Quantas pessoas negras em cargos de liderança você conhece? Pensou? O convite à reflexão é feito pelo Ministério Público Brasileiro em uma campanha de combate ao racismo institucional lançada nesta terça-feira (19). A ação foi articulada pelo Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União (CNPG), com participação direta do Ministério Público da Bahia. O Ministério Público do Estado de Mato Grosso aderiu à iniciativa.
Na campanha, o MP Brasileiro lembra que ‘não existe igualdade sem oportunidade’. Chances, possibilidades que, segundo análise realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), ainda são escassas para os negros no mercado de trabalho, “um espaço de reprodução da desigualdade”.
A campanha visa conscientizar a população sobre a importância da diversidade étnico-racial nos espaços de poder, decisão e liderança. Uma ação que pretende despertar e fomentar a mobilização contra a violência silenciosa que afeta a autoestima e a chegada em cargos de liderança e melhores salários de pessoas negras.
A campanha foi produzida em homenagem ao “Novembro Negro” e será divulgada, até o próximo dia 30, em TVs, rádios e sites, por meio de peças publicitárias, como cards, Vts, spots, banners e outdoors.
Nossa realidade – Mato Grosso é o estado do Centro-Oeste com a maior concentração de pessoas negras, o correspondente a 65,9% da população estadual, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Ministério Público Estadual, dos 2.318 integrantes da instituição, 642 (27,69%) se autodeclaram da raça negra, com 67 (2,89%) que se autodeclararam pretos e 575 (24,80%) se autodeclararam pardos. Entende-se por integrantes os membros, servidores, estagiários e residentes do MPMT.
Entre os membros do Ministério Público do Estado de Mato Grosso, o número de promotores, promotoras, procuradores e procuradoras de Justiça que se autodeclararam da raça negra é de 96 pessoas, o que correspondente a 36,09%, sendo 92 pardos (34,58%) e 4 pretos (1,50%). O levantamento foi realizado em agosto do ano passado.
Em alusão ao mês da Consciência Negra, alunos e professores da Estadual Professora Alzira Maria da Silva, localizada em Colíder (MT), organizaram um sarau com apresentações artísticas, danças, palestras e performances no pátio da escola. A comunidade escolar realiza as atividades há doze anos.
Na edição deste ano, a escola também decidiu incluir a questão da cultura dos povos indígenas.
De acordo com o professor de História e um dos organizadores do sarau, Cláudio Scalon, o Dia da Consciência Negra não apenas celebra a luta e resistência dos afrodescendentes no Brasil. “O momento é ideal para a promoção de reflexões sobre igualdade racial e valorização da cultura, seja ela afro ou indígena”, explicou ele.
As atividades do sarau começaram no dia 13 de novembro com ações que continuaram em sala de aula até esta terça-feira (19.11). “Na verdade, é uma discussão que permeia durante todo o ano letivo. Afinal, a questão racial está presente em nosso cotidiano todos os dias”, completou Cláudio.
O diretor da escola, o professor Luiz Lopes Consone Junior, também destacou a conscientização de que a escola pertence a todas as culturas nela existentes e, seus saberes culturais compartilhados, devem partir sempre do respeito à diversidade e as diferenças.
“Há de se destacar alguns pontos relevantes da nossa programação”, acrescentou o diretor, enumerando como destaques o envolvimento dos estudantes, legitimidade, autenticidade e riqueza das manifestações culturais nas palestras interativas, danças, poemas, coreografias, mostra de artefatos e artesanato e pinturas corporais.
As ações do mês da Consciência Negra na escola tiveram apoio de interlocutores do Conselho Municipal da Promoção da Igualdade Racial, Unemat, lideranças dos povos indígenas, Funai, Instituto Amazonas e, sobremaneira, dos coordenadores pedagógicos Fabiano Joaquim da Costa, Adriana Aparecida de Carvalho Pereira e Rosa Pereira Paes, além dos demais profissionais da educação e dos estudantes.