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Economia

A assimetria das small caps

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Werner Roger, colunista do iG
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Werner Roger, colunista do iG

O dito popular diz que ‘nem tudo que reluz é ouro’. No mercado financeiro, a sabedoria popular também pode ser aplicada. As small caps, empresas de menor capitalização da bolsa, são pouco acompanhadas por casas de análise e gestoras, mas representam cerca de 85% das companhias negociadas na B3. Entre elas estão as que apresentam maior crescimento. São também cerca de 95% dos IPOs (portanto novas empresas surgirão na B3) e muitas atuam em nichos com menor competição e barreira de entradas.

O mais interessante? São aquelas que apresentam as maiores assimetrias de valor — ou seja, distância entre valor de mercado e intrínseco. São nelas que estão os maiores potenciais de valorização. Lucrativas e, no entanto, negociadas com múltiplos baixos, muitas delas têm yields (dividendos sobre o preço das ações) muito elevados.

Mas se elas têm esses atrativos todos, por que são ignoradas pelo mercado? Simples: porque o mercado está olhando para outro lado (a meu ver, para o lado errado). Ele olha para liquidez e elevada representatividade nos principais índices, como o IBOV (e ETFs e índices estrangeiros que acabam seguindo o IBOV). E baseados nestes índices e recortes que as principais gestoras constroem suas carteiras e fundos.

Estar em índices e apresentar elevada liquidez não é uma garantia de valor ou crescimento. E saber escolher as melhores small caps tampouco é uma tarefa simples. Ao longo da minha carreira, isso foi feito através de um processo de seleção e construção de portfólio — ou seja, não há espaço para gestão passiva. Contar com um gestor qualificado é fundamental.

Ao construir portfólios, deixamos benchmarks e índices referenciais do lado de fora. Nas grandes gestoras, o medo de errar é maior que a vontade de acertar sozinho. Seguir índices é a lei do menor esforço em ações — e para isso não são necessários talentos na equipe de investimentos. Ganha-se na taxa de administração sobre grandes volumes dos fundos — a taxa de performance é um elemento secundário. Além disso, grandes fundos e carteiras precisam de maior liquidez, e isso dificulta construir posições relevantes em empresas de menor capitalização (valor de mercado).

Para nos distanciarmos do piloto automático do mercado, usamos a técnica bottom-up: a seleção das empresas é baseada estritamente em um processo de avaliação das empresas. Após uma filtragem inicial (“garimpagem”), usamos o já mencionado EVA. Como se vê, não precisa de benchmark.

Alguém dirá que alguns outros gestores também não usam benchmarks. A isso, respondemos que estes outros podem até não se escorar em referenciais, mas se baseiam na técnica top-down — processo que observa principalmente a macroeconomia. Faz-se uma seleção dos setores mais dinâmicos em um dado cenário econômico e, dentre estes, escolhe-se as empresas mais atraentes ou que melhor capturem a dinâmica setorial.

“E qual o problema aí, Werner?”

O problema é que não existe uma grande diferenciação na avaliação das variáveis macroeconômicas — nem dos setores. Daí, as carteiras acabam ficando muito parecidas, mesmo entre as que não se baseiam em benchmarks. Sobe a taxa de juros? Ações de empresas ligadas a consumo, tecnologia, incorporadoras ou de crescimento (típicas das small caps) caem. Notícias negativas sobre China? Lá vêm ações ligadas a commodities (minério de ferro, siderurgia, petróleo, papel e celulose) ladeira abaixo.

Pouco importa quais fundamentos e particularidades as empresas em carteiras construídas assim tenham. É como procurar um gato preto num quarto escuro: nada se diferencia — e lá se vão as oportunidades de diversificação. Além da forma como selecionamos empresas, nosso processo busca por concentração nas que oferecem maiores potenciais de valorização, liquidez adequada ao tamanho das carteiras e prazo de resgate — e envolve convicção do gestor: aí está o “toque artístico”.

O processo considera também os dividendos, que pouca (nenhuma?) influência têm no mercado — pelo menos, nada que se compare à valorização das ações. Analisamos e escolhemos empresas com histórico e potencial de pagamento de dividendos em relação ao seu valor de mercado (yield). São distribuídos pelos resultados das empresas — em nada dependendo então do sobe e desce da bolsa. Podem ser reforçados pela recompra de ações, se os conselhos de administração acharem que elas estão desvalorizadas demais e decidirem que é melhor recomprá-las (excelentes sinal e prática).

Arbitrar a desinformação e o descasamento entre peço e valor, encontrando as melhores oportunidades e buscando se diferenciar dos concorrentes, é uma obrigação fiduciária com o investidor. Afinal, para acompanhar a valorização do Ibovespa, ETFs passivos cumprem o papel cobrando taxas muito menores que fundos da indústria.

