Procurado pela polícia de Mato Grosso desde que fugiu, há 11 anos, da Penitenciária Central do Estado, em Cuiabá, após a explosão de um dos muros da unidade prisional, Sílvio César de Araújo, 49 anos, conhecido como ‘Cabelo de Bruxa’, foi preso nesta quarta-feira (09.08), em Manaus, pela Polícia Federal. Sílvio é um dos assaltantes mais procurados no País e liderou diversos roubos a banco em Mato Grosso, na modalidade que ficou conhecida como novo cangaço.
Ele estava com um mandado de prisão expedido pela 2a Vara Criminal de Cuiabá, com uma pena a cumprir de 17 anos pelos crimes de roubo qualificado, associação criminosa e destruição de patrimônio. Ele foi indiciado em diversos inquéritos da Polícia Civil de Mato Grosso por roubos a instituições bancárias no estado.
Além de assaltos em Mato Grosso, ele é investigado por ações criminosas semelhantes, com a tomada de cidades, em cidades das regiões Sul e Sudeste do País.
Mais procurado
Em 2020, a Gerência de Polinter e Capturas foi acionada pelas Polícias Civis de São Paulo e de Goiás em busca de informações sobre o atual paradeiro de Sílvio César de Araújo, que era suspeito de participação em assaltos com a tomada de cidades. Em 2018, Sílvio César foi preso em Rondônia.
Um novo mandado de prisão contra Sílvio foi decretado em pela Vara de Execuções Penais de Cuiabá, em dezembro de 2020, com base em informações repassadas pela Polinter sobre o criminoso, que estava solto. Ainda havia pena remanescente de 17 anos em regime fechado a cumprir.
A Polinter fez novas diligências para localização do paradeiro do assaltante, que passou a figurar como o número um dos mais procurados pela Polícia Civil de Mato Grosso.
Histórico criminoso
Com extensa ficha criminal, ‘Cabelo de Bruxa’ liderou quadrilhas de assaltos a bancos que agiram em Mato Grosso com ações violentas, entre elas, usando reféns como escudos humanos na frente das agências bancárias atacadas. Os criminosos realizavam a explosão das agências, causando diversos danos às estruturas, o que obrigava a população a se deslocar a outras cidades em busca de atendimento.
Sílvio César foi investigado e indiciado em diversos inquéritos policiais e em 2011, ele e outros dez criminosos foram presos durante a Operação Lacraia que investigou integrantes do Novo Cangaço.
Em 20 de agosto de 2012, Cabelo de Bruxa liderou uma fuga em massa da PCE, em Cuiabá, quando foram usados artefatos explosivos para destruir parte do muro de contenção da unidade prisional. Na ocasião, escaparam da penitenciária 35 criminosos que estavam no pavilhão 3, boa parte deles envolvida em roubos a bancos. A investigação da GCCO apontou que a fuga foi arquitetada durante oito meses e teria custado cerca de R$ 500 mil financiados por Lindomar Alves de Almeida, conhecido por “Nenezão”, considerado um dos maiores assaltantes de banco do Brasil.
Conforme o inquérito, criminosos usaram cerca de 25 quilos de explosivos, destruíram parte do muro lateral da penitenciária e resgataram os presos, que serraram a grade da cela 10, do Raio 3, e aguardaram no corredor a explosão do muro. Depois, escalaram o alambrado e tiveram acesso à via pública pela abertura no muro e fugiram com apoio de 15 carros e três motocicletas.
Uma força-tarefa composta pela Polícia Civil, Polícia Federal, Polícia Militar, Sistema Prisional e Polícia Rodoviária Federal fez diversas buscas por Sílvio César após a fuga da PCE. Em dezembro de 2018, ele foi preso em Porto Velho (RO), quando desembarcou de um voo vindo de Manaus, e liberado no ano seguinte.
A delegada titular da Polinter, Silvia Pauluzi, acredita que com a prisão de Sílvio César de Araújo realizada se encerra um capítulo na Segurança Pública em Mato Grosso e, certamente, ele será encaminhado a um presídio federal onde deverá permanecer a disposição da Justiça.
A Delegacia da Polícia Civil de Nova Monte Verde, no Norte do Estado, prendeu em flagrante, nesta terça-feira (12.11), nove criminosos envolvidos no homicídio de um jovem cujo corpo foi encontrado com marcas de execução, no fim de semana.
A vítima, identificada como Neliton Cauan Santos da Hora, de 18 anos, foi encontrada em uma estrada rural de Nova Monte Verde conhecida como ‘Volta dos 10’.
A equipe policial foi informada, na noite de domingo, sobre a localização do corpo. No local indicado, o jovem foi encontrado com sinais evidentes de execução, amarrado, amordaçado e com ferimentos graves na cabeça, provavelmente causados por disparos de arma de fogo.
No local, foram encontradas cápsulas deflagradas e havia rastros de sangue na estrada, que seguiam até uma vala onde a vítima foi encontrada.
Durante a diligência inicial, evidências apontavam que o crime poderia estar relacionado à atividade de grupos criminosos que disputam o controle do tráfico de drogas na região.
Veículo e drogas apreendidos
Após as primeiras investigações, os investigadores da Delegacia de Nova Monte Verde passaram a monitorar um veículo suspeito, que foi visto estacionado em frente à casa de uma mulher conhecida na cidade por envolvimento no tráfico local.
Durante as diligências, os policiais avistaram uma movimentação de pessoas na residência e realizaram buscas no imóvel, que resultaram na apreensão de drogas, entre elas maconha e pasta base de cocaína, além de uma balança de precisão.
No interrogatório, um dos suspeitos informou que o homicídio foi planejado e executado por dois membros da facção criminosa, que armaram uma emboscada para a vítima, suspeitando que ela pertencesse a um grupo rival.
As investigações continuaram e levaram os policiais à residência onde outro suspeito, também envolvido no grupo criminoso, que tentou fugir ao perceber a chegada dos policiais. Ele estava armado e entrou em confronto com a equipe, mas conseguiu escapar para uma área de mata.
No local, os policiais apreenderam mais entorpecentes, embalagens, balança e dinheiro miúdo, indícios de atividades do tráfico. Duas pessoas presentes na casa foram detidas.
Ao longo da ação policial, o veículo de um dos principais suspeitos no homicídio foi localizado em outro imóvel, onde estava um grupo associado ao tráfico. Durante a abordagem, foram encontradas mais drogas, entre maconha e pasta base de cocaína no veículo apreendido.
Execução
Um dos detidos relatou que a execução da vítima foi determinada por um líder criminoso da região que, supostamente, decretou o homicídio por suspeitar que a vítima fosse de uma facção rival.
Neliton foi atraído, sob pretexto de uso de drogas e, em seguida, capturado, amarrado e levado ao local onde foi executado. Após o assassinato, os executores retornaram a uma casa na cidade para se encontrar com outros membros da facção.
Na sequência da operação, os policiais civis localizaram um comerciante que guardou a arma do crime. Ele confessou que estava com a pistola utilizada na execução e confirmou seu envolvimento no apoio logístico à organização criminosa. A arma foi apreendida e o comerciante foi detido.
A Polícia Civil segue com diligências ininterruptas para localizar outros envolvidos no caso, incluindo membros do grupo que ainda estão foragidos.
“As forças policiais continuam trabalhando para desarticular o grupo responsável e identificar outros envolvidos nas ações criminosas”, apontou o delegado Thiago Berger.
Após a formalização das prisões, os nove detidos serão encaminhados à audiência de custódia na Comarca de Nova Monte Verde.