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Economia

Investimentos no Brasil ajudarão China a atender demanda interna

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O Brasil terá muito a ganhar com a mudança do perfil econômico observada na China. Após um período focado em investimentos na própria infraestrutura, o maior parceiro comercial do Brasil tem buscado cada vez mais fortalecer seu consumo interno. E, para dar conta dessa demanda crescente, focará investimentos na infraestrutura de outros países que tenham condições de ofertar produtos e alimentos a custo baixo.

Esse contexto foi o ponto de partida da reunião interministerial preparatória para a 7ª Sessão Plenária da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), realizada nesta quinta-feira (24), em Brasília. A comissão é o principal mecanismo de diálogo entre Brasil e China.

Um dos setores com maior potencial para receber os investimentos chineses é o da infraestrutura. Afinal, como disse o ministro dos Transportes, Renan Filho, é interesse dos chineses garantir alimentos cada vez mais baratos para atender a imensa demanda chinesa com mais de 1,4 bilhão de habitantes.

Investir para atrair capital

Renan Filho, no entanto, pondera que há uma relação direta entre investimentos públicos e capacidade de atração de capital privado, motivo pelo qual o Brasil precisa se antecipar e criar condições ideais para atrair o interesse chinês.

“No ano passado, o Ministério dos Transportes investiu R$ 7 bilhões. Em 2023, vamos investir R$ 22 bilhões. E, com o cumprimento das metas do arcabouço fiscal garantido, teremos em torno de R$ 78 bilhões para investimentos diretos públicos federais. Isso é a retomada dos investimentos públicos federais”, disse Renan Filho ao iniciar sua participação na reunião interministerial preparatória, hoje no Palácio Itamaraty.

“Vale dizer que há uma correlação muito clara entre os investimentos públicos e a capacidade do país em atrair capital privado. Os recursos privados se sentem mais animados quando há recursos públicos somando esforços. Então, estamos vivendo um ambiente muito positivo no que concerne a atração de recursos privados. E é nessa agenda que eu acho fundamental a interação com a China, principalmente no âmbito da infraestrutura”, acrescentou.

Momento promissor

O ministro Renan Filho argumentou que o atual momento é muito promissor, sobretudo, porque a China deseja modificar seu perfil econômico, “transformando o perfil do crescimento econômico, focado apenas em investimento, para o fortalecimento do consumo”.

“Então, se eles pretendem reduzir o investimento [interno] especialmente em infraestrutura, isso significa dizer que estarão com uma boa oferta para investimentos no exterior, especialmente na área de infraestrutura [para baratear suas importações]. Isso criará uma óbvia sinergia com as necessidades do Brasil porque somos o maior produtor global de alimentos e eles são compradores significativos”, disse o ministro.

Segundo Renan, os chineses têm manifestado publicamente esse desejo de reduzir os custos para importações. “Isso nos permite criar sinergias importantes com relação à redução de custos para nossas exportações, especialmente investimentos para escoamento da produção do Brasil central; para o fortalecimento do escoamento da produção pelo Arco Norte; e para a construção de rotas bioceânicas, o que reduzirá o preço do frete até a China”.

Investimentos

São várias as possibilidades de investimentos, segundo o ministro. Ele citou, entre os voltados à infraestrutura, a ampliação do modal ferroviário e a criação de uma competitividade maior entre as unidades portuárias brasileiras, “conectando-as a uma rede ferroviária mais robusta”.

“Já entregamos 100% da Ferrovia Norte-Sul, que tem duas saídas claras hoje: uma no Arco Norte, pelo Porto de Itaqui e por Miritituba; e também uma saída pelo Porto de Santos (SP). Vamos conectar a Norte-Sul com a Transnordestina para criar novas saídas pelo Arco Norte, e construir a Ferrovia Leste-Oeste, que ligará Ilhéus, na Bahia, passando por Caetité, trazendo a produção de Barreiras e de Luís Eduardo Magalhães, que é a área mais produtora do oeste baiano”, detalhou.

“Depois, corta o estado de Goiás por Mara Rosa, que é uma cidade extremamente produtora cortada também pela [ferrovia] Norte-Sul. Este é o ponto de intercessão. Passa, então, por Água Boa, em Mato Grosso, e vai até Lucas do Rio Verde, que é o coração da soja”, complementou.

