O mercado de café registra preços históricos, impulsionados por uma oferta reduzida e incertezas climáticas. Nesta quarta-feira (27.11), o café arábica atingiu US$ 3,2305 por libra-peso no contrato de março/25 na Bolsa de Nova York, maior valor da série histórica.
O robusta, negociado em Londres, também apresentou alta significativa, com o contrato janeiro/25 subindo 6,92%, cotado a US$ 5.533 por tonelada. No Brasil, o indicador Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP marcou R$ 2.025,25 por saca de 60 kg, o maior patamar em termos reais desde janeiro de 1998, deflacionado pelo IGP-DI.
Segundo dados do Cepea, desde o início de novembro, o preço do arábica no mercado interno já subiu 32,77%. Apesar das altas expressivas, o volume de negociações permanece baixo. “A oferta está extremamente restrita; produtores preferem segurar os estoques, esperando por novas valorizações ou adiando as vendas para o próximo ano por questões fiscais”, explicam os pesquisadores. Essa estratégia tem pressionado ainda mais o mercado físico, onde os preços seguem elevados, alcançando até R$ 2.200,00 por saca em algumas regiões do país.
A escalada de preços reflete não apenas a baixa disponibilidade de café, mas também a instabilidade climática que impacta as perspectivas para a próxima safra. Na região de Franca/SP, por exemplo, seis meses consecutivos sem chuvas e temperaturas elevadas prejudicaram a florada, resultando em perdas significativas. “A cada visita à lavoura, a percepção é de que os danos são ainda maiores”, comentam especialistas do setor. A falta de chuvas também afeta outras regiões, criando um cenário de incerteza quanto ao tamanho real da próxima colheita.
No mercado interno, os preços variam conforme a região e o tipo de café. Em Franca/SP, o tipo 6 bebida dura corrida chegou a R$ 2.180,00 por saca, alta de 5,31%. Em Varginha/MG, o mesmo tipo está cotado a R$ 2.120,00 por saca, com avanço de 2,42%. Já em Poços de Caldas/MG, o cereja descascado é negociado a R$ 2.185,00 por saca, um aumento de 2,34%. Esses valores refletem tanto a baixa oferta quanto a forte demanda no mercado nacional e internacional.
Os analistas acreditam que o movimento de alta deve continuar, tanto no mercado físico quanto no futuro. A demanda segue elevada, enquanto os estoques para os torradores estão no limite, agravando a pressão nos preços. No mercado internacional, os contratos futuros do arábica para maio e julho de 2025 também registraram ganhos consideráveis, fechando a US$ 3,20 e US$ 3,15 por libra-peso, respectivamente.
Além disso, fatores como o momento fiscal e a baixa disponibilidade de café ainda em poder dos produtores reforçam a perspectiva de continuidade na valorização. “Tudo indica que a alta pode se intensificar nos próximos dias, principalmente com as bases em Nova York acima de US$ 3,20 por libra-peso. No mercado interno, o preço físico não sobe na mesma proporção, mas também não há sinais de retração”, afirmam especialistas.
O setor cafeeiro atravessa um período de ajustes e volatilidade, impulsionado por incertezas climáticas e econômicas. Para os produtores, o desafio está em equilibrar o momento de venda com as expectativas de novas altas, enquanto compradores enfrentam um mercado cada vez mais pressionado pela escassez de oferta.
Fonte: Pensar Agro