Economia
Reforma tributária deve acelerar a economia, dizem especialistas
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oestenewsA reforma tributária, aprovada nesta sexta-feira (7) pela Câmara dos Deputados, vai permitir o crescimento da economia brasileira, de acordo com especialistas. Isso pode reforçar o movimento de queda nos juros futuros, o que pode causar a alta de ações na Bolsa de Valores. Nesta sexta, após a aprovação do texto, a Bolsa subiu e o dólar caiu .
De acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a reforma tributária pode elevar o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2,39% até 2032, em relação ao cenário sem nenhuma reforma.
“As propostas de reforma promovem mudança estrutural em favor de setores com cadeia produtiva mais longa, com maior efeito multiplicador e, consequentemente, com maior produtividade. Assim, além de promover crescimento econômico, a reforma alinha a economia brasileira para crescer ainda mais”, afirma João Maria de Oliveira, autor do estudo do Ipea.
Por que a reforma tributária pode alavancar a economia?
Apesar de não significar diminuição da carga tributária, a reforma prevê uma simplificação dos tributos. Isso, por si só, já ajuda o setor produtivo brasileiro. “Hoje, empresas chegam a gastar 5% do faturamento somente para apuração de tributos. Menos tributos significam menos regras e regulamentações complexas, resultando em um ambiente mais propício para a atividade econômica”, afirma Hélder Santos, CEO da Tax Strategy.
Segundo o especialista, essa simplificação tem potencial para aumentar a competitividade do ambiente de negócios brasileiro, atraindo investimentos estrangeiros, criando empregos e impulsionando o crescimento econômico de longo prazo.
Além de alavancar a economia como um todo, a reforma também tende a provocar melhorias no mercado financeiro, causando efeitos como a diminuição da cotação do dólar. “O mercado quer que a questão tributária seja o mais simplificada possível, dessa maneira será mais fácil atrair investidores estrangeiros. Se realmente as coisas funcionarem de maneira simplificada, os mercados veem isso com bons olhos”, afirma Marcello Marin, CFO da Spot Finanças.
Reforma não é garantia de sucesso
Apesar do cenário promissor, os especialistas ainda veem a prática da reforma tributária com cautela. Marcus Vinícius, sócio líder da área tributária da KPMG, afirma que o texto aprovado na Câmara tem “mecanismos que podem reimplementar complexidade no sistema”.
Se, na prática, a reforma tributária não simplificar os impostos da maneira esperada, seus efeitos positivos podem ser descartados.
“No texto aprovado, além do aumento para dois impostos e, em alguns casos, três (em função do imposto seletivo para alguns produtos/setores), ampliou-se muito o rol de atividades que terão alíquotas diferenciadas, além da manutenção ou criação de uma série de regimes especiais. Essa multiplicidade de alíquotas e regimes se assemelha ao regime atual e resulta em complexidade para os negócios”, argumenta Marcus.
“A prática precisa ser vista para ser realmente definido o impacto positivo ou negativo da reforma tributária”, concorda Marcello
Indústria e serviços
Por conta da esperada simplificação dos impostos, a aprovação da reforma tributária foi recebida de forma positiva pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). “O modelo que defendemos elimina o principal obstáculo para o Brasil crescer de forma sustentada, por remover travas ao investimento e promover um ambiente de negócios que favoreça o crescimento das empresas, a geração de emprego e a melhora da renda do brasileiro”, afirma Robson Braga de Andrade, presidente da CNI.
A Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (ABAD) também recebeu positivamente a reforma, afirmando que este é o início de uma “caminhada vitoriosa”. “Deixaremos para trás décadas de conflitos judiciais que oneram as empresas produtivas do país”, diz a entidade.
Os bancos também elogiaram a aprovação do texto. “O sistema atual é um entrave para o crescimento: reduz a produtividade das empresas, impede a alocação eficiente de recursos e gera um nível de litigiosidade na sociedade sem paralelo nos demais países, tanto nos desenvolvidos como nos emergentes comparáveis ao Brasil”, diz Isaac Sidney, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Outra entidade a elogiar a aprovação foi a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), que afirma que a “proposta tornará a cobrança de impostos mais racional e equilibrada, impulsionando o crescimento da economia”.
Por outro lado, empresas de serviços podem ser prejudicadas pela reforma, de acordo com Robson Carlos Nascimento, consultor tributário da Confirp Contabilidade. Isso porque essas companhias não serão tão beneficiadas pela compensação de impostos quanto a indústria.
“Quando se analisa o impacto para a indústria, ele é positivo, uma vez que, embora as alíquotas sejam majoradas, há maior possibilidade de utilização de créditos referentes à matéria-prima, transporte, embalagens e custos de produção. No caso das prestadoras de serviços, não há tantos créditos disponíveis para abater o imposto devido pela prestação, o que, sem dúvida, onerará o setor”, explica.
Eduardo Araújo, especialista tributário e CEO da Tax All Consultoria Tributária, também problematiza o impacto da reforma no setor de serviços. “Se o governo não ficar atento aos setores de serviços, que representam uma das maiores fatias de empregabilidade do Brasil, isso pode acarretar em muito desemprego”, alerta.
“Tendo desemprego, os índices da economia são afetados. E aí, novamente, lá na frente, o Banco Central pode vir e segurar os impactos do desemprego no Brasil, que é você ter menos consumo, o que pode ter um reflexo no aumento da inflação e na taxa de juros lá na frente”, completa.
