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Peça encenada por cegos explora percepções sensoriais

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Um ambiente completamente escuro onde não é possível enxergar nada. Esse é o cenário do espetáculo Clarear – Somos Todos Diferentes, apresentado pela Companhia de Teatro Cego, que chega nesta terça-feira (15) à Baixada Fluminense, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Todas as exibições são de graça.

A peça é criada, dirigida e encenada por pessoas com deficiência visual e tem como objetivo, além de entreter, levar à plateia conscientização sobre singularidades da vida de cegos. Diferentemente das montagens tradicionais, onde os espectadores ficam na plateia, distantes dos atores e do cenário, no Teatro Cego o público fica em meio aos artistas e bem perto das fontes sensoriais que o levará a sentir e perceber o enredo. Uma proximidade com aromas, música e sensações táteis que aprimoram os sentidos da audição, olfato, paladar e tato.

O diretor da peça, Paulo Palado, que também atua na trama, explicou à Agência Brasil que a ideia é fazer o público “se sentir, por um momento, no lugar de uma pessoa com deficiência visual”. Ele conta que a ideia nasceu em 1990 ao conhecer um projeto parecido na cidade de Córdoba, Argentina, realizado pelo grupo Teatro Ciego.

“A gente convida essas pessoas também a aguçarem os outros sentidos. A gente vive numa sociedade que julga muito pelo que vê. Quando a gente coloca as pessoas nessa condição de compreender o mundo por meio do tato, do paladar, da audição e do olfato, a gente aguça o que a gente chama de um sexto sentido, que é a intuição, que faz as pessoas perceberem que elas podem compreender o mundo ao seu redor de uma outra forma que não só pela visão”, diz.

História de inclusão

A história escrita por Sara Bentes, também atriz, se passa com cinco jovens que dividem uma república: um com deficiência visual, um com deficiência auditiva, um cadeirante, um argentino e uma torcedora fanática de um pequeno time local (em cada cidade é escolhido um clube). Apostando no bom humor, a trama mostra a superação de dificuldades de comunicação e convivência, por meio da amizade.

O diretor acredita que o projeto também abre um campo de trabalho para pessoas com deficiência visual. “Quando a plateia vai assistir a esse espetáculo, ela percebe que tem pessoas com deficiência visual trabalhando para que ela se divirta. Isso também muda um pouco a forma como ela enxerga essas pessoas”, diz Palado.

O processo de criação dos espetáculos da companhia é pensado, desde o início, para uma plateia e um elenco que não enxergam. As falas dão indicação de muitos elementos e situações que o espectador não conseguiria identificar sem a visão. A toda hora, o público recebe estímulos de aromas e sons. Para marcar momentos dentro da peça, uma música ou um cheiro são repetidos sempre que a cena volta para um determinado cenário.

Diferentemente de uma peça convencional, na qual o espectador se depara primeiro com o cenário, que depois vai sendo preenchido por movimento, no Teatro Cego tudo começa em uma escuridão total. Depois da entrada dos atores, com a movimentação, aromas, sons e sensações táteis é que o cenário vai se revelando.

Reação do público

“Muitas mães que vão com seus filhos, esposas que vão com seus maridos, essas pessoas ao final dizem ‘nossa, eu convivo o meu dia todo com uma pessoa com deficiência visual, meu filho, meu marido, minha esposa e só agora eu pude perceber como é realmente que ele enxerga o mundo’, esses depoimentos são muito interessantes e fazem a gente ficar muito feliz, porque mostram que realmente as pessoas estão sendo tocadas por essa experiência”, conta Palado.

O ator e diretor considera também que as experiências sensoriais igualam as condições de interpretação para pessoas cegas que frequentam o espetáculo. “Quando uma pessoa com deficiência visual vai assistir a um espetáculo do Teatro Cego, ela está em completa igualdade de condições com todas aquelas outras pessoas que estão no teatro. Ela não precisa de audiodescrição, ou seja, ela não precisa que exista um interlocutor para explicar o que está acontecendo”, explica.

