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Economia

Acordo UE-Mercosul deve ser assinado este ano: Quem sai ganhando?

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Acordo precisa ser ratificado por todos os integrantes do bloco europeu
Lorena Amaro

Acordo precisa ser ratificado por todos os integrantes do bloco europeu

Negociado desde os tempos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), o acordo de livre comércio entre União Europeia (UE) e Mercosul parece estar próximo de sair do papel. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou na última quarta-feira (24) que o Brasil deve assinar o acordo até o fim do ano , 24 anos depois da Reunião de Chefes de Estado e de Governo da União Europeia e Mercosul, realizada no Rio de Janeiro em 28 de junho de 1999, quando começou a ser debatido.

Se concretizado, o acordo vai abranger um mercado de 800 milhões de habitantes, quase uma quarta parte do PIB global, e com mais de US$ 100 bilhões de comércio bilateral de bens e serviços. O documento foi assinado em junho de 2019 e, para entrar em vigor, precisa ser ratificado pelos parlamentos dos 31 países envolvidos.

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O Brasil deve acelerar as negociações para efetivação do acordo a partir do segundo semestre do ano, quando assume temporariamente a presidência do Mercosul.

O pacto prevê que em dez anos as tarifas de exportação da América do Sul a Europa seja zerada e, na outra ponta, a Europa precisa retirar 91% das tarifas de exportação que ela tem com o Mercosul.

Alguns dos produtos brasileiros beneficiados seriam frutas, café, peixes, óleos e crustáceos. Em contrapartida, o Brasil reduziria a taxa para veículos, maquinários, produtos químicos e farmacêuticos.

Em tese, é um acordo de “ganha-ganha”, já que os exportadores brasileiros se beneficiariam de maior competitividade no mercado europeu, e os exportadores europeus venderiam mais barato na América Latina. Leonardo Trevisan, Professor de Relações Internacionais da ESPM, afirma, no entanto, não ser bem assim. Segundo o especialista, ainda é cedo para afirmar que a abertura comercial seria vantajosa para o Brasil.

“Por exemplo, se você olha para os interesses agrícolas brasileiros, seria bom o acordo. Mas esse acordo interessa essencialmente à indústria alemã, que quer superar a China na venda de veículos elétricos. Por isso é preciso cautela, que Europa é essa que está falando conosco? É a dos produtos agrários ou a da indústria poderosa?”, questiona.

“Agora, não há dúvida nenhuma que certos setores seriam diretamente estrangulados por isso, como o farmacêutico. Nesse caso não seria nada vantajoso para o Brasil”, alerta.

Na última quinta (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu não ceder em exigências feitas pelo bloco europeu, a fim de manter a competitividade relativa dos produtos nacionais.

“A gente vai demorar um pouco mais para fechar o acordo? Tudo bem. Mas, da mesma forma que a França defende de forma fervorosa seus produtos agrícolas, nós vamos defender a nossa pequena indústria nessa negociação”, ressaltou Lula em evento da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo).

Licitações

Um dos entraves do acordo até agora é a possibilidade de empresas europeias participarem de licitações brasileiras e vice-versa. O texto atual garante igualdade de condições para os dois lados.

No entanto, na visão do presidente Lula, as “compras governamentais são um instrumento de política industrial” do qual o Brasil não abrirá mão.

“Uma das coisas mais importantes que eles querem de nós é que a gente ceda nas compras governamentais, e nós não vamos ceder, porque a gente vai matar a possibilidade do crescimento da pequena e média empresa brasileira”, afirmou o petista.

Segundo Trevisan, da ESPM, “é bastante provável” que as empresas de médio porte sejam prejudicadas, já que as gigantes brasileiras já são multinacionais.

Meio Ambiente

Outro ponto-chave para a ratificação do acordo por parte dos europeus é a inclusão de um compromisso brasileiro de preservação da Amazônia. O grupo quer que o texto diga claramente as obrigações de cada parte e possíveis sanções em caso de descumprimento de alguma das convenções.

Em entrevista ao jornal espanhol El País, em abril deste ano, Lula afirmou que a proposta apresentada pela União Europeia para destravar o acordo comercial com o Mercosul “ainda é impossível de aceitar”.

“Vamos propor mudanças [no texto]. Vou trabalhar para que se possa ratificar o acordo neste ano. Por parte do Mercosul, acredito que é possível firmá-lo. Agora, precisamos ver o que quer a União Europeia”, disse.

O Parlamento Europeu aprovou, em abril, com ampla maioria, uma lei que fecha as portas à importação de produtos como cacau, café, madeira e borracha procedentes de áreas desmatadas após dezembro de 2020.

Para o professor da ESPM, as exigências ambientais “são piores que chantagem”.

“A chantagem é ‘compre de mim ou sofra as consequências’. Nesse caso é ‘faça o que eu falo e não o que eu faço’. Com essa lei de abril, o que o Parlamento Europeu está fazendo é excluir o agronegócio brasileiro, já que eles sabem que nós não podemos cumprir”, afirma.