Todo esse trajeto possibilitará – via modal ferroviário – o escoamento de parte da produção do Brasil Central pelo sul baiano, e uma conexão nordestina que vai se conectar também com os portos de Pecém, no Ceará, e de Suape, em Recife.

Renan Filho explicou que essas conexões, que ligarão ferrovias e portos em todo o país, compõem uma série de “projetos elegíveis” para receber investimentos, tecnologias e equipamentos chineses.

Obras do PAC

Otimismo similar foi observado no ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França. Para ele, as principais obras previstas para os próximos quatro anos – aprovadas pelo novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – são “diretamente ligadas” à produção chinesa.

“Primeiro, a maior obra de todas as obras físicas, que é o túnel submerso que liga Santos [que é uma ilha] ao Guarujá. Nós não temos tecnologia de engenharia para fazer esse túnel submerso. Essa é uma obra que, fisicamente, nunca foi feita: um túnel que fica 40 metros por baixo do Oceano Atlântico”, disse ele ao acrescentar que apenas a China e alguns países europeus têm condições de tocar o projeto.

O ministro acrescentou que serão necessárias muitas obras de dragagem. “O presidente Lula fez a encomenda. Temos 18 mil km de hidrovias que atendem o agro. E atendem muito timidamente, porque poderiam atender com muito mais eficácia, porque temos capacidade para fazer 45 mil km de hidrovias”, especificou.

Setor aeroportuário

Há também expectativas de investimento chinês no setor aeroportuário. Márcio França citou o potencial do mercado brasileiro, que atualmente registra 100 milhões de passagens vendidas. O número é alto, mas pode ser bem maior, uma vez que, segundo o ministro, “só 10% dos CPFs [Cadastro de Pessoas Físicas] voam. Os outros 90% não voam”.

“Nosso objetivo é trazer outras pessoas para voar. Vamos fazer isso com a ajuda do Ministério do Turismo, disponibilizando voos a preços mais viáveis na ociosidade dos meses intermediários. Isso tem atraído empresas estrangeiras para se instalar no país, no formato low cost [baixo custo]”, disse ele ao informar que pelo menos duas empresas estão em tratativas, e que uma delas deve se instalar no país até o fim do ano.

“Seria muito bom que a China também tivesse apetite para esse tipo de conotação, em especial, para fazer o hub [espaço] central no Brasil, porque a gente usa como hub a Europa ou os Emirados Árabes. Podemos fazer isso com mais facilidade se tivermos um pouco de parceria com a China”, finalizou.

Parceria comercial

De acordo com o presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, a reunião do Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban) está prevista para o primeiro semestre de 2024. “A China é o maior parceiro comercial do Brasil, e o presidente Lula, quando esteve na China, assinou inúmeros protocolos e acordos. Foi um encontro extremamente importante e nós vamos preparar a pauta para reunião do conselho” disse.

Ministra interina das Relações Exteriores, a embaixadora Maria Laura lembrou que, em 2024, serão comemorados 50 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre Brasil e China.

“Para aqueles que ainda não estão inteiramente familiarizados com a estrutura da Cosban, reitero que os diversos ministérios desempenham trabalho essencial ao estabelecerem contatos diretos e frequentes com as suas contrapartes chinesas, para fazer avançar a agenda comum consolidada. A comissão abrange atualmente 11 subcomissões temáticas”, disse ela.

Fonte: EBC Economia

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Economia

Brasileiros ainda não sacaram R$ 8,56 bi de valores a receber

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Os brasileiros ainda não sacaram R$ 8,56 bilhões em recursos esquecidos no sistema financeiro até o fim de julho, divulgou nesta sexta-feira (6) o Banco Central (BC). Até agora, o Sistema de Valores a Receber (SVR) devolveu R$ 7,67 bilhões, de um total de R$ 16,23 bilhões postos à disposição pelas instituições financeiras.