Fonte: Economia

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Economia

Brasileiros ainda não sacaram R$ 8,56 bi de valores a receber

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Os brasileiros ainda não sacaram R$ 8,56 bilhões em recursos esquecidos no sistema financeiro até o fim de julho, divulgou nesta sexta-feira (6) o Banco Central (BC). Até agora, o Sistema de Valores a Receber (SVR) devolveu R$ 7,67 bilhões, de um total de R$ 16,23 bilhões postos à disposição pelas instituições financeiras.

As estatísticas do SVR são divulgadas com dois meses de defasagem. Em relação ao número de beneficiários, até o fim de julho, 22.201.251 correntistas haviam resgatado valores. Apesar de a marca ter ultrapassado os 22 milhões, isso representa apenas 32,8% do total de 67.691.066 correntistas incluídos na lista desde o início do programa, em fevereiro de 2022.

Entre os que já retiraram valores, 20.607.621 são pessoas físicas e 1.593.630, pessoas jurídicas. Entre os que ainda não fizeram o resgate, 41.878.403 são pessoas físicas e 3.611.412, pessoas jurídicas.

A maior parte das pessoas e empresas que ainda não fizeram o saque tem direito a pequenas quantias. Os valores a receber de até R$ 10 concentram 63,01% dos beneficiários. Os valores entre R$ 10,01 e R$ 100 correspondem a 25,32% dos correntistas. As quantias entre R$ 100,01 e R$ 1 mil representam 9,88% dos clientes. Só 1,78% tem direito a receber mais de R$ 1 mil.

Depois de ficar fora do ar por quase um ano, o SVR foi reaberto em março de 2023, com novas fontes de recursos, um novo sistema de agendamento e a possibilidade de resgate de valores de pessoas falecidas. Em julho, foram retirados R$ 280 milhões, alta em relação ao mês anterior, quando tinham sido resgatados R$ 270 milhões.

Melhorias

A atual fase do SVR tem novidades importantes, como impressão de telas e de protocolos de solicitação para compartilhamento no WhatsApp e inclusão de todos os tipos de valores previstos na norma do SVR. Também haverá uma sala de espera virtual, que permite que todos os usuários façam a consulta no mesmo dia, sem a necessidade de um cronograma por ano de nascimento ou de fundação da empresa.

Além dessas melhorias, há a possibilidade de consulta a valores de pessoa falecida, com acesso para herdeiro, testamentário, inventariante ou representante legal. Assim como nas consultas a pessoas vivas, o sistema informa a instituição responsável pelo valor e a faixa de valor. Também há mais transparência para quem tem conta conjunta. Se um dos titulares pedir o resgate de um valor esquecido, o outro, ao entrar no sistema, conseguirá ver as informações: como valor, data e CPF de quem fez o pedido.

Expansão

Desde a última terça-feira (3), o BC permite que empresas encerradas consultem valores no SVR. O resgate, no entanto, não pode ser feito pelo sistema, com o representante legal da empresa encerrada enviando a documentação necessária para a instituição financeira.

Como a empresa com CNPJ inativo não tem certificado digital, o acesso não era possível antes. Isso porque as consultas ao SVR são feitas exclusivamente por meio da conta Gov.br.

Agora o representante legal pode entrar no SVR com a conta pessoal Gov.br (do tipo ouro ou prata) e assinar um termo de responsabilidade para consultar os valores. A solução aplicada é semelhante ao acesso para a consulta de valores de pessoas falecidas.

Fontes de recursos

No ano passado, foram incluídas fontes de recursos esquecidos que não estavam nos lotes do ano passado. Foram acrescentadas contas de pagamento pré ou pós-paga encerradas, contas de registro mantidas por corretoras e distribuidoras encerradas e outros recursos disponíveis nas instituições para devolução.

Além dessas fontes, o SVR engloba os seguintes valores, já disponíveis para saques no ano passado. Eles são os seguintes: contas-corrente ou poupança encerradas; cotas de capital e rateio de sobras líquidas de ex-participantes de cooperativas de crédito; recursos não procurados de grupos de consórcio encerrados; tarifas cobradas indevidamente; e parcelas ou despesas de operações de crédito cobradas indevidamente.

Golpes

O Banco Central aconselha o correntista a ter cuidado com golpes de estelionatários que alegam fazer a intermediação para supostos resgates de valores esquecidos. O órgão ressalta que todos os serviços do Valores a Receber são totalmente gratuitos, que não envia links nem entra em contato para tratar sobre valores a receber ou para confirmar dados pessoais.

O BC também esclarece que apenas a instituição financeira que aparece na consulta do Sistema de Valores a Receber pode contatar o cidadão. O órgão também pede que nenhum cidadão forneça senhas e esclarece que ninguém está autorizado a fazer tal tipo de pedido.

Fonte: EBC Economia

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