“Quando nós olhamos para este quadro, talvez seja um pouco precipitado imaginar que em tão pouco tempo serão contornados esses problemas. Por isso acho muito difícil o acordo ser fechado esse ano”, finaliza.

Fonte: Economia

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Economia

Brasileiros ainda não sacaram R$ 8,56 bi de valores a receber

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Os brasileiros ainda não sacaram R$ 8,56 bilhões em recursos esquecidos no sistema financeiro até o fim de julho, divulgou nesta sexta-feira (6) o Banco Central (BC). Até agora, o Sistema de Valores a Receber (SVR) devolveu R$ 7,67 bilhões, de um total de R$ 16,23 bilhões postos à disposição pelas instituições financeiras.

As estatísticas do SVR são divulgadas com dois meses de defasagem. Em relação ao número de beneficiários, até o fim de julho, 22.201.251 correntistas haviam resgatado valores. Apesar de a marca ter ultrapassado os 22 milhões, isso representa apenas 32,8% do total de 67.691.066 correntistas incluídos na lista desde o início do programa, em fevereiro de 2022.

Entre os que já retiraram valores, 20.607.621 são pessoas físicas e 1.593.630, pessoas jurídicas. Entre os que ainda não fizeram o resgate, 41.878.403 são pessoas físicas e 3.611.412, pessoas jurídicas.

A maior parte das pessoas e empresas que ainda não fizeram o saque tem direito a pequenas quantias. Os valores a receber de até R$ 10 concentram 63,01% dos beneficiários. Os valores entre R$ 10,01 e R$ 100 correspondem a 25,32% dos correntistas. As quantias entre R$ 100,01 e R$ 1 mil representam 9,88% dos clientes. Só 1,78% tem direito a receber mais de R$ 1 mil.

Depois de ficar fora do ar por quase um ano, o SVR foi reaberto em março de 2023, com novas fontes de recursos, um novo sistema de agendamento e a possibilidade de resgate de valores de pessoas falecidas. Em julho, foram retirados R$ 280 milhões, alta em relação ao mês anterior, quando tinham sido resgatados R$ 270 milhões.

Melhorias

A atual fase do SVR tem novidades importantes, como impressão de telas e de protocolos de solicitação para compartilhamento no WhatsApp e inclusão de todos os tipos de valores previstos na norma do SVR. Também haverá uma sala de espera virtual, que permite que todos os usuários façam a consulta no mesmo dia, sem a necessidade de um cronograma por ano de nascimento ou de fundação da empresa.

Além dessas melhorias, há a possibilidade de consulta a valores de pessoa falecida, com acesso para herdeiro, testamentário, inventariante ou representante legal. Assim como nas consultas a pessoas vivas, o sistema informa a instituição responsável pelo valor e a faixa de valor. Também há mais transparência para quem tem conta conjunta. Se um dos titulares pedir o resgate de um valor esquecido, o outro, ao entrar no sistema, conseguirá ver as informações: como valor, data e CPF de quem fez o pedido.

Expansão

Desde a última terça-feira (3), o BC permite que empresas encerradas consultem valores no SVR. O resgate, no entanto, não pode ser feito pelo sistema, com o representante legal da empresa encerrada enviando a documentação necessária para a instituição financeira.

Como a empresa com CNPJ inativo não tem certificado digital, o acesso não era possível antes. Isso porque as consultas ao SVR são feitas exclusivamente por meio da conta Gov.br.

Agora o representante legal pode entrar no SVR com a conta pessoal Gov.br (do tipo ouro ou prata) e assinar um termo de responsabilidade para consultar os valores. A solução aplicada é semelhante ao acesso para a consulta de valores de pessoas falecidas.

Fontes de recursos

No ano passado, foram incluídas fontes de recursos esquecidos que não estavam nos lotes do ano passado. Foram acrescentadas contas de pagamento pré ou pós-paga encerradas, contas de registro mantidas por corretoras e distribuidoras encerradas e outros recursos disponíveis nas instituições para devolução.

Além dessas fontes, o SVR engloba os seguintes valores, já disponíveis para saques no ano passado. Eles são os seguintes: contas-corrente ou poupança encerradas; cotas de capital e rateio de sobras líquidas de ex-participantes de cooperativas de crédito; recursos não procurados de grupos de consórcio encerrados; tarifas cobradas indevidamente; e parcelas ou despesas de operações de crédito cobradas indevidamente.

Golpes

O Banco Central aconselha o correntista a ter cuidado com golpes de estelionatários que alegam fazer a intermediação para supostos resgates de valores esquecidos. O órgão ressalta que todos os serviços do Valores a Receber são totalmente gratuitos, que não envia links nem entra em contato para tratar sobre valores a receber ou para confirmar dados pessoais.

O BC também esclarece que apenas a instituição financeira que aparece na consulta do Sistema de Valores a Receber pode contatar o cidadão. O órgão também pede que nenhum cidadão forneça senhas e esclarece que ninguém está autorizado a fazer tal tipo de pedido.

Fonte: EBC Economia

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