Para que esses prejuízos sejam evitados, Eduardo defende a necessidade de dialogar com empresas de serviços e trabalhar na desoneração da folha de pagamento. “É necessário fazer algo mais amplo, para que, realmente, contratar no Brasil seja bem mais barato. Porque aí você tem um efeito imediato, que é a geração de emprego”, opina.
Fonte: Economia
Economia
Brasileiros ainda não sacaram R$ 8,56 bi de valores a receber
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3 meses atrásem
setembro 6, 2024Por
oestenewsOs brasileiros ainda não sacaram R$ 8,56 bilhões em recursos esquecidos no sistema financeiro até o fim de julho, divulgou nesta sexta-feira (6) o Banco Central (BC). Até agora, o Sistema de Valores a Receber (SVR) devolveu R$ 7,67 bilhões, de um total de R$ 16,23 bilhões postos à disposição pelas instituições financeiras.
As estatísticas do SVR são divulgadas com dois meses de defasagem. Em relação ao número de beneficiários, até o fim de julho, 22.201.251 correntistas haviam resgatado valores. Apesar de a marca ter ultrapassado os 22 milhões, isso representa apenas 32,8% do total de 67.691.066 correntistas incluídos na lista desde o início do programa, em fevereiro de 2022.
Entre os que já retiraram valores, 20.607.621 são pessoas físicas e 1.593.630, pessoas jurídicas. Entre os que ainda não fizeram o resgate, 41.878.403 são pessoas físicas e 3.611.412, pessoas jurídicas.
A maior parte das pessoas e empresas que ainda não fizeram o saque tem direito a pequenas quantias. Os valores a receber de até R$ 10 concentram 63,01% dos beneficiários. Os valores entre R$ 10,01 e R$ 100 correspondem a 25,32% dos correntistas. As quantias entre R$ 100,01 e R$ 1 mil representam 9,88% dos clientes. Só 1,78% tem direito a receber mais de R$ 1 mil.
Depois de ficar fora do ar por quase um ano, o SVR foi reaberto em março de 2023, com novas fontes de recursos, um novo sistema de agendamento e a possibilidade de resgate de valores de pessoas falecidas. Em julho, foram retirados R$ 280 milhões, alta em relação ao mês anterior, quando tinham sido resgatados R$ 270 milhões.
Melhorias
A atual fase do SVR tem novidades importantes, como impressão de telas e de protocolos de solicitação para compartilhamento no WhatsApp e inclusão de todos os tipos de valores previstos na norma do SVR. Também haverá uma sala de espera virtual, que permite que todos os usuários façam a consulta no mesmo dia, sem a necessidade de um cronograma por ano de nascimento ou de fundação da empresa.
Além dessas melhorias, há a possibilidade de consulta a valores de pessoa falecida, com acesso para herdeiro, testamentário, inventariante ou representante legal. Assim como nas consultas a pessoas vivas, o sistema informa a instituição responsável pelo valor e a faixa de valor. Também há mais transparência para quem tem conta conjunta. Se um dos titulares pedir o resgate de um valor esquecido, o outro, ao entrar no sistema, conseguirá ver as informações: como valor, data e CPF de quem fez o pedido.
Expansão
Desde a última terça-feira (3), o BC permite que empresas encerradas consultem valores no SVR. O resgate, no entanto, não pode ser feito pelo sistema, com o representante legal da empresa encerrada enviando a documentação necessária para a instituição financeira.
Como a empresa com CNPJ inativo não tem certificado digital, o acesso não era possível antes. Isso porque as consultas ao SVR são feitas exclusivamente por meio da conta Gov.br.
Agora o representante legal pode entrar no SVR com a conta pessoal Gov.br (do tipo ouro ou prata) e assinar um termo de responsabilidade para consultar os valores. A solução aplicada é semelhante ao acesso para a consulta de valores de pessoas falecidas.
Fontes de recursos
No ano passado, foram incluídas fontes de recursos esquecidos que não estavam nos lotes do ano passado. Foram acrescentadas contas de pagamento pré ou pós-paga encerradas, contas de registro mantidas por corretoras e distribuidoras encerradas e outros recursos disponíveis nas instituições para devolução.
Além dessas fontes, o SVR engloba os seguintes valores, já disponíveis para saques no ano passado. Eles são os seguintes: contas-corrente ou poupança encerradas; cotas de capital e rateio de sobras líquidas de ex-participantes de cooperativas de crédito; recursos não procurados de grupos de consórcio encerrados; tarifas cobradas indevidamente; e parcelas ou despesas de operações de crédito cobradas indevidamente.
Golpes
O Banco Central aconselha o correntista a ter cuidado com golpes de estelionatários que alegam fazer a intermediação para supostos resgates de valores esquecidos. O órgão ressalta que todos os serviços do Valores a Receber são totalmente gratuitos, que não envia links nem entra em contato para tratar sobre valores a receber ou para confirmar dados pessoais.
O BC também esclarece que apenas a instituição financeira que aparece na consulta do Sistema de Valores a Receber pode contatar o cidadão. O órgão também pede que nenhum cidadão forneça senhas e esclarece que ninguém está autorizado a fazer tal tipo de pedido.
Fonte: EBC Economia