“Qualquer ideia que leve em conta os interesses da Rússia merece atenção e certamente precisa ser ouvida”, afirmou o porta-voz Dmitri Peskov sobre a ideia de Lula. Anteriormente, em fevereiro deste ano, o vice-chanceler Mikhail Galuzin já havia dito que o plano estava sob análise.
A visita de Lavrov ao Brasil foi marcada por críticas por parte do governo dos Estados Unidos a Lula. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional norte-americano, Jack Kirby, afirmou que a posição do presidente brasileiro na guerra é “profundamente problemática” e que o mandatário estava repetindo a propaganda russa.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, rebateu as críticas, dizendo que o Brasil “trata de paz”, não de guerra .
“Não sei como ou por que ele chegou a essa conclusão. Mas não concordo de forma alguma”, disse ele.
“O Brasil quer promover a paz , está pronto para se unir a um grupo de países que estejam dispostos a conversar sobre a paz”, acrescentou. “E essa foi a conversa que nós tivemos, foram os temas que abordamos. Ele [Lavrov] se ofereceu e eu me ofereci, em nome do Brasil, para promover essas conversas. Com o presidente também não se falou de guerra, e o presidente só reiterou o que ele tem dito, que o Brasil está disposto a cooperar com a paz.”
Embora tenha havido certo alinhamento com a Rússia, o governo brasileiro condenou em duas ocasiões a invasão em votações na Organização das Nações Unidas (ONU).
Durante viagem à China, na semana passada, Lula criticou os EUA pelo fornecimento de armas à Ucrânia e disse que o país precisa parar de incentivar a guerra, além de responsabilizar a Ucrânia pelo conflito.
Ao contrário de Lula , os Estados Unidos veem a Rússia como principal responsável pela guerra e, desde o início, comandam a imposição de sanções econômicas ao país comandado por Vladimir Putin.
Atualmente, China e Rússia são os dois principais rivais geopolíticos dos Estados Unidos. A China é forte aliada da Rússia e não condena, como o Ocidente, a invasão da Ucrânia.
Com o objetivo de criar um “clube da paz”, Lula vem defendendo perante a comunidade internacional a formação de um grupo de países neutros em relação à guerra. Na viagem à China e em conversa com Xi Jinping, ele enfatizou esse ponto. Para o brasileiro, a China exerceria um papel importante caso o mesmo fosse criado.
“Não há razão legal, política ou moral que justifique o abandono de sequer um centímetro do território ucraniano”, escreveu o porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko. No entanto, ele garantiu apreciar “os esforços do presidente brasileiro para encontrar uma forma de deter a agressão russa”.
“Qualquer esforço de mediação para restaurar a paz na Ucrânia deve ser baseado no respeito pela soberania e plena integridade territorial da Ucrânia, de acordo com os princípios da Carta das Nações Unidas”, disse Nikolenko.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.