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MATO GROSSO

Curso de formação: novos magistrados(as) têm aula sobre execução penal e sistema carcerário

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Nessa quarta-feira (13 de setembro), os novos juízes e substitutas de Direito de Mato Grosso participaram de uma aula sobre execução penal e puderam conhecer a realidade do sistema carcerário de Mato Grosso. A capacitação foi conduzida pelo juiz Geraldo Fernandes Fidelis Neto, que desde 2013 atua na área e é o coordenador do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do Estado (GMF).
 
Ele contou com a participação da formadora da metodologia Escritório Social Patrícia Bachega e do secretário-adjunto de Administração Penitenciária de Mato Grosso, Jean Carlos Gonçalves.
 
“Nas nossas faculdades nós não aprendemos sobre execução penal, passamos ao largo. Não tem. Na maioria dos cursos não se fala em execução penal, se falar é uma semana, e olhe lá, durante todo o curso de Direito”, iniciou o magistrado.
 
“Não adianta nada o trabalho da persecução penal, a tramitação processual, até chegar a uma sentença, eventualmente grau recursal, mexer com toda a estrutura, desde o policial de frente, inteligência da Polícia Civil, Ministério Público fazendo a denúncia, magistratura, presença dos advogados, da defesa, para chegar numa sentença, depois, eventualmente, um Tribunal de Justiça envolvendo procuradores, desembargadores, se, lá no final, na hora de executar a pena, não temos a estrutura, se executamos de maneira equivocada, errada”, ressaltou Fidelis.
 
Segundo o magistrado, a execução penal ocorre ‘no campo’, por meio de parcerias com o setor de inteligência das Policias e, principalmente, por meio de ações sociais.
 
Aos novos magistrados(as), o juiz traçou um panorama das pessoas presas no Brasil. “De 2005, até hoje, já chegamos a 800 mil pessoas presas no Brasil. Em Mato Grosso, temos 11,7 mil pessoas presas no regime fechado. Praticamente não temos mais déficit de vagas, zeramos, diferente de todos os demais estados do Brasil”, revelou.
 
Isso foi possível, explicou o magistrado, em razão do trabalho iniciado pelo desembargador Orlando Perri, com visitas feitas aos presídios no Estado, e posterior encaminhamento de relatório ao Ministério Público, “que acionou o governador para promover melhorias no sistema penitenciário, com aumento de vagas e ampliação de unidades. Faltam cerca de 100 pessoas e o último raio está em construção na Penitenciária Central do Estado. Isso significa que está bom? Não. Vaga é espaço para pessoas conviver com outros, ter saúde, condições de transporte, área médica, policiais. E estamos carentes disso”, observou.
 
Segundo Fidelis, o principal objetivo da execução penal é a ressocialização, e não apenas o cárcere. Na aula, ele traçou um perfil de quem são as pessoas presas, e falou sobre a seletividade penal e o racismo estrutural existente em nosso país. Dos encarcerados, 67% são negros, 42% têm menos de 30 anos, são pobres, sem escolaridade, residentes nas periferias ou ruas. Do total, 65% não chegaram ao Ensino Médio e só 1,24% têm ensino superior completo.
 
O magistrado destacou ainda estatísticas do sistema penitenciário, como 39% dos casos serem práticas de crimes contra o patrimônio, 26,3% relativo a tráfico de entorpecentes, 14,24% crimes contra a vida e 7,41% legislação específica. “Esses crimes se retroalimentam. Mas essas pessoas estão indo para atrás das grades quando eventualmente deveria ser buscada a recuperação dessas pessoas.”
 
Geraldo Fidelis enfatizou o principal objetivo da Lei de Execução Penal, que é promover a integração social do condenado ou do internado, e destacou que a melhor ressocialização ocorre por meio do trabalho. “Em todo lugar onde o juiz for diligente é possível fazer parcerias, vincular a Fundação Nova Chance e fazer convênios”, salientou aos magistrados, sobre a importância de terem atuação ativa quando chegarem em suas respectivas comarcas.
 
