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Política Nacional

Reforma tributária é desafio histórico para o Parlamento, diz relator

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O relator da reforma tributária na Câmara dos Deputados, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), disse que a mudança no sistema tributário brasileiro é um desafio histórico para o Parlamento, diante dos diversos interesses setoriais, federativos, inclusive com diferenças entre os entes nos três níveis. Ele lembrou que a discussão do tema, neste período, começou em 2019 com a sua relatoria partindo do princípio de que primeiro era preciso acreditar na possibilidade de consenso e na aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC).

O relator destacou que o texto aprovado na Câmara, que agora está em tramitação no Senado, representa o interesse do país, depois serem ouvidas diversas partes envolvidas com o sistema tributário. Ribeiro apontou que a proposta reflete uma tributação harmonizada com o que existe também em outros países para garantir a competitividade do Brasil em relação ao resto do mundo.

“É relevante avaliar que nós temos uma diferença em relação a outros países do padrão da economia brasileira. A gente tributa muito mais o consumo do que patrimônio e renda. Isso é um peso muito grande, porque a tributação é regressiva e quem paga mais é quem paga menos. Ela é desproporcional”, pontuou ao participar da abertura do Seminário Reflexões sobre a Reforma Tributária, promovido pela FGV Conhecimento, no auditório da Fundação Getulio Vargas, em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro.

Segundo o relator, um dos objetivos é dar transparência ao sistema tributário brasileiro. “A alíquota, se é 29%, 30%, 35%, nós vamos trazer a alíquota verdadeira para o povo saber, porque no Brasil ninguém sabe quanto paga de imposto. Essa é a grande verdade. Se vai ser 30% é porque o povo paga hoje 30%, só que paga escondido de forma cumulativa. Acho que paga até mais porque se for calcular a cumulatividade paga muito mais, porque o nosso regime é cumulativo e deixa resíduo tributário ao longo da cadeia”, disse. “Essa reforma vai trazer também cidadania fiscal, para a gente ter a certeza do que a gente paga”, reforçou.

Para o deputado, é preciso começar a fazer um controle maior sobre a concessão de incentivos e isenções, o que, de acordo com ele, será facilitado com a transparência do novo sistema. “Hoje em dia não se tem clareza da política de incentivos no nosso país. O próprio Parlamento não faz esse controle de polícia de incentivo para ver se é bom para a própria sociedade. Quando se renuncia também a receita, todo mundo está pagando, e a reforma está trazendo isso. Está trazendo essa clareza”, apontou.

Aguinaldo Ribeiro disse que preferia que o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) fosse único, mas acabou prevalecendo o método dual, em que estão separados, ficando um para a União e outro para estados e municípios. “O IVA dual foi a solução pela desconfiança federativa que a gente tem”, ressaltou. Na visão do relator, como o Senado é a Casa da Federação, vai poder aprofundar as discussões regionais.

Governadores

No mesmo encontro, o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, disse que há discordâncias em relação à reforma, porque o que mais importa para os estados será estabelecido por lei complementar. “Essa talvez seja a inquietude das inquietudes. Estamos votando um esqueleto sem saber exatamente o que virá depois e o que vai preencher este esqueleto”, disse, acrescentando que já falou sobre o assunto com o relator e que as preocupações estão relacionadas a questões como alíquota, distribuição de receitas e funcionamento do Conselho Nacional previsto no texto da proposta.

“A grande questão que nos fez apoiar a reforma é que, ainda que tenhamos inquietude, está muito claro que o modelo atual não está levando o Brasil para frente”, pontuou. “No sistema tributário de hoje, você está arrancando demais de quem produz e não gerando emancipação de estados que hoje sobrevivem de transferências da União”, afirmou Castro.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, criticou a divisão de receitas prevista na proposta. Segundo ele, no seu estado, os 102 municípios que mais produzem vão ter um prejuízo de R$ 1,5 bilhão conforme os cálculos feitos pelo governo goiano. “O que a União está fazendo é dar uma pernada nos municípios. Essa é a verdade e concentrando o poder de decisão, de arrecadação e de distribuição”, afirmou.

Caiado destacou ainda que a reforma precisa ser feita, mas disse discordar de alguns pontos do que está proposto. “A reforma tem que acontecer, tem que ser simplificada, mas não com essa abrangência”, indicou.