As estatísticas do SVR são divulgadas com dois meses de defasagem. Em relação ao número de beneficiários, até o fim de julho, 22.201.251 correntistas haviam resgatado valores. Apesar de a marca ter ultrapassado os 22 milhões, isso representa apenas 32,8% do total de 67.691.066 correntistas incluídos na lista desde o início do programa, em fevereiro de 2022.

Entre os que já retiraram valores, 20.607.621 são pessoas físicas e 1.593.630, pessoas jurídicas. Entre os que ainda não fizeram o resgate, 41.878.403 são pessoas físicas e 3.611.412, pessoas jurídicas.

A maior parte das pessoas e empresas que ainda não fizeram o saque tem direito a pequenas quantias. Os valores a receber de até R$ 10 concentram 63,01% dos beneficiários. Os valores entre R$ 10,01 e R$ 100 correspondem a 25,32% dos correntistas. As quantias entre R$ 100,01 e R$ 1 mil representam 9,88% dos clientes. Só 1,78% tem direito a receber mais de R$ 1 mil.

Depois de ficar fora do ar por quase um ano, o SVR foi reaberto em março de 2023, com novas fontes de recursos, um novo sistema de agendamento e a possibilidade de resgate de valores de pessoas falecidas. Em julho, foram retirados R$ 280 milhões, alta em relação ao mês anterior, quando tinham sido resgatados R$ 270 milhões.

Melhorias

A atual fase do SVR tem novidades importantes, como impressão de telas e de protocolos de solicitação para compartilhamento no WhatsApp e inclusão de todos os tipos de valores previstos na norma do SVR. Também haverá uma sala de espera virtual, que permite que todos os usuários façam a consulta no mesmo dia, sem a necessidade de um cronograma por ano de nascimento ou de fundação da empresa.

Além dessas melhorias, há a possibilidade de consulta a valores de pessoa falecida, com acesso para herdeiro, testamentário, inventariante ou representante legal. Assim como nas consultas a pessoas vivas, o sistema informa a instituição responsável pelo valor e a faixa de valor. Também há mais transparência para quem tem conta conjunta. Se um dos titulares pedir o resgate de um valor esquecido, o outro, ao entrar no sistema, conseguirá ver as informações: como valor, data e CPF de quem fez o pedido.

Expansão

Desde a última terça-feira (3), o BC permite que empresas encerradas consultem valores no SVR. O resgate, no entanto, não pode ser feito pelo sistema, com o representante legal da empresa encerrada enviando a documentação necessária para a instituição financeira.

Como a empresa com CNPJ inativo não tem certificado digital, o acesso não era possível antes. Isso porque as consultas ao SVR são feitas exclusivamente por meio da conta Gov.br.

Agora o representante legal pode entrar no SVR com a conta pessoal Gov.br (do tipo ouro ou prata) e assinar um termo de responsabilidade para consultar os valores. A solução aplicada é semelhante ao acesso para a consulta de valores de pessoas falecidas.

Fontes de recursos

No ano passado, foram incluídas fontes de recursos esquecidos que não estavam nos lotes do ano passado. Foram acrescentadas contas de pagamento pré ou pós-paga encerradas, contas de registro mantidas por corretoras e distribuidoras encerradas e outros recursos disponíveis nas instituições para devolução.

Além dessas fontes, o SVR engloba os seguintes valores, já disponíveis para saques no ano passado. Eles são os seguintes: contas-corrente ou poupança encerradas; cotas de capital e rateio de sobras líquidas de ex-participantes de cooperativas de crédito; recursos não procurados de grupos de consórcio encerrados; tarifas cobradas indevidamente; e parcelas ou despesas de operações de crédito cobradas indevidamente.

Golpes

O Banco Central aconselha o correntista a ter cuidado com golpes de estelionatários que alegam fazer a intermediação para supostos resgates de valores esquecidos. O órgão ressalta que todos os serviços do Valores a Receber são totalmente gratuitos, que não envia links nem entra em contato para tratar sobre valores a receber ou para confirmar dados pessoais.

O BC também esclarece que apenas a instituição financeira que aparece na consulta do Sistema de Valores a Receber pode contatar o cidadão. O órgão também pede que nenhum cidadão forneça senhas e esclarece que ninguém está autorizado a fazer tal tipo de pedido.

Fonte: EBC Economia

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