A assessora do magistrado há 17 anos e formadora da metodologia Escritório Social Patrícia Bachega falou com os(as) juízes(as) sobre os públicos mais excluídos, como os portadores de sofrimento mental em conflito com a lei, os LGBTQIA+ e as mulheres.
 
“Estamos em diálogo com Assembleia Legislativa, com os atores da saúde, para pensar estratégicas para a política antimanicomial. Aqui não temos hospital de custódia e tratamento psiquiátrico (…). Atualmente temos 10 vagas, que ficam localizadas dentro do CAPS 3, para os pacientes mentais em conflito com a lei. Todos os senhores terão essas 10 vagas e essas já estão preenchidas”, afirmou.
 
Patrícia falou ainda sobre a população LGBTQIA+, da coleta de perfil que foi feita nas unidades e que contribuiu para o norteamento de ações nas unidades. Traçou ainda um detalhado panorama da situação feminina nas unidade prisionais, onde 61% são primárias e 39% reincidentes. Os principais delitos cometidos por mulheres são tráfico de drogas (49%), crimes contra o patrimônio (16%) e crimes contra a vida (15%). “Há muitos lares que são sustentados pela questão do tráfico. São pequenas bocas de fumo que sustentam aquela família e acaba que os crimes contra o patrimônio ficam relacionados nessa circunstância.”
 
Os dados mostram o abandono pelo companheiro após a prisão. Apenas 60% delas recebem visita, que na maioria dos casos (47%) são de familiares, 25% dos filhos e apenas 9% dos companheiros.
 
Também participou da aula o secretário-adjunto de Administração Penitenciária de Mato Grosso, Jean Carlos Gonçalves, que se colocou à disposição dos novos magistrados para eventuais necessidades. “Muitas das questões administrativas urgentes são resolvidas por WhatsApp e eu me coloco à disposição dos senhores. O sistema penitenciário precisa muito da proatividade do juiz caso esteja em comarca que tenha cadeia. A gente não sobrevive sem os senhores”, assinalou.
 
Segundo ele, as unidades penais que contam com um magistrado não registram problemas. “Não tenho denúncias de torturas, maus-tratos ou atrasos processuais. A participação do magistrado na unidade penal é essencial. Temos unidades referência aqui em Mato Grosso. Posso citar Tangará da Serra, com a doutora Edna Coutinho. É inimaginável o que a participação do magistrado na unidade penal pode fazer. Sem os senhores eu não faço quase nada.”
 
Dentre outros temas, Jean citou ainda as novas vagas que serão abertas até dezembro no sistema carcerário estadual. “Até final teremos superávit de 1700 vagas no sistema penitenciária do Estado”, acrescentou.
 
#ParaTodosVerem – Esta matéria possui recursos de texto alternativo para promover a inclusão das pessoas com deficiência visual. Imagem 1: fotografia colorida e vertical. Homem veste roupa escura e gravata vermelha. Ele segura microfone e fala com pessoas que estão sentados à sua frente, de costas para a foto. Imagem 2: fotografia colorida e vertical. Dois homens estão de frente para a foto. Um veste roupa escura e gravata branca. Está parado. Outro veste camisa branca e calça jeans, está segurando microfone e conversar com a homens e mulheres sentados à sua frente. Imagem 3: fotografia colorida e vertical. Mulher está em pé, ela tem cabelos loiros, usa blusa rosa e fala ao microfone para pessoas sentadas à sua frente.
 
Lígia Saito 
Assessoria de Comunicação 
Escola Superior da Magistratura de Mato Grosso (Esmagis-MT)
 

Fonte: Tribunal de Justiça de MT – MT

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MATO GROSSO

“Mato Grosso tem atuação significativa na atenção de egressos do sistema penitenciário”, afirma representante do Governo Federal

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“O Estado de Mato Grosso tem feito, em especial nos últimos anos, uma atuação expressiva e significativa na atenção às pessoas egressas do sistema prisional, como a implantação dos Escritórios Sociais, qualificação e composição de equipes”, afirmou a diretora de Cidadania e Políticas Alternativas do Governo Federal, Mayesse Silva Parizi durante o Encontro Nacional da Política Nacional de Atenção à Pessoa Egressa do Sistema Prisional (PNAPE), realizado nesta quinta-feira(07.11), em Cuiabá,

De acordo com Parizi, a escolha de Cuiabá para sediar esse evento foi estratégica, dada a relevância das ações desenvolvidas como parte do Sistema Prisional pelo Governo de Mato Grosso, por intermédio da Secretaria de Estado de Segurança Pública.