O governador de Goiás criticou ainda a criação do Conselho Nacional e apontou o que precisa ser alterado. “Primeiro que se tenha a revogação completa dessa comissão federativa. Isso é uma afronta. Isso é impossível. ‘Ah, porque os bancos têm hoje uma sistemática que pode trazer rapidez para distribuir o dinheiro’. Você é eleito pelo voto apra receber mesada? Você não sabe o que tem, como vai ter um orçamento? Como vai fazer um plano plurianual? O Senado Federal não tem sentido aceitar isso, porque é uma afronta ao próprio Senado Federal. Se revoga as prerrogativas dos estados, você anula a finalidade do Senado, que representa os entes federados”, disse.

Fonte: EBC Política Nacional

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Política Nacional

Lula demite Silvio Almeida após denúncias de assédio sexual

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu na noite desta sexta-feira (6) demitir o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, depois das denúncias de assédio sexual. 

“O presidente considera insustentável a manutenção do ministro no cargo considerando a natureza das acusações de assédio sexual”, informou a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em nota.

A Polícia Federal abriu investigação sobre o caso. A Comissão de Ética Pública da Presidência da República também abriu procedimento preliminar para esclarecer os fatos.

“O governo federal reitera seu compromisso com os Direitos Humanos e reafirma que nenhuma forma de violência contra as mulheres será tolerada”, completou a nota. 

Silvio Almeida estava à frente do ministério desde o início de janeiro de 2023. Advogado e professor universitário, ele se projetou como um dos mais importantes intelectuais brasileiros da atualidade ao publicar artigos e livros sobre direito, filosofia, economia política e, principalmente, relações raciais.

Seu livro Racismo Estrutural (2019) foi um dos dez mais vendidos em 2020 e muitos o consideram uma obra imprescindível para se compreender a forma como o racismo está instituído na estrutura social, política e econômica brasileira. Um dos fundadores do Instituto Luiz Gama, Almeida também foi relator, em 2021, da comissão de juristas que a Câmara dos Deputados criou para propor o aperfeiçoamento da legislação de combate ao racismo institucional.

Acusações

As denúncias contra o ministro Silvio Almeida foram tornadas públicas pelo portal de notícias Metrópoles na tarde desta quinta-feira (5) e posteriormente confirmadas pela organização Me Too. Sem revelar nomes ou outros detalhes, a entidade afirma que atendeu a mulheres que asseguram ter sido assediadas sexualmente por Almeida.

“Como ocorre frequentemente em casos de violência sexual envolvendo agressores em posições de poder, essas vítimas enfrentam dificuldades em obter apoio institucional para validação de suas denúncias. Diante disso, autorizaram a confirmação do caso para a imprensa”, explicou a Me Too, em nota.

Segundo o site Metrópoles, entre as supostas vítimas de Almeida estaria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que ainda não se pronunciou publicamente sobre o assunto.

Horas após as denúncias virem a público, Almeida foi chamado a prestar esclarecimentos ao controlador-geral da União, Vinícius Carvalho, e ao advogado-geral da União, Jorge Messias. A Comissão de Ética da Presidência da República decidiu abrir procedimento para apurar as denúncias. A Secretaria de Comunicação Social (Secom) informou, em nota, que “o governo federal reconhece a gravidade das denúncias” e que o caso está sendo tratado com o rigor e a celeridade que situações que envolvem possíveis violências contra as mulheres exigem”. A Polícia Federal (PF) informou hoje que vai investigar as denúncias.

Em nota divulgada pela manhã, o Ministério das Mulheres classificou como “graves” as denúncias contra o ministro e manifestou solidariedade a todas as mulheres “que diariamente quebram silêncios e denunciam situações de assédio e violência”. A pasta ainda reafirmou que nenhuma violência contra a mulher deve ser tolerada e destacou que toda denúncia desta natureza precisa ser investigada, “dando devido crédito à palavra das vítimas”.

Pouco depois, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, publicou em sua conta pessoal no Instagram uma foto sua de mãos dadas com Anielle Franco. “Minha solidariedade e apoio a você, minha amiga e colega de Esplanada, neste momento difícil”, escreveu Cida na publicação.

Fonte: EBC Política Nacional

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