhor capacitação de servidores, militares, professores e pais de alunos”.
A edição 2024 dos “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” chegou à Sede das Promotorias de Justiça da Capital promovendo a conscientização sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres por meio da 1ª Mostra Fotográfica das Vítimas de Feminicídio em Cuiabá. Com apoio do Ministério Público, a exposição itinerante da Prefeitura Municipal de Cuiabá é realizada pela Secretaria Municipal da Mulher e ficará em cartaz no local até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Dos 11 réus autores dos feminicídios cometidos contra as vítimas retratadas na exposição fotográfica, cinco já foram submetidos a julgamento. Somadas, as penas aplicadas totalizam 107 anos de prisão. Entre os seis réus que ainda não foram julgados, somente Gilson Castelan de Souza, autor do feminicídio cometido contra Silbene Duroure da Guia, está foragido.
A mãe de uma das vítimas, Antônia Maria da Guia, que é avó de quatro netos e bisavó de uma menina de 9 anos, participou da solenidade de abertura da exposição fotográfica realizada nesta quinta-feira, 21 de novembro. Emocionada, a auxiliar judiciária clamou por justiça e lembrou do relacionamento conturbado da filha. “Foram cinco anos de relacionamento entre idas e vindas. Ela esperava que ele mudasse, mas isso não aconteceu. Então eu peço para as mulheres que, em qualquer sinal de violência, denunciem, busquem ajuda, não fiquem caladas. Precisamos parar com essa tragédia. Nenhuma mulher merece morrer”, disse.
De acordo com a procuradora de Justiça Elisamara Sigles Vodonós Portela, o estado de Mato Grosso registrou, em 2024, a morte de 40 mulheres, e cerca de 70 crianças entraram na estatística de órfãos do feminicídio. “Esta exposição é para apresentar quem são essas vítimas, quem são essas mulheres, mães, avós, filhas e o resultado do que aconteceu com esses assassinos. O Ministério Público tem se empenhado para a completa aplicação da Lei Maria da Penha. Hoje, com a alteração significativa no Código Penal, a punição mais severa na legislação brasileira é para o crime de feminicídio, e nós esperamos que isso possa causar impacto na redução desses números”.
A primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro, reforçou a importância da visibilidade ao tema, destacando que a prevenção começa com debate, informação e ações que promovam segurança, justiça e igualdade. “Infelizmente, as marcas do feminicídio continuam a assombrar nossa sociedade. Vidas preciosas foram interrompidas pela brutalidade e pela misoginia. Quanto mais falamos, mais aprendemos, menos tememos e mais avançamos no fortalecimento da rede de enfrentamento à violência”, disse.
Para a secretária-adjunta da Mulher de Cuiabá, Elis Prates, ações de conscientização são essenciais: “É um momento de fortalecimento na luta pelo fim da violência contra a mulher, porque só assim conseguimos mudar essa realidade por uma sociedade mais justa, mais igualitária, para que todas possam fazer uso dos seus direitos como cidadãs brasileiras”, pontuou.