Conforme balanço apresentado pela Fundação Nova Chance (Funac), órgão responsável pela assistência e reinserção social de pessoas em privação de liberdade e deixando a prisão, somente em 2024, até o mês de outubro, o Governo intermediou a contratação de cerca de cinco mil pessoas privadas de liberdade e egressos.

Atualmente, existem 266 contratos ativos com cerca de 250 órgãos públicos e empresas privadas mato-grossenses que empregam mão de obra de trabalhadores privados de liberdade e egressos do sistema prisional.

Durante o encontro, o secretário adjunto de Segurança Pública, Coronel PM, Héverton Mourett de Oliveira, lembrou que os resultados alcançados pela atual gestão só foram possíveis a partir da união dos esforços do Poder Executivo com o Judiciário, Ministério Público, Defensoria, prefeituras e outras instituições públicas e privadas.

“Essa melhoria ocorreu porque foi possível compartilhar os desafios e somar esforços com outros órgãos para que pudéssemos enfrentar a questão da reinserção social”, destaca Mourett.

De acordo com o coronel Mourett, para que isso possa acontecer as instituições e os poderes trabalham para criar normativas e novas estruturas que permitem atender melhor aqueles que estão em iminência de deixar a prisão e os que já estão em liberdade e necessitam do suporte do poder público e da sociedade para voltar ao mercado de trabalho e assegurar renda para si e suas famílias.

O secretário adjunto da Administração Penitenciária, Jean Gonçalves, citou os avanços para abertura de mais vagas e modernização das unidades prisionais do Estado, onde começa o processo de ressocialização das pessoas privadas de liberdade.

Conforme dados da Sesp, entre 2029 e 2023, o Governo de Mato Grosso investiu R$ 300 milhões em obras e reforma das unidades prisionais. Como resultado desses investimentos, o levantamento anual do Governo Federal, este ano apresentado em outubro, Mato Grosso possui 12.988 vagas para 12.856 presos em 41 unidades prisionais. O superávit é de 132 vagas.
“Houve investimento massivo na construção de vagas em um primeiro momento, para que posteriormente pudéssemos oferecer oportunidade de trabalho, educação, curso profissionalizante”, pontuou.

“Muitos estados fecham as portas para os órgãos fiscalizadores. Aqui fizemos diferentes, nós abrimos as portas para que seja possível buscar solução para os problemas encontrados. Essa é a nossa metodologia em Mato Grosso, nós temos um trabalho coeso entre os poderes, cada um dentro da sua atribuição”, acrescentou Jean Gonçalves.

Nova Chance

Durante o encontro, o presidente da Fundação Nova Chance, Winkler Freitas, instituição responsável pelo atendimento a pessoas egressas e sua família, detalhou a atuação da instituição e fez um balanço dos números alcançados desde o início do ano.

Freitas explicou que em 2020, a partir da união dos Poderes Executivo, Judiciário e outras instituições públicas foram instituídos os Escritórios Sociais, que funcionam como um braço da Funac no atendimento e intermediação da mão de obra de egressos e pré-egressos do Sistema Penitenciário com empresas privadas e órgão públicos.

Desde então, são 10 escritórios funcionando em Cuiabá em cidades como Rondonópolis, Sinop, Barra do Garças, Sorriso, Tangará da Serra e Lucas do Rio Verde.

Encontro Regional

Além de Mato Grosso, o evento reuniu autoridades dos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás e de Brasília, que discutiram temas como: a Implementação da PNAPE, Espaço de reintegração social da pessoa egressa e seus familiares; Metodologia de Gestão dos Serviços Especializados e inserção entre gênero e raça, Políticas Públicas para trabalho e inclusão produtiva da pessoa egressa e seus familiares.

Fonte: Governo MT – MT

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