Na Baixada Fluminense, a maior parte das apresentações do Teatro Cego acontecerá para estudantes da rede pública. Para levar o tema de acessibilidade para além do teatro, os alunos ganharão um gibi com história de inclusão de pessoas com deficiência. Os professores receberão cartilha com a temática. Depois de cada uma das apresentações, acontecerá uma palestra, seguida de bate-papo sobre acessibilidade, inclusão e políticas públicas para esse público retratado.

As apresentações no Rio de Janeiro serão em Duque de Caxias, Japeri e Nova Iguaçu. O espetáculo já passou por Cubatão (SP) e prevê apresentações em Juiz de Fora (MG), Macaé (RJ) e Cascavel (PR).

Serviço 

Espetáculo Clarear – Somos Todos Diferentes (para alunos da rede municipal e aberto ao público) 

Dias 15, 16 e 17/8 

Duque de Caxias – Teatro Firjan Sesi DC (R. Artur Neiva – Circular) 

Seis apresentações, duas por dia, às 10h e às 15h

Alunos por apresentação: 120 (total: 720 alunos) 

Escolas que participarão: Escola Firjan Sesi, EM Barão do Amapá e Ciep 031 – Lirio do Laguna 

Dias 29, 30 e 31/8 

Japeri – Quadra esportiva de Nova Belém (R. Augusto Batista de Carvalho – Nova Belém) 

às 10h e às 15h 

Dias 12, 13 e 14/9  

Nova Iguaçu – Teatro Sylvio Monteiro (Rua Getulio Vargas, 51, Centro) 

Horários: às 18h e às 20h – entrada gratuita para o público geral

Fonte: EBC GERAL

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BRASIL

Pedro Paulo quer políticas para advogados com deficiência

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Uma das propostas da Chapa 2 – “Nova OAB” para fortalecer a inclusão dentro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) é a criação de uma Comissão de Inclusão e Acessibilidade. De acordo com o candidato à presidência Pedro Paulo, o projeto visa garantir que advogados e advogadas que enfrentam dificuldades por conta de alguma deficiência encontrem portas abertas e todo suporte necessário dentro da entidade.

A ideia da implantação da comissão surgiu após sugestão da advogada Franciele Rahmeier, diagnosticada com transtorno do espectro autista. A jurista, que é candidata à secretária-geral da subseção de Primavera do Leste, declarou seu apoio a Pedro Paulo. Para ele, a Seccional mato-grossense precisa estar sempre aberta a ouvir, debater e criar medidas que garantam equidade também dentro da advocacia.

“Inclusão é conscientização. É ouvir, colocar-se no lugar do outro e permitir que cada um possa contribuir da melhor forma, com as suas experiências. Essa proposta vai auxiliar outros advogados e advogadas, que enfrentam as mesmas dificuldades da Drª Franciele, e assegurar a participação nas discussões sobre o tema em diversas esferas da política. Agradeço a ela por nos abrir os olhos para essa questão”, argumenta Pedro Paulo.

A advogada recebeu o diagnóstico há pouco mais de um ano, mas relata que desde antes tem enfrentado muitas dificuldades. Segundo ela, a principal é o julgamento preconceituoso que, muitas vezes, classifica essas pessoas como incapazes. Ainda conforme Franciele, dentro da própria OAB há esses obstáculos, principalmente quando se procura amparo para o desenvolvimento tranquilo da profissão.

“A gente precisa incluir para igualar essas classes. Tem muita gente que pergunta ‘cadê a OAB?’. A OAB, infelizmente, parece que tem medo de dar a cara a tapa em relação aos direitos que são nossos. O Pedro Paulo deu atenção a essa proposta não com teor político, mas com teor de acolhimento, no sentido de propor a mudança dessa realidade que temos hoje. Estávamos esquecidos e agora estamos sendo ouvidos”, afirma Franciele Rahmeier.

A chapa liderada por Pedro Paulo tem como vice-presidente a Drª Luciana Castrequini, como secretário-geral o Drº Daniel Paulo Maia Teixeira, a secretária-adjunta Drª Adriana Cardoso Sales de Oliveira e como tesoureiro o Drº Rodolpho Augusto Souza Vasconcellos Dias. O grupo, formado ainda por conselheiros titulares e suplentes, reúne membros da Capital e também de subseções do interior.

 

Fonte: ELEIÇÕES OAB MT

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